1 - O estranho

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     A vida de estudante de uma universidade federal não é nada fácil, independente do curso, e de ser totalmente de graça, você paga com a alma, e no meu caso é quase que literalmente. Um dia qualquer eu estava no refeitório da universidade tomando café, e vi um rapaz que não pertencia aquele lugar, geralmente esse tipo de situação é vista no início do período onde sempre está cheio de calouros, o que não é o caso já que os exames finais estavam se aproximando.
     Ele estava totalmente de preto, e tinha um porte físico de um atleta em construção, suas roupas não eram tão elegantes porém eram bonitas e boas, o que mais me chamou a atenção foi o cordão em seu pescoço! De longe me pareceu uma estrela em volta de um círculo, mas não dava para ter certeza. Ao fim do meu café, me distrai no meu celular, e em questão de 15 segundos ele sumiu.
     Voltando para a aula, ouvi ou senti uma voz me dizendo - sensação que tenho desde criança e que não sei explicar - "ela vai se machucar". Parei, respirei fundo, e disse para mim mesmo.
- Calma, não é nada dessa vez!
Já na entrada do bloco H onde estava tendo aula ouvi a voz novamente "ela vai se machucar", nesse momento me preocupei, uma vez sempre posso estar enganado, mas duas vezes nunca! Corri enquanto subia a escadaria, e me deparei com Janaína, uma amiga grávida de quase nove meses, que vinha descendo as escadas.
- Para onde você vai garoto, com essa pressa toda? - perguntou ela - parece que viu um fantasma!
- E porque realmente acho que vi um - falei me recordando do rapaz no refeitório.
- É o que menino?
- Nada, esquece, e tome cuidado ao descer essa escada, você não está sozinha - sorri.
     Ao final da noite terminei minha aula, e já guardando minhas coisas para ir para casa, não pude deixar de ouvir o que estavam falando na porta da sala, Janaína havia caído da escada, e foi levada a um hospital. Fui tomando por uma sensação de desgosto que não pude explicar, sentei respirei por um minuto e ouvi outro comentário, "ela está bem". O que me deixou aliviado.
     Ao chegar na guarita da universidade já pronto para ir para casa, o mesmo rapaz estava lá, parado em pé, me olhando, sério.
- Você sabia que isso ia acontecer não é? E não fez nada! - ele disse com uma voz serena e forte ao mesmo tempo.
- Eu não sei do que você está falando e não sei quem você é, então é melhor sair da minha frente - disse eu.
- Mas eu sei o que você é, e meu Senhor também sabe. Me liga se quiser saber também.
     E me entregou um cartão preto com um pentagrama e uma cruz invertida, sem saber direito o que fazer guardei, quando o procurei ele havia sumido em meio a tantos alunos saindo apressados para suas casas.

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