A escolhida

Capítulo 20

Levanto-me da cama, ainda sonolenta, e vou para o banheiro. Everton está deitado, enrolando para se levantar. Aproveito para escovar os dentes, quando eu termino, faço um coque e entro no box do banheiro. Deixo a água morna cair e começo a me ensaboar. Vejo Cebolinha entrar no banheiro e colocar pasta em sua escova, focado no que está fazendo.

Tento concentrar em meu banho, não posso ficar encarando-o porque ele pode perceber e ficará me olhando também. Mesmo que ele já tenha me visto nua duas vezes, ainda não estou tão à vontade. Levará um tempo para eu me acostumar com isso.

Ele seca seu rosto e olha para mim, com um sorriso caloroso em seu rosto.

— É uma pena que não podemos tomar banho juntos hoje. — Comenta.

— Por quê? — Pergunto inocente.

— Porque não iríamos sair do banho tão cedo — Ele ri timidamente — E eu tenho treino...

Continuo me lavando e prestando atenção no que ele diz ao mesmo tempo. Lavo o meu rosto e quando abro os olhos, vejo meu namorado tirando sua cueca e se juntando a mim no chuveiro.

— Pensei que não poderíamos tomar banho juntos hoje. — Encaro-o sorrindo.

— Não podemos, mas eu preciso tomar banho...por ontem. — Ele sorri ao lembrar de ontem e me dá um beijo suave.

— Sem problemas, eu já terminei. Vou adiantar o café. A refeição porque eu não faço o café, mas enfim — Rio nervosa.

Ele ri de mim.

— Tá, eu não vou demorar também. — Diz.

Beijo-o e saio do box, pegando minha toalha e indo para o quarto.

Troco de roupa o mais rápido que posso e vou para a cozinha. Estou com vontade de comer panquecas, então procuro pelos ingredientes e por serem simples, Everton tinha tudo em casa.

Enquanto preparo as panquecas americanas, fico pensando em como Cebolinha vive aqui. Pelas entrevistas que vi, ele veio sozinho para Porto Alegre com 16 anos de idade e teve que amadurecer muito cedo. Pelo menos um de nós amadureceu cedo, isso é bom. Eu tive um pouco mais de dificuldade, em decidir o que eu realmente queria para a minha vida, e como faria para alcançar meus objetivos. Claro que para ele também não foi fácil, que já pensou em desistir e trocar de profissão, mas fico feliz por ele ter conseguido chegar onde chegou.

— O que você está aprontando aí? — Everton me traz de volta a realidade.

— Estou fazendo panquecas americanas. E como você é chique, tem até a calda, os morangos e o chantily.

— Ah, claro. Muito chique quem tem calda, chantily e morango — Brinca, enquanto prepara um café — Você parecia estar distraída quando cheguei na cozinha...está pensando em alguma coisa?

— Estava pensando em você. — Admito.

— Em mim?

— Sim. Em você vivendo em Porto alegre, morando sozinho desde os 16 anos. Toda a responsabilidade que vem com isso e tal.

— É, eu batalhei muito para ser quem eu sou hoje. Assim como você.

Sorrio e olho para ele.

— Você estava pensando em mim e eu estava pensando em você. — Murmura — Em ontem à noite.

Fico vermelha ao lembrar da noite passada.

— Foi tão surpreendente que nem dá para acreditar que realmente aconteceu. — Confesso. Ponho a mesa e coloco a calda nas panquecas.