Capítulo 5

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Minha entrevista estava marcada para ser as duas horas da tarde, então cheguei vinte minutos antes. A sensação de estar na Arena Corinthians é a mesma, como se fosse a primeira vez em que eu entro aqui. Um nervosismo muito grande toma conta de mim, isso é até normal porque sempre fico nervosa, principalmente nos momentos mais importantes da minha vida.

Penso sobre todas as possíveis perguntas e minhas possíveis respostas. Respiro fundo e tento manter a calma. Olho em volta e percebo que sou a única que está aguardando. Será que marcaram em horários distantes um do outro? Talvez tenha algum tipo de teste depois.

— Natacha? — Uma mulher loira e elegante, que segurava uma pasta em suas mãos, me chama. — Vamos?

— Sim. — Respondo sorrindo.

Me levanto e a sigo até o camarote da Arena. — Nunca tive a chance de entrar aqui, geralmente são pessoas famosas que ficam na área vip. — Ela abre a porta, sorrindo simpaticamente. Depois se retira, fechando a porta assim que eu entro.

— Bom dia, Natacha. Eu sou o Luciano e faço parte do RH da CBF. — Um homem de terno, que aparentava ter uns cinquenta anos, me cumprimenta de pé e estende a mão para mim.

— Bom dia. — Cumprimento-o, apertando sua mão.

— Aqui é um lugar bem inusitado para fazer uma entrevista, não é? — Comenta ele com bom humor. — Mas futebol é com a gente mesmo. Sente-se, por favor.

Faço o que ele pede e me ajeito numa cadeira em sua frente.

— Eu li a sua redação, olhei todas as fotos e vídeos de ensaios feitos por você e são ótimos materiais. Você preencheu todos os requisitos, mas preciso conhecê-la melhor. Me fale um pouco do seu conhecimento acadêmico, se tem outros cursos, se trabalha atualmente...

— Eu vim para São Paulo em 2016, fiz um curso tecnólogo de fotografia e consegui um estágio por meio do curso. Trabalhei lá até seis meses atrás e agora tenho o meu próprio estúdio, mas ainda presto serviços para eles quando necessário. Cursei publicidade e propaganda à distância e ainda curso idiomas.

— Em seu currículo diz que você é fluente em inglês e espanhol, correto?

— Sim, foram as primeiras línguas que eu estudei. Inglês eu estudo desde os onze anos, espanhol não faz tanto tempo, só uns três anos, e agora eu estou estudando francês e italiano. Ambos eu comecei a estudar no ano passado, então estou no nível básico ainda.

— Logo não será mais bilíngue. — Ele sorri. — Dominar idiomas estrangeiros é essencial para esse ramo. Principalmente quando trabalha para grandes empresas ou pretende alcançar um maior número de clientes, se tratando de fotógrafos que possuem um plano de carreira que vai além. — Comenta. — Você gosta de futebol? Acha que seria difícil fotografar os jogadores em campo?

— Eu adoro futebol, sou corinthiana desde criança, mas só passei a acompanhar todos os jogos em 2017 mais ou menos. Gosto muito de ver a seleção brasileira jogar e torço bastante. E acho que não seria difícil fotografar porque existem técnicas de fotografia, sempre escolhendo o melhor ângulo e momento certo, sem contar que hoje a tecnologia está bem avançada e tem aparelhos que tiram fotos perfeitas em movimento. — Digo calmamente, que novidade.

— Que bom. — Diz ele. — E por que a CBF deveria te contratar?

Meu Deus, me ajuda.

— Bom...porque eu uma fotógrafa muito dedicada e comprometida com o meu trabalho, tenho paixão pelo que eu faço e acredito que quando temos paixão naquilo que fazemos, ficamos motivados a trazer sempre os melhores resultados e trabalhamos com mais satisfação. Acredito que posso aprender muito com essa oportunidade única, também contribuir positivamente em algo para a CBF.

A escolhidaWhere stories live. Discover now