Ergui uma sobrancelha confusa e as peguei. Eram várias. Todas abertas, algumas até mesmo amassadas e o remetente era desconhecido.

Por que Holden não havia me entregado elas antes? Era estranho.

Eu estava intrigada. Queria lê-las ali mesmo e agora, mas seria suspeito se demorasse tempo demais ali. Guardando as cartas dentro da minha roupa, abri a última gaveta. Por sorte, seu notebook estava ali.

Quando desci outra vez, tentei agir normal ao entregar o notebook de papai, mas a tarefa pareceu impossível quando Jaebum entrou na casa, encarando-me. Desde o acontecido no hospital, um clima estranho havia surgido sobre nós.

Ele estava preocupado comigo, eu sabia, mas isso não significava que era pra tanto. Eu estava enjoada. Só isso. E provavelmente fosse pela sopa do hospital.

Além disso, aquela conversa no telefone... mesmo que eu perguntasse, o segurança não queria dizer com quem estava falando.

- Guardei o carro na garagem, senhor - Jaebum disse, cumprimentando os outros seguranças dentro da casa. Ele passou por mim e se aproximou de Holden. - Aproveitei para verificar se estava tudo bem do lado de fora e todos os outros seguranças estão em seu posto normal. Está tudo em ordem.

- Ótimo, obrigada - papai agradeceu. - Sei que seu objetivo aqui era apenas cuidar da minha filha, mas me sinto grato por ser tão atencioso.

- Cuidar da casa também significa cuidar dela - ele disse. - É apenas meu trabalho.

Por algum motivo, eu odiava quando ele dizia que isso era apenas seu trabalho. Soava como se o que nós tivéssemos não fosse nada. Que todas aquelas palavras ditas um para o outro fossem apenas meras ilusões.

Liguei a televisão para não escutar ambos conversarem e permaneci distraída nos canais de notícia. Eu estava cansada e queria subir para o meu quarto, mas soaria estranho se falasse isso justamente agora, após voltar do seu escritório. E mesmo assim o pensamento do que poderia haver dentro daquelas cartas me torturavam.

Alguns minutos passaram até que Terê chegou, nos oferecendo comida. Eu não queria, ainda estava me sentindo estranha e tudo o que eu comia parecia querer voltar, mas aceitei, com objetivo de quando terminasse, ser capaz de voltar para o meu quarto.

Assim que ela terminou de recolher as coisas, agradeci a refeição e me levantei. O papel começava a incomodar o corpo e era um alívio não ter feito barulho algum ao caminhar. Quando subi as escadas outra vez, senti o olhar de Jaebum me fitar, mas ignorei.

Retirei as cartas dentro da calça quando fechei a porta e as joguei na cama, sentando-me em seguida. Não sabia qual ler primeiro, então as organizei por datas.

A primeira, surpreendentemente, era do início de 2018, quando Sean morreu. O conteúdo não era grande, mas senti os calafrios ultrapassarem meu corpo quando comecei a lê-la. Parecia tão absurdo.

A carne que tem sangue é a injustiça escondida entre mentiras.
O coração dele parou de bater. Quem será o próximo?
A culpa é sua, querida Nalu.
- 2018.

Era impossível não saber que a mensagem era sobre meu primeiro segurança quando terminei de ler. Era a mesma data, como se tivesse sido premeditado. Mas sua morte não havia sido um assalto? Era o que a polícia tinha dito.

Meu coração estava acelerado naquele momento, mas eu não podia parar ali. Era apenas a primeira carta e eu precisava ler o restante delas. Qual era o segredo referido ali? Seria sobre Holden? Sobre a polícia? E por que a culpa era minha?

Soube que não recebeu minha primeira mensagem e é provável que não receba essa segunda também. Mas não sou o tipo de pessoa que desiste fácil, apesar de você não saber minha verdadeira identidade. É uma pena. Estou aguardando, Nalu. O momento em que ele irá falhar. E vou tomar tudo.
- 2018.

Estava prestes a abrir a terceira carta, quando as batidas vinda da porta me assustaram. Jogando todos aqueles papéis embaixo do travesseiro, rapidamente, virei a tempo o suficiente de Jaebum abrir a porta e entrar, calmo como sempre.

- O que estava fazendo? - ele perguntou, desconfiado.

- Nada demais, por quê?

- Nós podemos conversar sobre o que aconteceu no hospital?

Mesmo que eu quisesse dizer não, isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde. E mesmo que eu quisesse adiar e terminar de ler as cartas primeiro, Jaebum era mais importante que isso.

- Claro. Nós podemos.

O segurança se aproximou, sentando-se na beirada da cama e me encarou.

- Por que não quis fazer o exame?

- De gravidez? Fala sério, amigão, eu não estou grávida.

- Então o que foi aquilo de repente?

- Um enjoo? Qualquer pessoa pode ter isso, sabe, é normal.

- Mesmo depois do que fizemos?

- Mesmo depois do que fizemos - confirmei, encarando-o.

Transar sem camisinha certamente era uma coisa que aprendi desde muito cedo que não deveria ser feita deliberadamente. Ainda assim, a teimosia havia sido mais forte, junto ao calor do momento. Mas eu não estava grávida. Não mesmo. E mesmo que fosse verdade, era cedo demais pra sabermos disso.

- Ainda assim, nós precisamos ter certeza disso.

- Certo, mas não é o momento.

- Por que não?

- Ainda está cedo, sabe? Isso aconteceu há alguns dias, precisamos esperar um pouco mais.

Para ser sincera, eu não queria fazer qualquer teste ou ir a um hospital. Mas queria tranquilizar Jaebum e me tranquilizar também. Na próxima vez, certamente usaria a droga de um preservativo.

- Quanto tempo?

- Algumas semanas, talvez?

- Tudo bem - ele acenou, tocando meu rosto suavemente. - Mas e se continuar sentido os enjoos?

- Então eu vou entrar em desespero e torcer pra não estar grávida.

- Parece que você estava falando sério, hein? - ele alargou o sorriso.

- Sobre o quê?

- Ter um filho meu, não lembra?

Involuntariamente, a frase veio em minha mente, fazendo-me querer soltar uma risada:"Você não sendo o pai da criança, por mim tudo bem".

E mesmo tendo dito aquilo, a verdade é que ele seria sim, um ótimo pai. Jaebum era atencioso, amável e conseguia ser divertido quando desejava. Até mesmo seu jeito centrado não seria um problema para a criança.

Mas por que eu estava pensando sobre isso de repente?

Eu não queria ter um filho. Nunca quis.

E ainda a possibilidade parecia tão tentadora quando se tratava dele.

- Você não vai me contar sobre a chamada, não é? - eu perguntei, mudando de assunto. 

Jaebum apenas negou.

- Confia em mim?

- É claro.

- Então é melhor assim.

Olhando-o, emiti um pequeno sorriso triste.

Odiava os segredos, mas não podia fazer nada.

- Sabe, mas seria divertido - Jaebum retrucou.

Abri minha boca para perguntar o quê, mas senti quando ele tocou minha barriga, fazendo cócegas na mesma. Então remexi meu corpo, caindo na cama e rindo. Foi quando o segurança ficou por cima de mim e me encarou, sorrindo. Minha respiração era ofegante por causa da risada e antes de me beijar, ele disse:

- Uma criança.

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Desculpem os erros e espero que tenham gostado do capítulo!

Amo vocês!

New security ❄ Im JaebumWhere stories live. Discover now