Âncora

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  Há dias que a maré não se acalma dentro de mim, mas não quero acionar o alarme vermelho. Não quero que me resgatem, porque me enchem de esperanças, mas no fim eu sou apenas a âncora emocional que os afunda junto comigo, nessas águas escuras, nesses mares agitados.
  Tentei sorrir em frente ao espelho, mas o sorriso era triste como meus olhos. Não estou no meu melhor momento para os convencer, de que eu estou bem revisitando a superfície mais uma vez, porque não estou. Pois todas as vezes que eu retorno ao topo, estrago tudo e é difícil conserta-las, até que fiquem como eram, já que nada é o mesmo depois que se quebra, igual ninguém é o mesmo quando se afoga pela primeira vez, pela á própria âncora.
   Não queria ser este caos em que sou, uma hora bem e na outra sufocando com os próprios pensamentos. Minha vida se resume a esta instabilidade, mas temo em  um dia me perder na escuridão sem saber por onde voltar para luz. Temo que o mar nunca se acalme, e eu por si só, de uma vez me afogue. Pois não me vejo fazendo bem para alguém, não vejo que sou motivo para que se lembrem de mim, não vejo que as pessoas que participam deste mesmo mar, se sintam tão insignificantes quanto a mim. Talvez elas tenham esperanças, mas o peso desta âncora nos meus pés, apenas me lembram que eu há muito tempo, já desisti.

Versos de um universo Esquecido | ✓Where stories live. Discover now