Versos de um universo Esquecido | ✓

Noite

  A espreita da escuridão em cada canto da casa, faz com que meus suspiros de cansaço fiquem cada vez mais altos. Eu poderia estar sorrindo, sobre algo do meu dia, todos poderiam na verdade, mas não estou por não ter nada á que comemorar. Às vezes quando percebemos que estamos sozinhos consigo mesmos, e um desespero nós atinge, como se estivesse uma bomba de sentimentos prestes a explodir dentro de nós.
  As palavras sábias de Stephen King, entram na minha mente "A vida era um disco, cuja única tarefa é girar, e que sempre voltará no início." Isso foi capaz de me tirar o sono. Me fazendo lembrar das pessoas. Nas pessoas que pensam que eu sou forte, por causa das minhas palavras, porém, na verdade eu não sou. Sou o contrário disso tudo. Sou uma covarde. Sou alguém que falta uma parte. Eu não sou de verdade. Às vezes meus atos, são mais mentirosos que minhas próprias palavras, para que eu consiga de alguma forma afastar as coisas ruins que podem acontecer, e evitar as perguntas banais que muitas vezes não levam a nada. Eu ando me perguntando desde que comecei a pensar: "se sentir cada vez mais perto do início, significava estar mais perto do fim?" E tentar adivinhar a resposta me desperta certo medo. Medo do início e não do fim, porquê algo em mim muitas vezes súplica para um ponto final em minha história. Embora muitos digam que eu estou melhor aqui, com eles, com elas, mas se esquecem que eu também estarei comigo e o quanto isso pode ser perigoso.
  O final é uma aberração para os festeiros, viajantes, os amantes, pessoas que sabem aproveitar a vida na medida do possível, mas está noite percebi que não me encaixo nesse padrão, não mais. Se é que algum dia me encaixei ou apenas fui mero fingimento em vida.
  As pessoas dizem que um ponto final, é necessário para recomeçar do zero. Deixar tudo para trás, até mesmo nós mesmo, e quem éramos. De certa forma estão certos, porém, as vezes o início é uma nova oportunidade de tudo dar errado de novo, com um destino desconhecido, – eu sou uma covarde – e tenho medo do desconhecido... e mais medo ainda daquilo que sei que pode me matar tão cruelmente, que minh'alma se tornaria inexistente apenas para não ver aquela cena, – a cena do início – que faz com que todos meus contos de fadas vão a beira a baixo, como se nunca tivessem sido alguma coisa, apenas algo que pensei. Mas na verdade eu havia planejado e mesmo assim o recomeço ficou ao lado do desastre, invez de ficar do meu lado.
  As noites se tornam sombrias, para aqueles que acreditam que não haverá amanhã, para aqueles que sentiram a dor de ter existido o hoje, e a mágoa por ter lembrado de ontem.
  As noites ficam incertas para aqueles que se desesperam em meio a sentimentos confusos e dolorosos. E por já não resistirem, com uma só lâmina levada a alguma parte do corpo, faz com que o novo machucado silencie a dor que gritava dentro de si e agora seja arrancada para fora de ti. A noite não parece mais real, para aqueles que não entendem o verdadeiro motivo de estar aqui. Porque na verdade todos nós estamos sofrendo, todos nós estamos morrendo, aos poucos, bem lentamente de diferentes razões e as pessoas ao arredor não compreendem, simplesmente não entendem, o quanto alguns estão deixando de existir enquanto pisam no chão.
  Estamos perdidos nesse universo esquecido, mas na verdade, por mais que a realidade apenas bata com a maturidade, nós estávamos condenados desde o dia do nosso nascimento, quando entramos no mundo no qual um dia seremos esquecidos. Estamos todos em um disco, onde nossos pesadelos que sorriem no final.