Collins

Capítulo 29

Empurro a porta da sala de Bennett, sorrindo maldosamente quando a mesma se encontra vazia.
Isso só facilita tudo.
Kevin e Jasom ficam na entrada, vigiando caso o nosso amado diretor resolva aparecer. Me sento na cadeira, encostando no couro estranhamente escorregadio e apertando o botão do microfone principal.
- E aí galera ? Sei que após a saída da quinta aula todos vocês perceberam que fomos alvos de uma sacanagem feita pelos Southern Wolves e que nossa escola está manchada pelo verde que não nos pertence. Vim pedir a todos vocês, pedir a todos os Lions presentes que nos ajudem a mostrar a esses porcos sujos quem somos. Mostrar a todos eles que os Gold Lions nunca se rebaixam a uma brincadeirinha de merda e eu prometo, que se me ajudarem, se nos ajudarem a devolverem a nossas cores a nossa escola que esses filhos da puta vão ter a maior decepção da vida deles nessa noite, vão ser derrotados no único local em que já tiveram um momento de glória. Eles vão perder o único espaço que tem nessa cidade.
Desligo o microfone, recebendo um olhar cúmplice dos meus colegas antes de me desgrudar da cadeira e sair correndo da sala.
- agora vamos limpar essa merda.
Pás, vassouras, sacos de lixo e muitas, mas muitas mãos estão sendo usadas para limpar a escola. Largamos nosso último treino de lado para dar aos malditos Wolves o que merecem. Eu e os caras ficamos responsáveis pelo ginásio, tirando os rolos e mais rolos de papel higiênico tingido de verde do teto e das arquibancadas.
- hey Grayson. - a voz de Brandon me faz parar de pegar o papel e me virar para trás. 
- já estava na hora de você aparecer cara. - sorrio, enxugando a testa com a manga da camisa.
- e eu não vim sozinho.
As portas duplas se abrem e os cabelos ruivos que tanto amo passam pela porta acompanhada por Sam, ambos seguram alguns enfeites vermelhos e dourados nas mãos e sacos de bexigas.
- soube que você precisava de ajuda, então ... Eu vim.
Isso é bom ...
Mas eu queria que você tivesse vindo por outro motivo.
- eu agradeço por isso. - pego em uma de suas mãos, a puxando para perto.
- vamos deixar esse lugar digno de nunca ser esquecido.
Ah se vamos !

A música toca alta, em todo o campus não existe mais um papel sequer com a cor verde nele. Bandeiras, balões, cartazes e logos da escola estão espalhados por todo o local o que me deixa orgulhoso da união da escola em uma situação que poderia nos envergonhar em frente aos espectadores do jogo. Agora, vestindo meu uniforme do time deixo com que toda a audácia presente em meu sangue flua para o resto do corpo.
Esses malditos não deveriam ter feito isso.
- junta aí time. - coloco um dos pés em cima do banco, amarrando o cadarço antes de erguer a cabeça para olhar no rosto de todos eles. - nao quero ver ninguém aqui comentendo faltas para machucar aqueles imbecis, vamos mostrar aos caras que estarão na platéia que somos bons no que fazemos sem ter que levar questões idiotas para a quadra. Eles invadiram nossa escola, a deixaram um verdadeiro chiqueiro para tentar nos deixar sensíveis mas eles não sabem que apenas jogaram mais gasolina no fogo. O futuro de vocês está nas mãos daqueles olheiros e eu sei, eu sei que nós vamos vencer aqueles filhos da puta fácil. Então, não quebrem ossos, não xinguem e nem tentem derrubá-los no chão. Os Southern Wolves nunca mais vão nos desafiar depois desse jogo.
Ninguém mais vai.
O olhar de todos eles passam determinação, sei que atingi seus pontos fracos quando citei os olheiros e eu confio no meu time para conseguirmos fazer um jogo limpo, não nos deixar abalar pela porra da brincadeira.
Saímos juntos do vestiário, andando normalmente até o centro da quadra e recebendo os gritos da arquibancada.
- Lions ! Lions ! Lions !
Levantamos os braços, absorvendo toda a energia que flui através desses gritos, através dos aplausos.
Porra !
Isso é tão bom !
Me viro rápido, sorrindo mais ainda ao ver os desgraçados de ver e preto entrando na nossa quadra confusos por tudo estar tão arrumado. Tenho certeza de que eles não achavam que fossemos conseguir arrumar tudo em tão pouco tempo ... Mas vocês se enganaram !
Frente a frente, olhos nos olhos !
É assim que nos encontramos até um dos juízes vir até nosso meio e anunciar o início do jogo.
- sua casa com as minhas cores ficou muito mais acolhedora Grayson.
O tal de Hank comenta, o cara que consegue ter o ego maior do que o topete ridículo em seu cabelo.
- minha casa, minhas cores, minha quadra. Vou te fazer abaixar essa crista de uma forma que você nunca mais vai esquecer, eu poderia simplesmente quebrar a sua cara agora mas prefiro tirar algo importante para você.
- que seria ? - ele está zombando, alimentando a raiva do meu time contra ele.
- seu título de merda. - seu olhar vacila, caindo para o chão antes de tomar coragem e me encarar de novo.- nós vamos acabar com vocês, tomar seu troféu e deixar bem claro que aquela invasão não vai ficar barata. Se prepara imbecil e de adeus ao seus dias de glória.
Me afasto, dando espaço para que sei time pelo menos tenha o gosto de dominar a bola nos primeiros segundos do jogo. Daniel e Kevin se colocam em suas positivas, deixando Jason e Brandon nas laterais e enfim, eu no meio. Antes do apito soar olho para a arquibancada, procurando a ruiva para ao menos obter sorte nessa batalha. Os olhos dela estão em mim, as mãos acariciando a nuca desprotegida pelo cabelo e os óculos ajeitados no rosto. O coque mal feito no topo da cabeça deixa alguns fios soltos em seu rosto. Mia está tranquila, está confiando em nossa capacidade mais uma vez de vencer esse jogo.
Não só ela... Mas a escola toda.
E nós vamos ganhar.
A bola é lançada ao ar, Hank consegue a pegar logo por Daniel e Kevin estarem cientes de nosso plano. Os primeiros quinze segundos com a posse de bola dão a eles uma certa ilusão de que poderão dominar o jogo,  então decidimos deixá-los com a posse de bola no primeiro tempo, enganar não só os Wolves mas a todos. E depois, cair matando e fazer quantos pontos conseguirmos nos três tempos restantes.
Cestas, faltas, empurrões e tapas. Tudo isso aumentou as chamas da fogueira e nós, em dez segundos de intervalo exigido pelo Martin, decidimos acabar com a ilusão deles antes do tempo premeditado. Foram só quinze contra sete pontos no primeiro tempo para eles, mas foram cento e três contra setenta no terceiro tempo para nós. Agora, a exatos trinta segundos do final do quarto tempo Martin nos fez parar novamente.
- quero que vocês vão lá e marquem esses desgraçados, não os deixem sequer chegar perto do garrafão. Os deixem perdidos ao ponto de não conseguirem tocar mais na bola, esse maricas precisam aprender que não se ganha um jogo a base da brincadeira, se ganha um jogo a base da raça, da força e da técnica. Vão !
Entramos em quadra novamente, os olhos cheios de sangue para finalizarmos de vez esse jogo. O lado esquerdo da arquibancada está absurdamente enfurecido, os próprios  alunos vertidos com o verde e preto desencantados com o time que tanto os dava alegria.
Eu não queria que fosse assim, mas eles não nos deram opção.
Vinte segundos para o final e Hank soltou um grunido quando tomei a bola de suas mãos, a jogando para Brandon e vendo o mesmo fazer uma cesta de dois pontos.
Dez segundos e nós conseguimos fazer mais três pontos, arrancando caretas engraçadas dos Wolves.
Quando o tempo zera e as bexigas explodem, jogando papéis da cor da nossa casa em toda a quadra nós gritamos, gritamos tão alto que penso que meus pulmões podem explodir a qualquer momento.
- é isso que vocês merecem por ter vandalizado nossa escola, a derrota amarga e um grande prato de raiva por parte da sua torcida. Fiquem a vontade para ir embora.
Ver o velho Martin pulando com todo o seu entusiasmo é realmente estranho, mas não o culpo. Martin imaginava que nós estaríamos com a pressão dos olheiros nos ombros, mas acabou que deveríamos agradecer por terem feito aquela maldita brincadeira. Nós acabamos esquecendo do fato principal que deveria nos fazer jogar bem e apenas nos ficamos em ferrar com o orgulho daqueles idiotas.
No final o mal veio para o bem.
- hey Andrew ! - o grito dela chega em meus ouvidos.
Braços são colocados ao redor do meu pescoço, o cheiro maravilhoso de lavanda invadindo minhas vias respiratórias.
- foi um belo jogo. - sua voz sussurrada em meu ouvido me causa calafrios.
- eu tenho um bom time. - digo baixo, apreciando cada segundo de ter ela em meus braços.
- eles tem sorte em ter você como líder.

Eu tenho sorte de ainda conseguir te ter perto de mim.