Capítulo 10 - Encarando o Passado

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Arco I: Rapina


Vultress seguiu em ritmo acelerado e encontrou uma grande porta de aço mantida por um controle de acesso holográfico, mas ela não se importou em checar, empurrou a maçaneta e a mesma estava destrancada. Ao entrar na antessala vazia, se surpreendeu ao encontrar um local parecido com uma sala de espera de um hospital de luxo.

― Hmmm... bem bonito aqui, bom pra pegar fogo. ― Disse para si mesma com um ar de elegância enquanto coçava o queixo.

Só havia mais algumas levas de explosivos e eles tinham como objetivo destruir as amostras que a mercenária não conseguisse levar consigo. Mas Cassandra julgava o local exageradamente pomposo, uma arquitetura típica da Anchieta System, e isso não a agradava nem um pouco. Ela sabia que estaria fazendo aquilo por puro capricho, mas não se aguentou, acabou decidindo por implantar pelo menos um explosivo ali. Sorriu travessamente enquanto ocultava o pequeno dispositivo entre as almofadas do sofá.

O dispositivo Holodata em seu punho seria capaz de acioná-los um por um ou todos de uma vez à sua escolha. Haveria um curto espaço de tempo antes das explosões, momento em que ela já deveria estar fora do prédio e distante da área de perigo.

Sua ansiedade apitou ao olhar para a interface do Holodata, já imaginando ativá-lo sem querer por algum motivo. Travou então o botão digital e apagou a tela holográfica temporariamente. Ao atravessar enfim a antessala, Cassandra pegou sua mochila de volta e expandiu-a ao máximo, buscaria levar quantas amostras coubessem. Por sorte, lembrou ela, o Imperium era normalmente levado em pequenas amostras pré-refinadas. Prontas para serem usadas em pesquisas laboratoriais ou experiências mais complexas, como sabia bem. Ela seria a melhor escolha para transportá-los até algum local seguro.

Vultress pôs a mão na maçaneta da porta, mas hesitou por alguns segundos. Aquele era um elemento extremamente raro e perigoso, e sua sala-cofre não possuía nenhuma vigília, isso era realmente estranho. Ela imaginou que os objetos estariam realmente bem guardados e escondidos, longe de mãos estranhas, mas a antessala prévia parecia feita para receber pessoas de alto escalão e não seguranças, soldados ou cientistas.

Pelo que lembrava, não era aconselhável uma pessoa normal se aproximar ou manusear o Imperium, e até mesmo ela, que já tinha uma certa resistência às suas propriedades indutivas podia ser afetada de alguma forma durante um período de exposição prolongado. Por isso a estrutura do ambiente e a falta de monitoramento constante a incomodavam intimamente. César, porém, havia lhe confiado que o caminho estava seguro, então não deveria haver com o que se preocupar, pelo menos até chegar lá.

Recordar-se daquela descrição fez com que a dor de cabeça começasse a despontar novamente, junto com ela surgia novamente o calafrio na espinha. Por algum motivo sentia-se estranha e vulnerável. Esperava que fosse somente pela lembrança, mas algo lhe dizia que não.

Ao empurrar a porta, Vultress sentiu uma brisa soprar no aposento fechado e fazer seus cabelos esvoaçarem levemente. Uma lufada de vento coberta de palavras quebradas e significados confusos que remetiam à agonia, ao arrependimento e à curiosidade.

Quase que claramente ela sentiu que caminhava para a origem do problema, mas não conseguiu evitar. A mesma coisa que a repulsava também cativava seu interesse. Engoliu em seco, as pontadas na cabeça acompanhavam seus batimentos cardíacos. Atravessou a porta e adentrou no novo local esperando o pior.

Mas a princípio era mais um corredor com salas envidraçadas, comprido e bem iluminado, tal qual os que passara antes. Uma porta dupla destacava-se ao final do caminho e outra na transversal. Apesar do sentimento de urgência constante em seu âmago, o local estava vazio e aparentemente seguro. Parecia realmente não haver com o que se preocupar.

Vultress: A Salteadora de Fissuras [Arco I: Rapina]حيث تعيش القصص. اكتشف الآن