Capítulo 11 - Último (Epílogo)

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— Não acredito nessa transformação. Você está tão diferente! E não posso acreditar que você está mesmo se mudando para a Grécia!
— Por que não? A história da Grécia sempre foi minha paixão. Não sei por que não fiz antes. — Tenten cambaleava sob o peso de caixas de livros que carregava para o sótão. — Esta é a última e eu preciso ficar pronta, mãe. Vou sair à noite.
— Mais uma daquelas palestras no museu com uma, daqueles professores chatos com quem você insiste em andar?
— Não. Vou à estréia de uma peça no Aldwych. — Sozinha, mas sua mãe não precisava saber.

Desde que voltara de Creta e começara a sair mais, tivera muitos convites de homens, mas achara impossível dizer sim. Até que seu divórcio saísse, não iria namorar ninguém e, de qualquer maneira, nenhum deles era Neji. Ele deixava todos os homens no chinelo.
A mãe franziu a testa.

— Você está diferente. Qual o sentido em usar brilho nos lábios quando Neji nem está aqui para ver?
— Gosto de usar brilho e não estou fazendo por ele, estou fazendo por mim. — Tenten entrou na sala de estar e pegou o resto de suas coisas. — É quem eu sou.
— Bem, tenho de admitir que você está melhor, embora nunca vá chegar aos pés de Yukata, claro.
— E nem quero. Eu sou eu, mãe. E tenho orgulho de mim mesma.

A mãe pareceu surpresa.

— Bem, é claro que você sempre foi a inteligente, mas Yukata..
— Yukata está morta, mãe! Sinto falta dela e sempre sentirei. Mas temos de continuar nossas vidas. — Tenten olhou para seu relógio. — Vou para o aeroporto direto do teatro. Assim que estiver organizada na Grécia, mando o endereço.
— Loucura. — A mãe franziu a testa. — Você não encontrou nem um emprego.
— Tenho excelentes qualificações e falo grego fluentemente. Vou encontrar um emprego quando estiver pronta.
— Nunca vou entender você, Tenten.

Tenten colocou a bolsa no ombro.

— Não, não vai. Mas não importa. Estou acostumada e gosto de quem sou. Cuide-se.

Ela gostou da peça e, assim que terminou, saiu na direção das ruas úmidas de Londres com o resto da multidão, todos ansiosos para chegarem ao próximo destino. Restaurantes. Casa.
Grécia.
Por um instante, sentiu uma dor no coração que chegou perto da agonia. Algum dia seria mais fácil? Ela conseguiria esquecê-lo?
Recusando-se a ficar taciturna, fez sinal para um táxi que passava, mas antes que o motorista pudesse parar, uma limusine preta estacionou no meio-fio.
Uma porta se abriu e Neji desceu.
O que ele estava fazendo ali?
O coração dela saltou de excitação, mas depois usou a lógica para controlar a suposição inteiramente tola de que ele viajara apenas para vê-la.

— O que está fazendo aqui, Neji? — Ela deu o que esperou que fosse um sorriso casual. — Mais reuniões de trabalho?
— Estou fechando um negócio muito importante.

Ela assentiu. Era claro que estava.

— Espero que tenha ido bem.
— As negociações estão só começando. — Ele parecia extraordinariamente tenso. — Entre no carro, Tenten.
— Desculpe? — Havia algo nos olhos dele que fez seu coração palpitar. — Não posso ir a lugar algum com você. Meu vôo parte em duas horas.
— Levo você para o aeroporto. — Ele fechou os dedos fortes em volta da cintura dela e guiou-a até o carro sem dar-lhe chance para argumentar. — Para onde vai, Tenten?

Ficar em um espaço tão confinado com ele era uma tortura.

— Grécia. — Por que não dizer a verdade?
— Você amou o meu país?
— Claro. Não sei por que não fui para lá antes. Para começar, serão umas férias esticadas; vou ser voluntária em uma escavação. Mas espero encontrar um emprego fixo.
— Por que saiu de Creta sem dizer adeus?

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