volta

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voltas são sempre um deleito do pensamento na experiência
um olhar crítico ao que se aposenta
um altar ao que está por vir
e agradecimentos pela lei natural que acrescenta
em nossas vidas, representa
saudades mútuas e sedentas
pelo o que ainda há de vir.
as montanhas que correm por mim me dizem a direção de casa.
ir faz parte da viagem
porque tem de acontecer

repouso meu corpo cansado em teu corpo gelado
e então sinto o levitar dos anjos caídos
mas sabe-se que ate o fogo mais bruto apaga
e até o mais pecador merece respaldo
sendo assim, deleito minha escuridão
e espero que teu fogo me queime.

outra curva, percebo que meus devaneios novamente me levaram pra longe
sigo sentindo a melancolia da volta
como pude ser tão leviana?
ser cigana e não Maria?

para mim, simplicidade brilha
mas pude então sentir a dor dos meus excessos
por tão longe ir, meus pés calejados queimam
minhas maos por tanto gritar, reinam
e mesmo assim detenham-se
pois caladas não ficarão.

quem sabe ainda não me encontro numa noite mal dormida
talvez ainda tenha um pouco de mim nessa carne corrompida
de alguma forma sei que minha alma é colorida mas o tempo padece e corrompe todo o croma dessa vida
quem sabe ainda consiga respirar quando o sol nascer
eu só queria que parasse de doer
e toda luz que um dia vi, volte ao entardecer
certo dia uma senhora me disse que todo tempo é válido, mas passa rápido
que inveja é mato
amor naufrágio
e minha fala puro plágio
das coisas que absorvi no alto
me disse que vale a pena lutar, me pediu pro misticismo não largar, pois meu andar é levitar
choro versos para não me pesar.

outrora penseiOnde histórias criam vida. Descubra agora