Capítulo 6

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Sozinho em sua ponte de comando, o capitão Aquiles, sentado na cadeira central, ergueu os olhos quando ele mesmo abriu o canal de comunicação, atendendo a um chamado da coletividade.

A imagem que surgiu estava dividida em duas, sendo uma delas do capitão Nemo e a outra de Loquaz, de modo que os três poderiam conversar.

Foi o porta-voz dos Borgs quem tomou a iniciativa, dizendo:

— Meus capitães, vou informar-lhes as decisões que tomamos em nossa consciência coletiva, para que possamos prosseguir nosso plano de ajudar os frágeis humanos a terem uma vida isenta de sofrimentos.

Imóveis, os androides apenas ouviram.

— Todos sabemos que a tecnologia do Escudo de Teleporte Reverso, quando assimilada, será um fator que nos levará a expandir a condição Borg a todas as criaturas vivas da Galáxia, porque nossas naves se tornarão imbatíveis à resistência irracional que opõem contra nós.

— Infelizmente — replicou Nemo —, não possuímos o conhecimento da tecnologia.

— Estamos cientes — continuou Loquaz. — Porém temos esperança de entender como pode ser formado um campo permanente de teleporte reverso, se estudarmos suas naves.

Foi a vez de Aquiles explicar.

— Mas nenhum Borg ou parte dele pode entrar em uma Spiritus. Isto faz parte de nossa programação, e é algo contra o qual não podemos nos opor, apesar de nosso desejo de acelerar o processo de assimilação de humanos e humanoides.

— Sim! Também estamos cientes disto, capitães... Porém, acreditamos que vocês possam ser reprogramados, para o bem dos humanos.

Ambos os androides calcularam a possibilidade, e chegaram à mesma conclusão, porém foi Nemo quem a verbalizou.

— Não sabemos que resultado pode ter uma alteração dessas no cérebro positrônico...

— Pode levá-lo à destruição, na pior das hipóteses — concluiu Aquiles.

Loquaz já esperava por aquela reação, e o seu conhecimento das Leis da Robótica o levou a argumentar com toda a sutileza que a sua falsidade conseguia:

— Mas vocês, androides, devem correr o risco... Lembrem-se que a sua omissão pode ser culpada por estender o sofrimento dos humanos. Afinal, o que é mais precioso, a sua existência, ou uma vida humana?

Sem precisar pensar duas vezes, Aquiles respondeu:

— Qualquer androide daria a própria existência para salvar uma pessoa. Isto faz parte da Primeira Lei, que é mais forte do que a Terceira. É baseado nela que estou disposto a correr o risco de uma reprogramação.

— Faço minhas as palavras do capitão Aquiles — Nemo completou. — Assim que a Quarta Lei dos AQLES for abolida, a coletividade terá acesso à Ulisses, para estudá-la e assimilar o sistema ETR.

— Excelente! — falou Loquaz passando sua língua azulada nos lábios. — Podemos começar agora mesmo!

— Sim, podemos — disse Aquiles —, mas não nos esqueçamos dos humanos a bordo desta nave. Quero que eles façam parte da coletividade porque não me agrada saber que minha tripulação corre riscos de sofrer algum mal na condição em que se encontram.

— Certamente serão assimilados — comentou o porta-voz, impaciente pelo detalhismo das máquinas pensantes. — Envie-os para nós, pois não podemos ainda entrar em sua nave.

— Acho que o ideal é fazermos as duas coisas ao mesmo tempo: a reprogramação e a assimilação — sugeriu Aquiles. — Tenho pessoas de grande valor em minha tripulação, e notei que os trabalhos em Horusini estão caminhando lentamente, devido ao número pequeno de Borgs em relação ao desmanche das estruturas úteis da cidade capital. São necessários mais trabalhadores lá. Por isto sugiro que minha tripulação seja levada até o planeta, onde será assimilada, e lá igualmente o capitão Nemo e eu seremos reprogramados.

— Não desperdicemos tempo! — exclamou Loquaz, e seu olho laser aumentou em intensidade. — Vamos nos encontrar os três ao pátio do palácio central, em Hórus, imediatamente!

— Estamos combinados — concluiu Nemo.

— Lá estaremos — disse o capitão Aquiles com um sorriso de androide.

STAR TREK: SÉRIE SPIRITUS - Ep. 3 - Choque de TitãsWhere stories live. Discover now