Capítulo 12

96 8 0
                                    


Ramon

Eu não estava preparado pra essa notícia. Pra falar a verdade, ela nem havia passado pela minha cabeça. A Lívia estava cuidando da Joana, não havia com o que se preocupar. Mas, aparentemente, eu estava totalmente enganado.

Eu amo a Joana, aprendi a respeitá-la ainda criança, e agora que fazíamos parte da mesma família, meu respeito havia aumentado. Ela passou por tanta coisa e continuava a mesma de sempre, na medida do possível. Uma mãe incrível, amorosa e que dava tudo que as filhas precisavam.

Não que morar com ela fosse ser a pior experiência da minha vida, mas ela não estava nos planos que eu estava traçando. Por não termos tido lua de mel, eu estava organizando uma viagem pra Suíça, que aconteceria em duas semanas, e eu estava completamente certo que a Vitória adoraria.

Fui tirado de meus devaneios com a voz da Vitória falando meu nome.

- Oi – respondi.

- Você não quer que ela more com a gente? – ela perguntou baixinho com um leve tom de tristeza. Respirei fundo antes de responder.

- Não é isso. É que eu estava planejando algumas coisas e, se, ela for morar com a gente não vai poder acontecer.

Escutei sua respiração do outro lado da linha. Percebi que ela estava andando, provavelmente saindo de onde estava por conta da Lívia.

- Me desculpa! – ela disse suspirando – Eu não queria acabar com seus planos. Mas é muito importante pra mim que ela passe algum tempo com a gente. A Lívia não está cuidando muito bem dela, e eu fico preocupada.

- Eu entendo completamente. Se você quiser a gente pode contratar uma enfermeira...

- Não! – ela me cortou – Eu não quero que você gaste mais dinheiro por causa de mim e da minha família.

Eu não queria ter toda aquela discussão de usar o dinheiro com ela. Passei a mão pelos cabelos e pelo rosto tentando espantar o mau humor que batia na porta querendo entrar. Só que ele já havia entrado, sem a minha permissão.

- Tudo bem, Vitória. Faz o que você achar melhor, – respondi um pouco ríspido – quando decidir me avisa, ok? – Não esperei sua resposta e desliguei o telefone.

Encarei o notebook a minha frente e o fechei. Não estava mais com cabeça pra trabalhar. Precisava esvaziar a cabeça. Minha primeira opção seria ir pra casa, mas lá eu provavelmente daria de cara com a causa da minha irritabilidade.

Abaixei a cabeça apoiando-a em minhas mãos que estavam sobre a mesa. Respirei fundo, buscando no ar algo que me acalmasse, que me fizesse enxergar tudo pela perspectiva dela, mas não funcionou. Quando me levantei decidido a dirigir pra qualquer lugar apenas pra esvaziar a mente, meu pai abriu a porta da minha sala.

- Que cara é essa? Acordou com o pé esquerdo hoje? – ele disse enquanto fechava a porta e se encaminhava em minha direção.

- Você está ocupado? – perguntei enquanto o encarava.

- Não. Vim te chamar pra almoçarmos – ele respondeu preocupado.

- Ótimo! – respondi enquanto pegava minhas chaves e abria a porta da sala.

- Espera! Pra onde você vai? – ele perguntou curioso.

- Pra onde nós vamos o senhor quer dizer, né? – retruquei.

Ele ficou parado no meio da sala de braços cruzados e a sobrancelha esquerda levantada, me questionando sem nada dizer.

- Vamos, pai! Só preciso esfriar a cabeça e o senhor pode me ajudar com isso.

- Pra onde nós vamos? – ele perguntou parado do mesmo jeito.

- Teresópolis – respondi.

- Como assim? E a Vitória? – ele perguntou se aproximando de mim – Aconteceu alguma coisa? – ele questionou colocando a mão em meu ombro.

- No caminho te explico, pai. – disse enquanto pegava sua mão e o puxava para fora da sala.

A propostaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora