Capítulo 5

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Vitória

Os poucos segundos entre a cadeira que eu estava sentada e a porta do quarto de minha mãe foram o suficiente pra eu orar pedindo a Deus que a Lívia não tivesse contado nada. O Ramon percebeu meu nervosismo e me impediu de abrir a porta do quarto. Ele segurou a minha mão e disse:

- Ei, fica calma! Respira! – ele gesticulou e respirou pelo nariz e soltou pela boca, pra que eu o acompanhasse. E assim eu fiz. – Não precisa sofrer por antecedência, talvez ela nem tenha falado nada.

Eu queria acreditar nele. Eu realmente queria. Mas depois do que ela havia dito pra mim mais cedo, eu tinha minhas dúvidas. Minha irmã sempre quis me proteger demais das coisas, e eu acreditava que ela tinha medo de que alguma coisa acontecesse comigo. Ela não nutria bons sentimentos pelo Ramon, e queria que todos tivéssemos o mesmo sentimento. Infelizmente, pra ela, isso não acontecia.

- Eu sei. – suspirei – Vamos descobrir logo.

Abri a porta e dei de cara com um sorriso da minha mãe. Aquilo fez todos os pensamentos ruins sumirem. Ver a minha mãe bem era o meu maior objetivo. Se eu tivesse como voltar no tempo, escolheria fazer tudo de novo. Sorri de volta pra ela e vi seu olhar mudar de foco quando a porta do quarto bateu. Ela olhou pro Ramon e o presenteou com o mesmo sorriso. Ela bateu no espaço vazio a seu lado na cama e pediu que nos aproximássemos. Me sentei a seu lado na cama, ficando de costas para o Ramon, mas senti quando ele se aproximou.

- Como está se sentindo? – perguntei apertando com carinho a mão da minha mãe.

- Eu estou me sentindo muito bem. Achei que sentiria muitas dores, mas as enfermeiras e os médicos são muito dedicados. Estão sempre perguntando como estou me sentindo e oferecendo formas de fazer com que me sinta melhor. – Ela voltou seu olhar para o Ramon – Obrigada por ter me ajudado. Não tenho palavras pra descrever a minha gratidão, e nem sei como retribuir.

Olhei pra trás e vi a emoção estampada no rosto dele. Ele olhava com carinho pra minha mãe, e, rapidamente refleti sobre a sorte de tê-lo por perto. Ele deu alguns passos a frente e se colocou a meu lado, deu um beijo na testa da minha mãe e disse:

- Não precisa agradecer. Ficar bem é a única retribuição que eu espero. Dessa forma a senhora me deixa feliz e deixa essa moça aqui – jogou a cabeça apontando pra mim – tranquila. – ele sorriu, e foi aquele sorriso que vem de dentro, verdadeiro. Senti um nervosismo na boca do estômago, pois percebi que eu queria ver aquele sorriso todos os dias da minha vida, em todos os momentos possíveis.

Eles começaram a conversar amenidades e eu apenas observava aquela cena, imaginando quantas vezes ela se repetiria no futuro, mas, obviamente, sem o hospital como ambiente. O celular do Ramon tocou e interrompeu meu devaneio. Ele precisava ir no escritório resolver um assunto de emergência.

Assim que ele saiu e fiquei a sós com minha mãe, percebi que ela não parava de me encarar. Eu havia me esquecido do receio que tinha da Lívia ter contado tudo pra ela, mas quando ela começou a me olhar e falou, tudo voltou como um soco no meu estômago:

- Por que você não me contou?

De inicio eu não tive reação. Apenas fiquei olhando para minha mãe, sem saber o que falar. Minha mente gritava me dizendo que ela poderia estar falando de outra coisa. Eu queria acreditar nisso, queria acreditar que minha irmã não tinha jogado essa bomba no colo da minha mãe logo após ela fazer uma cirurgia. Respirei fundo e perguntei:

- Do que a senhora está falando? – Eu tinha esperanças de ser qualquer coisa.

- Minha filha, não precisa mais me esconder. – ela segurou minha mão – A Lívia me falou que o Ramon te deu o dinheiro, mas que, em troca, você tem que se casar com ele.

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