Capítulo 9

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Vitória

Tocava uma música lenta ao fundo, o volume estava agradável, pois dava para ouvi-la ao mesmo tempo em que escutava perfeitamente o que conversavam a mesa. Havíamos comido bruschetta de tomate e queijo de cabra de entrada e estavam trazendo o prato principal: fettuccine Alfredo. Geovana e Marcelo elogiavam a comida e contavam para minha mãe e Lívia de quando eles haviam comido esse mesmo prato na Itália.

Ramon estava sentado ao meu lado e segurava minha mão ao mesmo tempo em que acariciava o dorso com seu polegar. Eu estava extremamente feliz, tudo estava dando certo, todos estavam se entendendo. Nada conseguiria destruir a paz que eu estava sentindo.

O jantar foi servido e enquanto comíamos a conversa migrou para as recordações da época em que éramos crianças. Rimos bastante lembrando das viagens e o quanto aprontávamos, fazendo pegadinhas que os pais do Ramon sempre caíam. A minha mãe lembrou de uma vez que colocamos um balde cheio de água na porta do banheiro e o meu pai abriu e se molhou todo.

- Eu queria que ele estivesse aqui – disse tentando conter as lágrimas.

- Ele estaria muito feliz – Lívia disse.

- Sim, ele estaria. Mas o seu pai está aqui com a gente. Dentro dos nossos corações, em nossas lembranças. Ele nunca vai deixar de estar conosco – minha mãe falou enquanto lágrimas escorriam de seus olhos.

Levantei e a abracei, tentando de alguma forma compartilhar a dor que ela estava sentindo, a dor de não poder mais ter o companheiro por perto, de não poder compartilhar momentos que foram planejados. Queria mostrar que ela não precisava passar por nada sozinha, pois eu sempre estaria ao seu lado, fornecendo o que fosse necessário pra que a felicidade dela fosse constante.

Geovana dotada de toda a sabedoria do mundo se levantou e disse que estava na hora de dançarmos e espantarmos aquele sentimento de tristeza da mesa.

- É um momento de comemorar a união de nossas famílias – ela disse.

Ela se dirigiu a cerimonialista e pediu que a música fosse trocada para os hits dos anos 80. E assim dançamos todos juntos, rindo enquanto minha mãe e os pais do Ramon mostravam como se fazia na época deles.

Enquanto os outros se divertiam o Ramon pegou duas taças de champanhe e bebemos enquanto observávamos o modo como nossas famílias estavam se dando tão bem. A minha maior preocupação era a Lívia, mas ela estava fazendo o máximo para se enturmar e aquilo estava me deixando muito feliz.

- Sabe o que eu queria fazer agora? – perguntou o Ramon.

- Não faço a mínima ideia – respondi o encarando com curiosidade.

Ele se aproximou e falou ao meu ouvido:

- Queria te raptar – disse tentando segurar o riso.

Eu comecei a rir e o olhei nos olhos tentando entender de onde ele estava tirando aquela ideia e pra onde ele me levaria.

- Eu te levaria a praia, nós caminharíamos pela orla, sentaríamos e observaríamos a lua, que só não está mais deslumbrante que você – olhei para cima e vi a lua cheia no céu limpo. Ele seguiu meu olhar e segurou minha mão que estava livre – E aí, você topa?

Voltei meu olhar pra ele. Olhei para onde os outros dançavam e novamente voltei a olhá-lo. Por fim respondi:

- Você é louco, sabia? – sorri quando ele deu uma risada como resposta a minha indagação – Sim, eu topo! – respondi mordendo os lábios.

Ramon

- Por que a senhora acha que eu fiz alguma coisa? – perguntei enquanto andava de mãos dadas com a Vitória na praia – Mãe, não precisa me ofender – falei enquanto colocava o celular no modo viva-voz.

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