Então é Natal

11.4K 660 98
                                    

Retornei para a casa da família da minha mãe aonde o natal seria comemorado aquela noite, meu irmão e eu só íamos aguentar um pouco da ceia e troca de presentes para sair novamente, mas quando passamos pela sala ele me deu um puxão no meu moletom e apontou na direção de um homem sentado na poltrona de couro marrom conversando com meu pai.
Aquele era?

Deus! Podia ficar pior?

- Você convidou ele e não avisou? - Meu irmão perguntou e eu neguei com a cabeça, como ele tinha descoberto aonde estava?

Com o rosto corado andei até o meu pai, pronta para expulsar o estranho quando o homem que me criou, agora sem suas trancinhas e usando um corte mais rente ao couro cabeludo sorria para mim e ficava em pé junto do estranho Deus gregos.

- Clara! Deixa eu te apresentar o senhor Cavill. - Pisquei meus olhos perdida enquanto o tal Cavill me encarava, podia ver uma sombra de choque passar por seus olhos azuis até que ele se recupera e estendia a mão.

- É um prazer conhecer-te. Sou Henry Cavill, trabalho com seu pai. - Sua voz saia educada e desta vez um pouco suave.

- Trabalha comigo, muito modesto. - Meu pai disse e olhando para mim pondo uma mão em meu ombro continuo falando. - Cavill trabalhava comigo no Jornal Diário e agora é meu chefe.

Estava confusa Conforme meu pai falava, como ele podia ser seu chefe se ele não trabalhava mais no jornal e sim no telejornal, notei também que enquanto eu estava confusa acabei ignorando a mão do Henry que abaixou ela enfiando no bolso de sua calça sem dizer nada. Meu pai estava absorto de tudo que nem reparava a tensão entre nós.

- Ele é o dono da Midinews, filha. Além de ser o redator chefe atual. - Jorge, meu pai parecia orgulhoso do Henry como se fosse seu filho.

- Não é para tanto, Jorge. Eu apenas herdei. - O homem que chamei de estranho minha vida toda estava constrangido com a fala do meu pai e eles pareciam ser íntimos se foi convidado para passar aquele dia conosco.

Antes que pudessem dizer mais alguma coisa eu tive minha atenção roubada pela minha mãe que gritou meu nome e a segui em direção a cozinha aonde ela ajudava outras mulheres da família a preparar a sala de jantar.
As mulheres da família da minha mãe não eram muito altas, o que fazia eu com os meus 1,70 parecer um elfo entre elas.

- Meu anjo, leve essa travessa de torta de frango. - Minha mãe entregou uma travessa de porcelana azul em meus braços, com seus cabelos loiros e olhos esverdeados eu me sentia bem diferente dela, mas tínhamos o mesmo sorriso e uma paixão enorme por One Direction.

- Claro, mãe. - Carrego a travessa para a mesa de jantar, tudo estava lindo para a ceia. Mais alguns minutos de arrumação toda a família se reuniu para a ceia, pelo visto eu e Miguel perdemos a troca de presentes.

As conversas começaram e enquanto eu me juntava a eles sentando ao lado do meu pai e do meu irmão, escutava de tudo sendo debatido. Desde a política atual do país, alguma notícia de famosos, o que ocorreu na novela naquele dia e sobre quem da família estava namorando ou gravida, me esforço para ignorar comendo um pedaço do Peru quando minha prima Eduarda ajeita seu decote e joga os lindos cabelos loiros sobre o ombro para o homem ao seu lado.

- Vadia. - Resmungo pegando meu copo de refrigerante, Miguel tinha me convencido a bebe apenas quando fomos para sua casa afinal eu teria que dirigir.

- O que disse? - Henry perguntou olhando para mim, ele estava do outro lado da mesa e pelo visto tinha me escutado, eu apenas sorri.

- Eu disse que "Meus parabéns", por ter herdado a Midinews.

- Ah! - Suas bochechas coraram. - Foi uma novidade para mim, faz apenas 7 anos que estou no Brasil e não imaginava que isso ocorreria.

- Eu sabia! Você tem um sotaque diferente, de onde é? - Eduarda disse batendo as pestanas e pondo uma mão no braço dele.

- Nascido e criado em Londres, mas minha mãe é brasileira, o meu avô fundou a Midinews.

- Por que trabalhava no Diário quando poderia ter ido direto para a empresa da sua família? - Questionei.

- Tinha acabado de concluir a faculdade de Jornalismo, tinha muito o que aprender. - Foi sua explicação antes de Eduarda roubar sua atenção fazendo perguntas sobre a Inglaterra.

Permaneci em silêncio até a ceia terminar e a família começar a se separar, não perdi tempo me despedindo dos meus pais e atravessando a calçada para entrar em meu Corolla quando meu nome foi chamado.

- Clara. - Aquela voz fazia meu estômago dar cambalhotas e minhas mãos ficavam suadas.

Paralisada próximo da maçaneta do meu carro eu me obrigo a virar no rumo da voz e sorri para ele.

- Henry.

- Parece que estamos nos encontrando bastante. - Abriu o sorriso que fazia meu coração parar, com alguns passos cortou a distância entre nós pondo uma mão em meu rosto e eu podia sentir a eletricidade entre nossos corpos igual aquele natal passado. - Fiquei feliz por ter encontrado você novamente.

Foi você quem fugiu antes.

- Legal, realmente. Agora preciso ir. - Com um passo para trás coloquei uma distância entre nós fazendo sua mão sair do meu rosto, ele apertou os lábios em uma linha fina e depois ergueu o olhar para o céu.

- Compreendo, mas saiba que eu não sou um velho tarado igual seu irmão deve ter pensado, eu acabei de fazer 30.

Pelo que ele dizia eu pisquei algumas vezes os olhos, tinha me esquecido sobre o lance da idade dele, então dei uma risada.

- Ignora Miguel, nossos pais tem 42 e 40 anos, não é nossa culpa todo mundo ter idade dos nossos pais. - Reviro os olhos e volto a atenção a porta do Corolla abrindo ele e antes de entrar eu olho para Henry acenando a ele. - Foi bom te vê novamente.

- Igualmente, Clara. Foi bom da um nome para um rosto. - Sua fala fez meu coração pular Jig Joy de Sandy e Junior antes que eu pudesse fechar a porta do carro e me trancar dentro dele e fugir daquela situação.

Mais um pouco perto daquele homem eu seria pega pela família enquanto o atacava na calçada.

- Respira, Clara. É apenas um homem. - Sussurro sozinha dando a partida.

O Chefe do meu pai (+16)Where stories live. Discover now