When bad does good

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O som dos cubinhos de gelo batendo no meu copo de uísque enquanto eu o sacudia me relaxava. Me mantinha fria – como precisava ser, havia decidido não tomar nenhuma atitude de cabeça quente – enquanto eu reunia toda a informação de que precisava sobre aquele desconhecido. As meninas, Byulyi e Yongsun, estavam sentadas ao meu lado no balcão do bar, os braços da primeira sobre os ombros de sua unnie, respondendo ao meu interrogatório sem o estranhamento provável caso estivessem sóbrias.

Kim Taehyung tinha 23 anos, era um aluno brilhante apesar de pouco disciplinado. Tinha aquele charme inexplicável, meio fofo meio cafajeste, se vestia com essas roupas de elegância desleixada comuns aos estudantes de artes, os cabelos pretos um pouco longos e levemente ondulados. Com aquela aparência inacreditável de jovem deus e o sorriso quadrado que o aproximava dos pobres mortais, contava com a simpatia da maioria dos professores e alunos. Não só a simpatia.

– O Tae passa o rodo no campus – comentou Yongsun, a jovem de cabelos tingidos de loiro na altura dos ombros, entre risadinhas. - Colegas, professores, ninguém tá livre... Não é, Byulie?

A outra sorriu e piscou para a namorada. Se eu tinha entendido certo, já havia rolado algo entre aquelas duas e Taehyung.

– Mas foi só uma noite porque a gente queria experimentar... Agora estamos num momento monogâmico.

– É mesmo? – joguei o cabelo pro lado e sorri. Espiei a pista de dança da boate em Hongdae na qual tínhamos ido parar depois que fui buscar Jungkook na faculdade. Meu garoto e seu hyung irritante dançavam juntos e sorriam um pro outro. Para minha desgraça, Kim Taehyung era fodido de lindo. Tão lindo que chegava a ser criminoso. Tinha um rostinho perfeito, esculpido, quase angelical. Os traços tão harmoniosos que causava uma espécie de vertigem, uma inquietação quase física. Não parava de me direcionar olhares demoníacos enquanto dançava, por vezes chegava a tocar de leve o braço ou o ombro de Jungkook, tudo isso sem cortar contato visual comigo, como se analisasse minhas reações. Voltei a encarar as meninas ao meu lado, deixei minha blusa de decote largo deslizar um pouquinho e expor meu ombro. – Que pena.

Não sei como, mas instantes depois as duas me puxavam para a pista de dança. Eu também estava um tanto alta, mais do que gostaria de admitir, então me deixei guiar pelas mãos delicadas. Elas sabiam que eu era a namorada de Jungkook, provavelmente desconfiavam da tensão entre nós dois e Taehyung desde o momento em que fomos oficialmente apresentados. Quando nos aproximamos dos garotos, Kookie sorriu e tentou vir até mim, mas puxei Byulyi mais para perto enquanto ela envolvia minha cintura. Joguei a cabeça para trás, tocando de leve o ombro de Yongsun, fechei os olhos como se sentisse a música. Estava ganhando tempo, testando meu campo de ação. No meio desse gesto, meu olhar cruzou com o de Taehyung, e era como se ele dissesse: "Conheço esse seu jogo". Filho da puta. Jungkook parecia um pouco perdido, mas se deixou levar pelos movimentos do hyung que o segurava pela mão, os dedos entrelaçados, e logo encostava a testa na sua. Eles ficaram assim por um tempo e eu ainda no meio das duas, tocando os cabelos longos de Byulyi, sentindo as pernas de Yongsun entre as minhas. Mesmo assim, meus olhos não desgrudavam dos dois garotos. Dei um jeito de me afastar delas da forma mais natural possível e as meninas não pareceram se importar, continuaram a dançar e a se beijar como se eu nunca tivesse estado ali. Colei meu corpo às costas de Jungkook, que estremeceu ao sentir minha presença. Meus lábios se aproximaram do seu ouvido:

– Beija ele, Kookie – sussurrei e mordi de levinho o lóbulo, só pra atiçá-lo mais. Ele estava nervoso, dava pra sentir, mas também cheio de vontade. – Puxa ele pelo pescoço, devagar, e beija seu hyung como você tanto quer.

A última frase eu disse encarando Kim Taehyung. Certamente ele não conseguiu me ouvir por causa da música alta, por mais que estivéssemos muito perto, porém deve ter lido meus lábios. De qualquer maneira, era fácil captar minha expressão. Enquanto Kookie seguia minha instrução, Kim passou os braços pela cintura dele, não sem antes roçar a ponta dos dedos na minha barriga, de propósito. Dei um passo para o lado, em diagonal, de forma a conseguir ter uma melhor visão daquele beijo.

Good boy 2Onde as histórias ganham vida. Descobre agora