zhong chenle é meio bagunçado;

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- nós poderíamos fugir de bicicleta – chenle propõe – vamos pedalar até o infinito!
- vamos morrer de exaustão...
- jisung, você é chato.
eles mostram a língua um pro outro e em seguida voltam a encarar o breu eterno das duas manhã.
tem muitas estrelas ali – deve ser porque não há quase nenhum pose na ponte – e a sensação de estar deitado sobre o capô do carro, segurando a mão de chenle e misturando suas vozes na escuridão, o faz acreditar que ele vai vencer o mundo todo.
jusung é mais do que um garotinho em terras estrangeiras agora.
- poderíamos viver em um foguete – opina o park, apontando para a imensidão do universo – colonizar marte, vênus...
- plutão.
os dois garotos se olham e, a cada novo olhar, é como se estivessem se conhecendo pela primiera vez.
- plutão.
sussurra, chegando mais perto de chenle porque cada pequeno detalhe do seu rosto é tão maravilhosamente perfeito que faz a pele do coreano esquentar feito cera quente.
e chenle o deixa chegar quão perto quiser.
deixa porque jisung é diferente de tudo que já aconteceu.
é diferente de Lucas.
é claro que chenle amou lucas – e amou demais, até – mas nunca, em nenhum momento do seu relacionamento, lucas conseguiu fazer o coração de chenle bloquear todas as palavras na sua garganta só sussurrando enquanto se olhavam
e é por isso que jisung é diferente: porque não existem palavras pra ele.
- vamos nos esconder em um navio de guera! – o chinês grita, se afastando do garoto no segundo em que os lábios se tocariam – vamos desembarcar na austrália ou na rússia ou em nova york!
- um navio não desembarcaria em nova yor, chenle...
- e nem a gente colonizaria plutão, garoto, me deixa sonhar!
e jisung quer deixar, quer do fundo do coração deixar chenle ser quem ele quiser – todos e ninguém – mas quando o garoto está sobre o parapeito da ponte, andando com um pé atrás do outro, sem sequer olhar pra baixo, as ideias de infinito de chenle começam a ser mais assustadoras do que sonhos sussurrados no escuro.
- chonlo...
mas não há chenle e não há nada.
há apenas ele, ser humano, despencando até a bagunça de ondas que é abaixo de si e o grito agudo no vazio que jisung solta.
o grito afunda junto com chenle, bem assim, sem nada.
e jsung vai atrás.
ele não se preocupa em tirar o tênis ou a jaqueta ou a chave do carro que está no seu bolso. ele simplesmente salta até o nada abaixo de si, certo que, se ele morrer, ao menos foi por uma boa causa.


bem, jisung não morre.
aliás, chenle também não.
os garotos estão ofegantes, um pouquinho afogados também, deitados na prainha de fragmentos de rocha e algas velhas grudadas nos rochedos maiores atrás de si.
jisung está tão chocado que nenhuma palavra – nem mesmo os xingamentos que quer – sai da sua boca. só o mesmo repirar ofegante - e afogado - durante aqueles cinco minutos.
- garoto, qual o seu problema? – resmunga, virando na direção do corpo arfante de chenle – a gente poderia ter morrido!
- eu queria saber se você pularia atrás de mim.
- chenle, você é maluco.
- de vez em quando, é, eu sou.
e, se olhando novamente, jisung percebe que é exatamente isso que faz com que cada parte do seu corpo se apaixone de novo por chenle.
- vamos fugir juntos, jisung – sussurra, tomando impulso para se sentar sobre a barriga do mais novo – não vamos? pra nova york, igual você prometeu.
- eu já disse que vamos, mas antes a gente precisa se formar – murmura, as mãos fazendo carinhos circulares na cintura – por que você quer tanto fugir?
- às vezes você não olha pras suas estrelas e pensa que é minúsculo?
- o tempo todo.
- pois eu não – corta, as mãos descendo pro peito coberto pela camiseta encharcada – eu vou ser grande, ouviu? não sei direito como, nem porquê, mas eu sinto que vou ser grande.
- pro mundo inteiro?
jisung está perguntando sem querer pressionar nada, mas o aperto na cintura está se tornando quase desconfortável e os olhos sonhadores do chinês voltam feito cometas para o rosto dele.
o esverdeado tenta lê-lo, mas pela primeira vez em meses jisung é só silêncio.
- como assim?
- você já é grande, enorme, gigantesco, chonlo – afirma, erguendo-se apoiado nos cotovelos até terem uma boca quase na outra – pra mim, você é maior do que o mundo inteiro.
jisung o beija primeiro, mas dessa vez tem tanta calma que eles duvidam estarem beijando a mesma pessoa.
não tem mordidas – mesmo chenle sendo do tipo que morde demais.
não tem arfares – mesmo jisung sendo do tipo sensível demais.
chenle não é muito bom com palavras, mas no beijo em que deita jisung na praia e eles parecem uma pessoa só, ele diz que se apaixona devagar pelo garoto de cabelos laranjas.
- você tem gosto de peixe – o coreano comenta, gargalhando quando as bochechas do outro coram.
- se não gostou não precisa beijar.
- não foi o que eu disse.
e eles estão lá de novo, boca com boca, sentindo o coração um do outro pulsando contra os próprios peitos porque seus corpos estão tão colados que tudo parece estar se juntando devagarzinho.
chenle gosta da forma como, às vezes, jisung solta pequenos sorrisos entre os beijos, só pra ter certeza que está acontecendo.
e jisung gosta como chenle beija seu rosto todo sempre que o beijo acaba, deixando selinhos carinhosos em seu nariz e bochechas e no cantinho da boca.
os dois se levantam naquela bagunça – e, deus, que bagunça – que são e caminham de mãos dadas até a ponte, ou o infinito, ou onde quer que eles queiram ir juntos.
- jisung, o que você fez com o carro?
- eu não fiz nada, ele estava bem... chenle, o que você fez com o carro?!
os dois garotos rebeldes fogem de casa de mãos dadas, mas eles precisam ir a pé porque estacionar carros em pontes é proibido por lei e o automóvel pra fuga deles foi guinchado meia hora atrás, quando eles se beijavam meio apaixonados na beira do mar.
é engraçado, até – apesar dos pés doloridos e das roupas molhadas e da exaustão – como os dois se meteram naquilo mesmo não querendo se meter em nada.
park jisung é uma bagunça horrorosa quando chegam ao seu apartamento e implora por um banho, mas, quando essas mesmas palavras escapam dos lábios do garoto ao seu lado, ele simplesmente segura seu rosto entre as mãos enormes e sentencia:
- zhng chenle, eu sei que você é meio bagunçado, mas você é uma bagunça magnífica.
chenle está tão paralisado com o elogio repentino que fica pra trás, tendo que esperar o garoto trapaceiro sair do banho antes que ele possa tomar um também.

kids; chensungOnde as histórias ganham vida. Descobre agora