A Invasão

7.3K 347 102
                                    

Prólogo

Cinco anos antes

- Vamos Lara, acorde! Já está na hora, você ainda tem que tomar café. - Não demore! Era isso toda manhã. As vezes não me via com 15 anos e sim apenas 5 anos. Eu podia ouvir ao longe uma voz a me chamar, mas era incrível como meu corpo teimava em não me obedecer. Respirei fundo enquanto me espreguiçava. Cuidadosamente fui deixando meu corpo escorregar pra fora da cama. Como odiava acordar cedo. Apesar do mal estar e indisposição que sentia todas as manhãs, havia algo novo. Enquanto jogava água sobre meu rosto forçando-me a acordar, senti uma dor muito forte em meu peito. A sensação de que havia alguém atrás de mim fez com que meus pelos se oriçassem de um jeito, que por um momento cheguei a me ver como um porco espinho.

Após terminar o ritual que seguia todas as manhãs me sentei à mesa para tomar meu café, que já estava pronto como sempre. Enquanto minha mãe lavava alguma coisa na pia.

- Bom dia mãe! Falei enquanto engolia o pedaço de bolo de banana que minha mãe havia feito, era o meu preferido.

- Bom dia Lara. Ela respondeu mantendo-se focada no que estava fazendo. Sua voz estava embargada e seca. O que achei bem estranho, mas o que mais me impressionou foi ela ter me chamado pelo nome. Se não estiver com falha de memória, foi a primeira vez que ela me chamou pelo meu nome sem eu ter feito nada de errado. Já que geralmente era "filha". Havia alguma coisa estranha, não tinha como não perceber. Arrisquei uma nova tentativa.


- O que você vai fazer hoje?

- Nada de especial, vou limpar a casa e lavar roupa, por quê?

- Nada, perguntei por perguntar.

Já que ela não queria contar o que estava acontecendo, resolvi respeitar e deixa-la em paz. Devia ter dormido mal ou se desentendido com meu pai, o que era bem comum. Levantei da mesa e fui até meu quarto pegar meu material da escola, já estava em cima da hora. Antes de sair passei pela cozinha dando-lhe um beijo, como fazia todas as manhãs.

-Tchau mãe! Te amo.

-Tchau Lara! "Segunda vez que me chama de Lara... Muito estranho."

-Vai com Deus.

Nós morávamos em uma casa grande de alvenaria, é toda branca com janelas grandes emolduradas com uma tinta gasta verde, e com um enorme gramado em sua volta completo de folhagens e flores, que minha mãe cuidava com todo carinho. Nos fundos da casa, havia uma mata fechada bem extensa, onde costumo me aventurar em subir nas árvores e brincas com alguns amigos, há uma trilha que leva direto para o rio que fica próximo. Tornando passagem para algumas pessoas que moram perto, e costumam passar por lá para fugir dos dias infernais que tem feito. Pelo seu estado, acredito que foi uma das primeiras casas a ser construída. A empresa onde meu pai trabalha forneceu por tempo de trabalho. Tirando o fato de ser famosa por ser mal assombrada, gostava muito de morar ali. Quando nos mudamos para cá, eu devia ser bem pequena já que não tinha nenhuma lembrança. Meu pai saia bem cedo e voltava tarde, praticamente só o via os finais de semana, quando não estava na rua brincando com meus amigos. Ele era um ótimo pai, mas mantinha uma vida cheia de segredos, sem contar que era notável o mau convívio dele com minha mãe. Muitas vezes me perguntava o porque ainda estavam juntos. Enquanto subia o morro enorme até chegar à estrada, observava a vista do alto. Minha casa se localizava no inicio do morro bem na curva que formava um U próximo ao um rio, que era o principal da cidade e em sua margem havia uma Chácara deslumbrante.



***

Após ter passado mais tempo olhando para o relógio do que prestando atenção nas aulas, tive o primeiro momento de alegria do dia. Quando o sinal soou, avisando que estávamos liberados para ir pra casa. Passei a manhã toda com a expressão de angustia de mãe em meus pensamentos, era como se apenas meu corpo físico estive na sala de aula, enquanto meu espírito vagava em busca de entender o que estava acontecendo.

Segredos Mortais - Os GuardiõesHikayelerin yaşadığı yer. Şimdi keşfedin