A visão da morte da irmã de Gabriele ❤️

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Capítulo 12




Após alguns minutos de escuridão, surgiram algumas luzes. Pisquei meus olhos algumas vezes, incomodada com a claridade que parecia ter surgido do nada. Olhei em volta e vi um poste logo acima de nós. Estávamos em uma ruela estreita e bem estranha. Um muro enorme cercava o que parecia ser um bosque onde havia algumas árvores e logo adiante uma enorme mansão com imensos portões de ferro. Senti quando Gabriele tocou em meu braço pedindo que a seguisse. Conforme nos aproximávamos da enorme mansão sua voz ia ficando cada vez mais embargada, fria e inconformada. Assim que paramos em frente ao imenso portão, Gabriele o empurrou com uma das mãos, abrindo-o. O ranger das dobradiças ecoou à nossa volta. Assim que ela entrou, parou, ali, inerte, olhando para a frente da casa. Eu me aproximei dela empurrando o portão na tentativa de fechá-lo. E para minha surpresa minha mão atravessou o portão como se eu fosse um fantasma.

- Gabriele? O que está acontecendo? - Falei assustada. - Não consigo tocar as coisas! - Falei passando a mão em alguns arbustos ao meu lado, tentando tocá-los, mas não os sentia. Uma agonia tomou conta de mim.

- Não se preocupe, Lara. Isso é uma visão, apenas os bruxos podem sentir as coisas materiais, os vampiros e outros seres ficam vulneráveis, além de perderem o poder temporariamente. Essa é uma magia muito usada quando queremos ganhar tempo com um inimigo, o jogamos em um mundo onde apenas nós podemos controlá-lo. Essa magia é muito poderosa e foi a primeira que minha mãe me ensinou. Podemos criar lugares novos ou voltar em lembranças que "acenderam" nosso poder. Mas como exige muito domínio e energia não podemos usá-lo com frequência. Alguns já morreram por passar muito tempo fora do corpo.

- Como assim "acenderam"? Morrer? Você está dizendo que podemos morrer aqui? - Perguntei olhando para minha mão quase que transparente.

- Essa é só uma expressão usada pelos bruxos. Quando vivemos alguma coisa que eleva nosso sentimento, que nos marca profundamente nosso poder aumenta ou diminui, depende do grau de sentimento que é despertado. É como que se passasse para uma nova fase, um novo estágio. No meu caso meu poder foi elevado por um trauma, pela dor e pela raiva. Isso elevou meu domínio mas, também me deixou mais vulnerável. Fico enfraquecida mais rápido. Temos pouco tempo antes de a magia ser quebrada. Os nossos anciões não nos permitem fazer essa magia sem a permissão deles. Serei castigada por isso se eles descobrirem. Mas preciso que veja.

-Há muitos anos atrás, minha família era regente da Coligação Europeia. Os feiticeiros mais venerados por décadas. Quando tive idade suficiente para reconhecer a importância do meu próprio sobrenome, o sistema já estava estabilizado e o pacto já estava selado. Vivi desde os 15 anos sob o mesmo sistema de união entre os Sams e os Montês. Era uma união forçada, visando apenas interesses que eu ainda desconhecia. Quando resolvi seguir as arcaicas normas dos Montês, eu imaginava estar fazendo um papel importante dentro de minha família. Mas agora isso não importa mais. O sistema de minha família era de total vigilância e tinha se avigorado no último século, após o pacto entre as raças inimigas. De um lado, os feiticeiros, donos do próprio sistema, do outro lado... os vampiros.

Sempre me senti perdida no meio de tanta desordem e o sentimento de catástrofe podia ser sentido a distância. Mas não havia nada que eu e minha mãe pudéssemos fazer a não ser obedecer às ordens de meu pai.

A maneira como Gabriele se expressava e o tom de sua voz mostravam e eu podia sentir que ela já não se importava mais com isso.

Sentamos em cima de um muro que havia logo depois da entrada da enorme mansão diante de nós. Era como se ela houvesse voltado no tempo e tivesse total controle sobre ele. Era incrível, o seu poder.

Segredos Mortais - Os GuardiõesWhere stories live. Discover now