Capítulo 5

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Pete estava ansioso, não conseguia ficar parado em um lugar só. Felizmente os amigos já haviam saído, então podia evitar perguntas. Sabia que era errado não contar a eles, mas não podia evitar. Principalmente pelo fato de não saberem de seu encontro com o ruivo. Tem algumas coisas que permanecem as mesmas com o passar do tempo. Sua covardia era uma delas.
Passou horas andando de um lado para o outro, quase explodindo de ansiedade. Não conseguia parar de pensar na mensagem de Patrick, dizendo que não estaria lá no horário, mas assegurando que ficaria bem. Estaria no meio de um hospital, cercado por desconhecidos. Quase como a última vez que pisou naquele lugar. Só que seria diferente. Não estava mais ferido fisicamente. No entanto seu corpo ainda guardava as feridas daquela noite em sua mente, perturbando-o dia após dia.
Quando chegou a hora de sair, começou a pensar se realmente deveria fazer aquilo. Estava com medo. Não sabia o que iria encontrar. Mas... talvez o outro estivesse certo. Realmente poderia ajudar. Não tinha muito a perder mesmo. Todos que estariam lá eram desconhecidos, não tinha problema.
Tudo naquele dia estava parecendo ser difícil. Demorou para chegar no hospital, e ao chegar, tentou procurar a área onde seria o grupo. O maior problema era o lugar ser gigante. Tinha certeza que havia entrado pelo lugar errado e agora estava andando em círculos.
Finalmente chegou em uma ala em que as pessoas não passavam correndo por ele, então tentou pedir ajuda a uma moça com uniforme.
- Boa tarde, poderia me ajudar?
- Claro, querido.
Uma criança começou a gritar e chorar em algum lugar perto deles.
- Como faço para chegar no grupo de apoio da doutora... Nicholson?
- Oh, deixe-me ver - pensou por alguns segundos - sou nova aqui, não conheço muito bem. Espere um pouco, vou tentar encontrar alguém.
Assentiu e esperou por um tempo até ela retornar com um homem.
- Você pode ajudá-lo a chegar onde a... doutora Nicholson está?
Ambos congelaram. Não conseguiam se mover, ficaram apenas pensando na presença um do outro.
- Ah, claro - Patrick finalmente falou - Vou até lá com ele.
- Muito obrigada.
- Por aqui.
Pete seguiu-o em silêncio.
- Sei que parece que menti quando disse que não estaria aqui, mas tive alguns problemas e não pude sair. Não é que não queria te ver. Eu quero te ver. Quer dizer, não tenho problema em te ver, mas não estou louco por sua atenção ou algo do tipo. Só aprecio a sua presença - disse rapidamente.
- Não tem problema. Entendo como a rotina de médicos é estranha.
O ruivo sorriu. E o jeito que aquilo fez Pete se sentir era... errado. Não podia pensar nele daquela forma. O que tinham estava acabado. Patrick nunca iria querer sua presença de volta. O que tiveram estava totalmente acabado. Todo mundo quer alguém que não os quer ou quer outra pessoa. 
- Chegamos - anunciou, parado em frente à uma grande porta.
- Uh... obrigado.
- Realmente espero que se sinta bem. Você merece isso. Merece a melhor vida que possa ter.
Aquelas palavras quase o fizeram chorar, porém, teve que se segurar. Não podia chorar na frente dele.
- É bom ter você de volta. Senti sua falta.
Então, teve uma ação completamente inesperada. O moreno teve certeza que iria desmaiar quando sentiu o abraço.
Sentiu tanta falta daquilo. Falta dele. De seus abraços carinhosos. De seu perfume sempre irresistível. De seu sorriso. De sua voz. De seu amor. De tudo que dizia respeito a ele.
Abraçou-o com força, como se tivesse medo que seriam afastados novamente. Não queria deixá-lo ir nunca mais. Infelizmente, essa não era uma possibilidade. Precisou lembrar a si mesmo que haviam deixado de ser um casal há muitos anos. Melhores amigos, ex-amigos, melhores como amantes e não o contrário.
- Até logo, Pete.
- Te vejo por aí, Trick.
Ele entrou na sala, sem olhar para trás. Não queria chorar. Não podia chorar.
Várias pessoas se viraram para fitá-lo, fazendo com que se sentisse desconfortável.
- Eu, uh, me desculpem o atraso. Estava perdido.
- Não tem problema, esse hospital é mesmo gigante - uma loira falou - pode se sentar. Seja bem-vindo! Sou a doutora Nicholson e aqui você pode confiar em todos.

»●« »●«

Patrick não conseguia parar de pensar em Pete enquanto voltava para seu apartamento. Não sabia exatamente como agir. Aquela situação no geral era estranha demais para tomar qualquer decisão normal.
Por mais que estivesse com fome, a exaustão era maior. Então, a primeira coisa que fez ao colocar seus pés em sua casa foi se arrastar até o quarto e se jogar na cama.
Teve uma ideia. Precisava de conselhos. Só tinham duas pessoas no mundo que conheciam tudo sobre ele e seus relacionamentos.
Depois de esperar alguns segundos, finalmente sua chamada foi atendida.
- Heeeeey, Patrick. Tudo bem, cara? - Frank falou.
- Vocês vão fazer algo hoje? Acho que preciso conversar sobre algo.
- Oh... podemos deixar a Cherry com o Mikey e ir para aí. Está tudo bem?
- Só... aconteceram algumas coisas.
- Vamos tentar ir o mais rápido possível.
- Não precisa se apressar. Não é nada muito urgente. Ah, se quiserem trazer uma pizza iria ser muito bom.
- Se cuida, Pat.
- Não me chame de - a ligação foi finalizada antes que pudesse terminar a frase.
Ele queria ficar acordado, sua mente estava trabalhando todos aqueles pensamentos. Mas seu corpo estava exausto demais para isso. Por mais que lutasse, caiu no sono após alguns minutos. Sonhando com a melhor época da sua vida. Sonhando com Pete.

- Patrick? Patrick? - uma voz disse ao longe.
- Ele está respirando, então não morreu. Eu acho.
Virou-se para o lado oposto ao som, querendo dormir em paz.
- Acho que vou ter que acordar o Patzinho com um beijo.
- Não ouse.
- Eu ainda te amo. Não vou te trocar por seu melhor amigo.
- Sei que não vai. Ele tem bom gosto, diferente de mim.
- Ouch!
- Paaaat! Acorda!
O ruivo finalmente acordou, gritando ao ver a face de Frank tão próxima.
- Você ia me beijar? Ew! Você é nojento.
- O Gerard nunca reclamou.
- Ele tem mal gosto.
O mais baixo revirou os olhos, voltando-se para o companheiro.
- Você está influenciando ele a me odiar!
- Não precisa da minha ajuda.
- Você vai me pagar, Iero.
- Ah, vou?
Ele se aproximou do outro, com um sorriso maligno.
- Não ouse!
- Você vai ver.
Gerard até tentou correr, mas foi lento demais e quando percebeu, estava sendo atacado por cócegas.
- Frank, para! - Não conseguia conter o riso.
- Você ainda me odeia?
- Não! Para!
- Qual a palavra mágica?
- Para!
- Não, não.
- Eu te amo, Frank, ok? Eu te amo.
Ele parou, encarando o mais novo, que estava sem ar e com o rosto totalmente corado, com uma expressão de vencedor.
- Eu também te amo.
Depositou um beijo rápido em seus lábios.
Patrick observava tudo ainda deitado em sua cama. Sabia que os amigos não faziam aquilo por mal, porém, não conseguia deixar de se sentir péssimo vendo aquilo. Ainda mais depois dos acontecimentos recentes. Ele só queria alguém para amar, era pedir demais? Queria um final feliz, como o deles. O problema era que o seu "felizes para sempre" havia acabado anos atrás.
- Então, querido Patrick, o que lhe fez requisitar nossa honrosa presença?
Pensou por alguns segundos em uma maneira de dizer aquilo que fosse razoável. Não conseguiu encontrar. Era complexo demais, portanto decidiu ir pelo jeito mais direto.
- O Pete voltou.
- O que?! - exclamaram juntos.
- O Pete voltou para Chicago.
- Tem certeza que estamos pensando no mesmo Pete? O jogador de futebol? Meu antigo mellhor amigo? Seu ex?
- Esse Pete.
O casal ficou em silêncio. Certamente era muita informação para processar de uma vez.
- Como você sabe? - Gerard sentou na cama ao seu lado.
- Acabamos nos encontrando em um estacionamento. Conversamos um pouco e agora ele... está indo a uma grupo de apoio no hospital toda semana.
- Quer dizer que você tem chances de vê-lo toda semana?
- Sim.
Mais silêncio. Aquela situação estava estranha.
- O que você pretende fazer?
- Não sei! Por isso chamei vocês aqui.
- Você quer voltar com ele? - Frank questionou.
- Não! Não quero que alguém se magoe novamente. Nossa relação terminou. Vamos ser amigos.
- Você sabe que é um mentiroso péssimo, não é?
- Estou falando a verdade! - gritou - Pete e eu não podemos ter uma relação. Iria ser doloroso demais, entendem? Já superamos um ao outro.
- Tem certeza?
- Olha, eu poderia estar casado agora! Com certeza superei.
- E por que não está?
O ruivo se calou. Xeque-mate. O amigo estava certo. Tinha recusado o pedido por pensar justo na pessoa que nunca poderia ter.
- Vocês tem que entender. Não vamos nos relacionar. Eu prometo. Ia ser prejudicial a nós dois.
- Acredito em ti. Mas ainda não sei o que pode fazer.
- Nós não nos conhecemos mais. É horrível. Pete é como um completo estranho.
- Como nas primeiras vezes em que você enfiou a língua na garganta dele?
Patrick ficou corado e riu.
- Como se você soubesse tudo sobre o Gerard antes de ficarem.
- Sabia pelo menos o nome dele.
Mostrou a língua, rindo.
Naqueles momentos pareciam estar de volta para a época em que eram adolescentes. Fazendo piadas, falando de amor e rindo como se não houvesse amanhã.
O clima foi cortado pelo rapaz de cabelos negros, que sussurrou:
- Você... sentia falta dele?
- Sinceramente? Muita. Eu realmente o amava - desviou o olhar.
Os outros dois se encararam com uma expressão preocupada.
- Mas isso acabou. Peterick acabou. Confiem em mim. Não sinto mais nada por ele.
Patrick realmente queria acreditar naquilo. Sabia que nunca poderiam ficar juntos. Seria uma perda de tempo.
Ele se levantou, numa tentativa de desviar os pensamentos, e falou:
- Eu realmente preciso de um pouco de Whisky.

Astronaut ●Peterick●Onde histórias criam vida. Descubra agora