45. Afinal que merda és tu?

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– Mas afinal que merda és tu?

April puxou o braço com um safanão, cobrindo o pulso que ele segurara com força suficiente para a fazer sentir dor. Não era algo que ela gostasse de sentir, no entanto enfrentou-o, movendo-se para mais perto dele, a expressão intocável de regresso ao rosto bonito.

– Eu já te disse, querido, sou quem tu quiseres que eu seja.

– Sou quem tu quiseres – uma voz cândida e sensual murmurou ao seu ouvido, tocando-o com os lábios suaves. – Seremos rápidos.

Kim? Jake abriu os olhos repentinamente e agarrou no braço da rapariga com mais força do que queria enquanto ela forçava os seus lábios com beijos lascivos que os levariam a um único fim.

Ela ousou tocar-lhe o queixo, descendo as mãos pelo peito definido enquanto o sorriso se alargava. Jake deixou-a tocá-lo, deixou-a aproximar-se até não haver mais espaço entre ambos, até o homem amordaçado tornar a soltar gritos abafados.

Depois, ele também sorriu. Tocou-lhe a cintura delgada coberta pelo pequeno top do pijama diminuto e viu a surpresa refletir-se no rosto perverso. Então, quando ela aproximou os lábios entreabertos em busca dos dele para um beijo faminto, a mão livre de Jake apertou-lhe o ombro com força. Pressionou o músculo que lhe comprimia a carótida tempo suficiente para ela perder o alento para se suster em pé e cair sobre ele. 

Jake pousou o corpo inconsciente no chão com delicadeza, apesar de querer ameaçá-la com recurso à força de uma forma que o começava a assustar. Ainda olhou para o pulso da rapariga novamente e uma nova enxurrada de perguntas sem resposta lhe ocupou a mente desgovernada. Ele simplesmente não conseguia perceber o que havia de comum entre Kim e a gémea.

O homem berrou novamente, captando a atenção de Jake, e ele finalmente decidiu soltá-lo do tormento doloroso. Tirou-lhe a mordaça suja, sentindo a pele do homem abrir-se em novas feridas quando retirou o pano.

– Obrigada. – o homem tentou agradecer, sentindo a língua demasiado seca para conseguir articular as palavras. – Não tem simplesmente noção... Obrigada.

Jake soltou-lhe as amarras dos pulsos suspensos, e procurou por roupa masculina na divisão enquanto o desconhecido massajava os membros entorpecidos. Finalmente encontrou uma camisa e uns jeans que sem dúvida não pertenciam à loira.  

– Consegue andar? – perguntou, auxiliando-o a colocar-se em pé e dando-lhe as roupas para vestir.

– Sim, sim. Temos só que sair desta casa imediatamente – murmurou o outro, vestindo-se com alguma dificuldade. – Ela é louca. Completamente louca.

Enquanto o homem se debatia com a roupa, Jake procurou no armário por algum tecido feminino que lhe permitisse amarrá-la e imobilizá-la pelo tempo que precisasse. Ele simplesmente tinha tantas coisas para lhe perguntar que temia não conseguir fazê-lo se ela insistisse com aquela sedução ridícula.

– Ouviu o que eu disse? – anunciou o homem, apressado para sair daquele quarto. A boca quase se abriu de espanto quando viu Jake amarrar os pulsos da ninfomaníaca que o raptara durante largas semanas e pegá-la ao colo. – Está louco?!

 – Eu sei o que estou a fazer – rosnou Jake, num claro esforço de manter o corpo inerte no colo. – Viu a outra irmã por aqui?

– Sim, mas ela nunca aqui entrou. – o homem começou por apertar os botões da camisa, mas depressa desistiu quando o tecido lhe fez arder os ferimentos recentes. – Eu estava doente e elas trataram de mim – ele foi dizendo enquanto Jake se encaminhava para fora do quarto. – Curaram-me quando eu pensei que ia morrer. Mas depois uma delas começou a falar na ideia de ter filhos – apontou para a loira desmaiada nos braços de Jake. – Meu Deus, eu sou casado e nunca a vi na vida. Não é uma coisa que se oiça todos os dias.

Filhos. Jake quase a largou nas escadas quando ouviu a palavra. Simplesmente pensara que ela tinha uma psicose perversa qualquer, que a ninfomania conseguia proporcionar ações sádicas como aquela que presenciara no quarto dela, como o assédio de que fora alvo na noite anterior. Como é que uma parafilia tão comum como aquela levava à ilusão da promessa de uma família?

– Ela marcou-me de todas as vezes que me fodia e que não conseguia engravidar. – confessou o homem, adquirindo uma postura que se distanciava ao máximo da do homem assustado que encontrara amarrado. – Como é que não tem simplesmente vontade de a estrangular depois do que ela fez?!

 – Porque se fosse comigo eu estrangulá-la-ia primeiro. Nunca depois – rematou, colocando a loira ao ombro, sem a mínima delicadeza. A única que ela merecia.

***

NOTA DE AUTORA

Digam olá à nova personagem, já agora, e ao lado mais sério e prático do Jake. Eu sempre o fiz interagir muito com a Kim e com a Rachel, as mulheres da vida (atual) dele, mostrei o seu lado divertido com o Aidan no início, mas raras vezes o levei a extremos (mentira, levei e ele matou uma pessoa nesse dia...). Não sei se se lembram, mas ele tinha mau feitio no início. Quase meteu a Kim fora de casa a pontapé, por isso notem que o Jake não é o príncipe encantado. Ele é só um homem.

Espero que tenham percebido o que tentei descrever neste capítulo, é muito importante para os próximos. 

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