32. Ela estava a gostar!

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Kim não conseguia dormir. Na verdade raras eram as vezes que ela o fazia sem problemas. Na noite anterior Jake obrigara-a a voltar para o seu quarto, para a mesma cama que Rachel, depois de terem partilhado aquele beijo que ela sabia nunca mais esquecer. Mesmo que perdesse a memória novamente, aquele momento não podia ser esquecido. Sentia falta dele e sentia algo ainda maior que a impedia de ir ter com ele e enfrentá-lo. Jake desprezara-a e apesar de Kim não saber o que o rancor ou o orgulho significam, o gesto dele pela manhã fizera-a sentir-se abandonada. Ele era a última pessoa por quem ela queria ser abandonada. Tinha saudades dele, apesar de ele estar sempre ali, queria imenso falar com ele. Bastaria um sorriso dele para que ela dormisse durante toda a noite. Precisava dele e teria de aprender a não precisar. Ela não podia depender dele até à exaustão.

– Ainda acordada? 

Uma voz não desconhecida, mas que poucas vezes se dirigia a si, fê-la parar de pensar em Jake. O rapaz loiro, semelhante a Rachel, de sorriso fácil e cabeça oca apoiava-se contra a ombreira da porta da suíte que ia partilhar com Jake e David. Kim não sabia há quanto tempo estava no quarto deles, não pensara neles. Apenas em Jake.

Aidan parecia não dormir há dias, parecia ter perdido todo o equilíbrio e a simples porta entreaberta parecia ser o único porto seguro que ele encontrara. Kim já vira estados semelhantes em filmes, em relatos do grupo, por isso, respondeu-lhe com sinceridade:

– Sim. Não consigo dormir sem que o... – silenciou-se repentinamente ao dar-se conta que ia cometer aquele erro novamente. Não queria falar em Jake nem sequer que o rapaz se apercebesse que ela estava a pensar nele. 

– Porque é que não vens ter connosco ao bar? – convidou o loiro, transportando o peso do seu corpo para a outra perna. – Está totalmente vazio e a diversão está toda lá... – Com um sorriso convidativo, levou a garrafa de cerveja aos lábios, bebendo sofregamente. – Queres? – ofereceu ao aperceber-se que a rapariga o fitava com atenção. Kim recusou, balançando a cabeça e fazendo uma careta agoniada. – Ah já sei... estômago virgem. Aí não entra nada, só sai – disse, soltando uma gargalhada sonora pela própria piada. 

– Viste a Rachel? – perguntou Kim quando ele entrou na divisão e fechou a porta com alguma dificuldade. 

– Já não a vejo há algum tempo, mas também não vejo o David e isso só quer dizer uma coisa – Riu novamente. – Parece que vais ter de dormir sozinha, amné... Kim.

– E o Jake? – insistiu ela, desconfortável com a atenção que o rapaz lhe dispensava, quando nunca falava com ela. Não chegara a aperceber-se que perguntara por Jake. A sua atenção centrava-se em Aidan, que se sentara ao seu lado. 

– Não me lembro – sussurrou ele propositadamente, troçando da situação da rapariga.

– Pois – A morena tentou sorrir, mas o sorriso demonstrou-se demasiado forçado. 

– Estavas à espera dele, era? Iam estrear a cama – comentou Aidan, saltando infantilmente sobre o colchão, fazendo-o chiar sobre o seu peso. – Desculpa, querida, mas ele não vai dormir sozinho e ele não gosta de coisas a três.

– Aidan – advertiu Kim, apontando para a cintura dele, para onde ele derramara parte da cerveja da garrafa ao saltar, contudo a sua observação foi mal intencionada aos olhos dele:

– Isso foi um convite? Sim, o meu também funciona, querida – gabou-se, esfregando o tecido molhado. – Tem ótimas referências – terminou o discurso de sedução fácil e desfez o sorriso malicioso. – Tu não percebes metade do que eu digo porque és meia avariada da cabeça ou também estás bêbeda? 

– O quê? 

– Pois. Eu sempre disse ao Jake que tinhas um atraso qualquer, mas ele só me sabe mandar calar – Aidan acenou afirmativamente diversas vezes, fitando-a seriamente, para depois beber todo o conteúdo da garrafa de um gole. Fez mira ao pequeno caixote de papéis em frente à cama e treinou a sua pontaria.

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