Doce como açúcar I • Yoongi

Segurança.

"Nos seus braços eu encontro segurança contra todas as tempestades da vida."

Eu havia pego no sono depois que aquele desgramado me estapeou. Me levantei da cama e peguei meu pijama, me livrando daquele moletom pesado que me cobria. Ouvi passos no andar de baixo e olhei no relógio, eram 4:30 da madrugada. Deduzi ser meu tio chegando da farra. O som de passos iam se aproximando no corredor até parar na porta do meu quarto. Ela foi aberta com dificuldade e a figura esguia de meu tio passando pela porta todo cambaleante me fez balançar a cabeça em reprovação.

── Você está tão bonita, Yong-Sun. ── Ele fala enrolando a língua, devido ao alto nível de embriaguez. ── Nem parece aquela garotinha que tinha medo do titio.

Ele foi chegando mais perto enquanto tropeçava em seus próprios pés. Eu me afastei o máximo que podia dele, pedindo mentalmente que ele fosse embora e que não fizesse nada, e foi quando ele levou a mão no bolso e tirou um canivete suíço. Gelei. O metal brilhou com a luz do abajur, senti minha boca ficar seca e as mãos suarem. Meu tio sóbrio era uma coisa, agora quando ele bebia ele se transformava.

── Titio está com vontade de brincar de médico com a sobrinha desde quando ela era uma criança adorável. ── Ele fala, pulando em cima de mim de repente, o que me assustou demais.

Senti o metal gelado em minha garganta e o cheiro bem forte de álcool saindo de sua boca. Ele começou a passar a mão livre sobre minhas pernas e apertando minhas coxas. Mais uma vez eu estava banhada pelas lágrimas, vendo Hyun deslizar suas mãos sujas em meu corpo. Entrei em desespero. Eu queria lutar mas não me arriscaria com um canivete no meu pescoço.

Sua mão áspera sobre minha pele me causava ânsia e nojo. Tudo o que eu queria agora, era o chutar pra fora do meu quarto e se possível derruba-lo da escada. Ele se afasta o suficiente para libertar seu membro rígido e ereto da calça jeans apertada e me lançar um olhar faminto, fazendo meu estômago revirar.

Ele resmungava palavras sem nexo enquanto eu apenas me sentindo incapaz de impedi-lo. Eu só queria que aquele momento acabasse, que ele fosse embora.

Enquanto ele estava todo atrapalhado, aproveitei que ele deu brecha tirando o canivete do meu pescoço e o chutei com força em seu membro semi ereto. O som agudo de seu grito de dor rasgou seus pulmões e preencheu o cômodo.

Ele levantou seu olhar para me encarar e subindo a calça com agilidade. Agarrou minhas mãos antes mesmo que eu pudesse me levantar e sair correndo. Minhas pernas estavam bambas. Ele me ergueu e me jogou no chão, montando em cima de mim. Hyun começou a me dar socos rápidos que pouco a pouco ia manchando minha pele com hematomas. Sentia o gosto do meu sangue. Minha boca estava se cortando a cada vez que sua mão pesada encontrava meus lábios. Eu estava perdendo a consciência, a dor era tanta que eu mal conseguia ver um palmo a minha frente.

(...)

Acordei com meu corpo caído no chão frio do meu quarto. Abri meus olhos inchados e vi os primeiros raios de sol passarem pela cortina e chegarem até minha pela fria. Me arrastei até o banheiro e enchi a banheira com água quente, me apoiando na bancada da pia e me pus de pé, sentindo pontadas fortes em meu rosto. Encarei meu reflexo no espelho e quis chorar mais uma vez. Eu estava acabada. Sentia nojo e repulsa de mim mesma. Como as coisas chegaram a esse ponto? Meu rosto estava inchado e todo marcado. Fechei o registro da banheira, tirei minha blusa fina e com alguns rasgos e afundei meu corpo dolorido dentro da água até cobrir minha cabeça.

Fiquei tempo suficiente para ver meus dedos das mãos se irrugarem. A água quente aliviou um pouco as dores que sentia, me enrolei no roupão macio e caminhei até meu guarda roupas pegando uma calça de moletom folgada e confortável junto com uma blusa simples e um par de lingerie. Eu não queria descer as escadas e correr o risco de encontar meu tio jogado na sala ou na cozinha. Me deitei devagar na cama abraçando meu travesseiro, fechei meus olhos e rezei para meus Pais.