XI - Inesperado

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- Eu te afastei porque, assim como essas boates, eu também te faço mal eu... me sentia tão culpada por tudo que eu te fiz, por ter te trazido aqui achando que seria só a noite das garotas... por não conseguir te corresponder no amor que espera de mim. Mas então eu percebi que nós nos sabotamos, mesmo que inconscientemente, e eu fui egoísta e hipócrita sim quando escolhi viver sem suprir as suas expectativas. - A maquiagem ficava borrada a cada lágrima de Jisoo, no fim seus olhos eram um borrão brilhoso. - Eu não consegui suportar a ideia de continuar ao seu lado te vendo tão triste pelo que eu não posso te dar.

A Kim fechou os olhos com força, as mãos passando pelos cabelos negros em alívio, como se finalmente tivesse respondido todas as perguntas sem respostas. Rosé só quis rir em escárnio, tão cheia de decepção que poderia transbordar por seus poros. Jisoo rezava por ela todos os domingos, como se Deus fosse realmente a solução dos problemas das duas, mas no fim do dia continuava com as mesmas mentiras e segredos. Ela não tinha entendido que Rosé não estava em condições de escolher, só tê-la ao seu lado bastaria, as migalhas do que recebeu a vida toda. Foda-se a sabotagem, se viviam nesse impasse de pensamentos não ditos.

- O que você espera que eu faça agora? - sussurrou. - Você conseguiu o que queria.

- Por favor... não. Rosé... me escute.... - Jisoo continuou a implorar quando a deu as costas, um passo de cada vez até chegar à calçada, e por impulso se virou para encará-la uma última vez.

Queria ter raiva de Kim Jisoo, ter tanta mágoa e ódio que eles seriam os responsáveis por fazer sumir todo o afeto que um dia nutriu pela amiga, queria tirar aquele sentimento partindo seu coração e costurá-lo por conta própria, seguir sua vida sem pensar em Jisoo ou o quanto ela chorava parada nos fundos daquela boate, em como seu peito subia e descia pelos soluços, as mãos passando nos braços desnudos, porque ela provavelmente sentia frio, sempre foi mais sensível das duas e Rosé sempre precisava sair com dois casacos, para no fim da noite colocar um nos ombros trêmulos dela.

Deveria ter raiva de Kim Jisoo, mas vendo-a ali, só conseguiu amá-la ainda mais.

Podia entender agora porque era melhor mantê-la longe. E suprimindo todas as forças que queriam correr até a garota e abraçá-la, a deu as costas novamente, sem conseguir se despedir.

Rosé deixou Jisoo para trás.




seis semanas depois.

Rosé estava debaixo da arquibancada da quadra de esportes. Evitava pensar em Jisoo, mas era inútil, se enfiou naquele esconderijo porque queria fugir da mais velha e sem nem perceber, seus pensamentos andavam de encontro a ela. Apagou o terceiro cigarro, encarando as outras bitucas debaixo da bota desgastada. O uniforme fedia a fumaça, a saia provavelmente estava suja pela terra daquele lugar, mas apenas deu de ombros, não era novidade para ninguém do seu pouco caso com as normas do colégio.

Ouviu um apito soar e a tranquilidade do silêncio foi interrompida por gritos das jogadoras entrando no campo. Agora era aula de educação física, teria que arrumar outro lugar para ficar, laboratório talvez, ou quem sabe poderia fingir uma dor de cabeça para ir embora mais cedo. Mas, se aqueles esconderijos funcionavam contra Jisoo, não tinham a mesma eficácia contra a amiga estrangeira dela.

Tomou um susto enorme assim que Lisa entrou de supetão no seu pequeno espaço e se sentou, as pernas enormes obrigando Rosé a quase se fundir com a parede. Arregalou os olhos, encarando o sorriso grande de loira, esperando uma resposta plausível para ter invadido seu espaço pessoal.

O último ano do resto das nossas vidasTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang