Maternity

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Era por volta das três e vinte da madrugada e lá estava eu, olhando para minha barriga que já havia completado suas quarentas semanas. A sensação é indescritível, a cada pequenos chutes em meu abdômen me faziam ficar mais ansiosa para o nascimento do meu baby.
Em duas das idas ao banheiro dessa semana, um pedacinho do tampão deu as caras. O coração disparava quando via ele lá, mas nem sinal do trabalho de parto começar. Limpei toda a casa, arrumei as malas, comi coisas apimentadas, caminhei quilômetros e nada do danadinho querer sair. Tranquilão, como sempre. E eu ótima como sempre. Não sentia nada, não tinha dor nenhuma, continuava sentindo só as contrações de treinamento, como já sentia há algumas semanas.

Acordei com uma vontade insuportável de ir ao banheiro. Como sempre fazia, não acendi luz nenhuma, fui lá meio dormindo, meio acordada. Fazer xixi e voltar pra cama, umas seis vezes por noite, essa era a rotina noturna nas últimas semanas. Quando tirei a calcinha para sentar no vaso, senti que ela estava molhada. Pensei: droga, já fiz xixi nas calças! E assim que sentei no vaso saiu àquela cachoeira de água, uma quantidade muito grande e com muito mais força do que o normal. Meu coração disparou! Ou seja, sinônimo de preocupação. Entao, as contrações começavam a dar as caras, é uma pressão maior do que as de treinamento, a barriga ficou durinha, uma dorzinha ainda moderada na região lombar e em intervalos menores. Me desespero no mesmo segundo.

- GABRIEL - Gritei e o mesmo não responde pelo meu chamado. - GABRIEL, CARALHO! - Grito novamente, mas agora recebo a atenção do mesmo, que está com a cara amassada de sono e assustado.

- O QUE FOI? - Ele levanta da cama desesperado, parando na minha frente olhando para o chão e no mesmo minuto ele arregala os olhos.

- Será que ele tá vindo? - Perguntei.

- Eu não entendo nada de maternidade. - Disse coçando a cabeça. - Tá sentindo as contrações?

- Ja faz tempo, não estou conseguindo dormir por isso.

- E por que você não me acordou sua maluca? Vamos ligar para a médica. - Ele disse correndo para pegar o celular.

- Tá doendo muito. - Choraminguei

- Desculpa pelo horário senhora Mayra, mas eu e a Sofi, estamos achando que o João já tá vindo. Me ajuda, tô desesperado. - Ele bombardeia a médica com várias informações. - Ela disse que tá com muita dor, mas esse negócio de contração, eu não entendo. Vou passar pra ela. - Disse e me entregou o celular, enquanto comia as unhas, demonstrando o quão nervoso ele estava com a situação.

- Sofia, como estão as contrações? - Perguntou.

- Os intervalos estão diminuindo e se intensificando cada vez mais, uma dor absurda. Ontem começaram com um intervalo de três horas. Mas hoje estão vindo de uma em uma hora. Devo me preocupar? - Pergunto.

- É melhor que você venha para a Perinatal aqui na Barra, ficar em observação. A tendência é que diminua o tempo de intervalo ainda mais. E para evitar algum problema, sugiro que venha o mais rápido possível e você me disse também na última consulta que seu tampão caiu, provavelmente seja a hora do Jô nascer. - Disse.

- Ok doutora, já estamos chegando, obrigada. - Tento passar tranquilidade para a doutora, falho. Ouço a mesma se despedir e desligo a chamada. - Caralho Gabe, ela disse pra gente ir para o hospital. - Digo e vejo o mesmo pular de alegria e uma mistura de nervoso.

- Eu não acredito. - Ele tinha seus olhos marejados de felicidade.

- Vamos logo, to morrendo de dor. - Ele me da um selinho e começa trocar de roupa.

Saímos do quarto e nos dirigimos até o cômodo provisório do João, pegamos todas as malas que estavam aguardando pelo momento certo. Troquei a minha roupa. Aproveitamos o momento e ligamos para alguns amigos e familiares, pedimos para espalhar a notícia para os mais próximos.

For the love • Gabriel Medina Onde as histórias ganham vida. Descobre agora