1°- CAPÍTULO

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— Terminei, pai. Essa mesa foi a última. — Afasto o pano da mesa redonda de madeira, e levo as mãos até minha cintura.

— Obrigado, minha filha. — Papai surge do meu lado, colocando uma de suas mãos sobre o meu ombro.

— Acabamos por hoje? — Pergunto, ao mesmo tempo, que minha mãe atravessava a porta que levava para uma pequena cozinha escondida. Ela carregava uma cesta com pães.

— Acho que sim. — Mamãe coloca a cesta sobre a mesa, enquanto papai e eu nos sentamos nas cadeiras ao redor. — Comam um pouco, quero todos muito fortes e atentos para o turno da noite. — Ela limpa suas pequenas mãos no avental em torno da cintura.

— Mal posso esperar para passar um tempo com aqueles malditos bêbados. — Papai resmunga sem humor, enquanto pega um dos pães doces da cesta.

— A ideia foi sua, Zac. — Mamãe se senta do meu lado.

— Eu sei. Não tínhamos muitas escolhas, só os pães não estavam nos dando um bom lucro. — Papai dá uma grande mordida no pão, falando de boca cheia, o que faz com que mamãe o olhe com reprovação.

— Uma padaria que serve rum de noite. — Mamãe nega com a cabeça, rindo.

— Eu gosto de conversar com os bêbados, eles são mais simpáticos quando não estão sóbrios. — Dou de ombros, pegando um dos pães da cesta.

Encaro a massa salpicada com coco, e depois dou uma mordida, sentindo o gosto da banana. Minha mãe era a melhor quando se tratava de pães, principalmente, os pães doces.

— Não gosto que fique aqui de noite. Não é bom para uma moça solteira andar no meio dos bêbados.

— Mas eu estou trabalhando, pai. — Arqueio uma sobrancelha, enquanto mordo o pão outra vez.

— Mesmo assim, se continuar como está, você nunca vai se casar. — Papai suspira alto, pegando outro pão.

— Como nós chegamos nesse assunto? Eu só tenho dezenove anos. — Encaro minha mãe, que dá de ombros.

— Já está na idade, Serena. A filha do vizinho se casou a pouco.

— Eu não sou a filha do vizinho. — Bato minhas mãos, limpando as migalhas de pão.

Papai suspira outra vez.

— Por mais que eu adore a ideia de ter a minha garotinha comigo, eu não quero que você passe o resto da sua vida trabalhando nesse lugar. Você merece muito mais do que eu e sua mãe te damos.

Encaro a expressão preocupada de meu pai, e seguro em sua mão que estava sobre a mesa, apertando-a de leve.

— Eu estou feliz em passar o resto da minha vida ajudando vocês dois aqui. — Sorrio para ele, que mesmo não aprovando minhas palavras, sorri de volta.

— E o Adam? — Mamãe pergunta, e eu a encaro com o cenho franzido, enquanto solto a mão de meu pai.

— O que tem ele?

— Adam é um rapaz muito bonito. — Mamãe solta seus longos cabelos negros, me olhando com inocência.

— Adam é meu amigo, e não gosta de mim dessa forma, mãe.

Ela levanta as mãos em frente ao corpo.

— Tudo bem, não está mais aqui quem falou.

— Adam é pobre como nós. Serena precisa arrumar um marido rico. — Papai interrompe.

— Você está certo. — Suspiro falsamente, olhando de forma significativa para minha mãe; ela já sabia o que eu estava prestes a fazer. — Talvez eu devesse arrumar um marido com dinheiro e mais velho, alguém que já tenha passado por alguns casamentos. Um homem rico que quando posar ao meu lado, todos pensem que sou sua filha, mesmo que sejamos casados.

SIRENA DEL ATLANTIS || KTHWhere stories live. Discover now