Capítulo Seis

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Sebastian

É interessante como Katherine parece absorver tudo em sua volta. Pensei que o Fredy's seria um bom lugar para se tomar sorvete e, pela expressão de deslumbre em seu rosto, eu estava certo.

Katherine me deixa sem ar. Olho atentamente cada ação dela. Ela parece estar fora de órbita. Graças a Deus ela está vestida adequadamente e, na verdade, ela está melhor do que eu esperava.

Depois que abro a porta para ela entrar, aponto para uma mesa do lado esquerdo. Não há ninguém lá e é o lugar mais reservado da sorveteria.

- Sente-se - falo, apontando a cadeira para ela sentar. Uma garçonete vem em nossa direção para anotar os nossos pedidos.

- Sr. Vettel, o mesmo pedido de sempre? E a sua namorada, gostaria de qual sabor? - a garçonete pergunta.

- Sim e Katherine já escolheu o seu? - Eu pergunto sem desviar o meu olhar dela.

- Já sim, um de morango por favor. - Katherine fala e sorri.

Ariel sabe exatamente o meu gosto: sorvete de creme, apenas. Katherine cora com o comentário feito pela garçonete, mas não fala nada. Ariel rapidamente nota o quão constrangida Katherine fica e pede desculpas pelo inconveniente.

- Me desculpe - digo assim que Ariel se afasta.

Desculpo-me também, sem saber o porquê exatamente. Minhas mãos passam pelos meus cabelos e Kate levanta o olhar em minha direção.

- Não foi sua culpa. Imagino que traga as suas namoradas aqui - Katherine fala e dá de ombros.

O quê? Espera! Ela realmente está pensando isso de mim? Primeiro, eu não namoro e, segundo, não levo as garotas com quem eu saio para tomar um sorvete. Nunca.

- Eu não tenho namoradas e eu, com certeza, não levo as garotas com quem eu fodo para tomar sorvete. Você é a primeira garota que trago aqui - declaro, com a sobrancelha arqueada.

Isso parece ter surpreendido Katherine, então sorrio. Realmente a palavra namoro não é para mim. Por que perder tempo com uma garota sendo que você pode ter outras para se divertir?

Ela solta o ar que estava prendendo e imagino que ela não tenha prestado atenção nisso. Seus dedos enrolam um fio de cabelo, ela tem esse hábito quando está nervosa, notei isso desde que a vi pela primeira vez na sala de aula.

- Então eu devo me sentir privilegiada? - ela brinca.

- Quem sabe - respondo, encarando-a.

- Você não tem medo do que as pessoas vão falar quando nos verem juntos? - ela indaga, curiosa.

- Eu não ligo para o que as pessoas vão falar - afirmo sincero.

Eu realmente não ligo, não quando se trata de Katherine. Que merda está acontecendo? Seus olhos brilham quando diz em um tom divertido:

- Graças a Deus! - Seu tom é de brincadeira, e não consigo tirar os olhos da garota à minha frente.

- E você não tem medo do que as pessoas vão falar quando souberem que você veio tomar sorvete comigo? - pergunto, querendo saber mais dela.

- As pessoas costumam falar mais do que deveriam, mas, pelo menos, não vão dizer que sou uma velha solitária - ela brinca. Mas, em uma coisa ela tem razão, as pessoas falam mais do que deveriam, porém já estou acostumado, ela não.

Damos risadas. Como chegamos a esse assunto mesmo? É fácil conversar com ela, o assunto flui naturalmente. Ela é espontânea e não tem medo de se impor, ao contrário de muitas garotas que conheço.

A garçonete traz nossos pedidos, Katherine pega o seu sorvete de morango, enquanto eu pego o de creme.

- Você namora? - Solto a pergunta. Não sei por que diabos estou curioso para saber mais dela, ela não é como as outras garotas que cruzam meu caminho.

- Não - responde direta.

- Por quê? - pergunto com interesse.

- Preciso estudar - replica sem pestanejar.

Ela me dá respostas curtas, como se não quisesse que eu saiba de algo. De repente, me dou conta que ela não quer que eu saiba mais sobre ela, e isso me deixa ainda mais curioso.

- Ok! Fale-me sobre você - peço.

Katherine me olha intrigada, está na dúvida se conta ou não para mim. Quero que ela se sinta à vontade comigo, apesar de termos começado com o pé esquerdo. Ficamos um bom tempo em silêncio, até que ela toma a decisão e começa a falar:

- Bom, tenho um irmão mais novo que é autista, o Josh, que é tudo para mim. Venho de uma família humilde, como você já deve ter percebido. Eu trabalhava para poder complementar a renda de casa. Agora que não estou mais lá, não sei o que acontecerá com eles. - Katherine suspira quando termina de falar.

Ela olha para baixo e vejo um traço de tristeza passar em seus olhos, eu não conseguiria me imaginar no lugar de Katherine.

- Você vai à festa no fim de semana? - pergunto, mudando de assunto. Estou realmente curioso e quero que ela vá.

No início, pensei que era apenas para manter a boca dela fechada, mas, no decorrer do dia, percebo que quero muito mais dela, e qualquer coisa que ela me der, ficarei feliz em ter.

- Não tenho roupa, não posso ir a um evento desses - ela responde.

Não falo nada. O silêncio permanece entre nós até que finalmente terminamos o sorvete. Perdemos a noção da hora e, quando saímos, já está escuro.

- Quer ver algo diferente? - chamo Katherine, distraindo-a de seu devaneio.

A conversa sobre a festa a chateou, e isso é nítido, então pretendo levá-la a um lugar onde possa esquecer o assunto.

- Não sei se é uma boa ideia, já está tarde - ela responde e olha o relógio, para provar que está ciente de seu limite. Sorrio, tentando convencê-la e, depois de algum tempo, ela aceita o meu convite, mas não antes de eu tranquilizá-la.

- Voltaremos com a limusine, eu vou ligar para o motorista vir nos buscar, haverá dois seguranças com a gente. Não se preocupe, se você não gostar, eu prometo que não vou falar com você nunca mais.

Pego o celular e ligo para o motorista vir nos buscar e, assim que guardo o celular no bolso, Katherine questiona:

- Você não vai levar as suas drogas, não é?

Ela se incomoda com as drogas. Logo elas que me fazem tão bem...

Tenho algumas pedras no bolso, mas, se eu quiser que ela vá comigo, terei que omitir esse detalhe. O que ela não vê, ela não sabe.

- Não trouxe nada comigo. Se quiser, pode me revistar - falo e levanto os braços, torcendo para que ela não faça isso, porque se ela fizer, estarei fodido.

Katherine se levanta e sacode o vestido, abrindo um sorriso antes de dizer:

- Eu confio em você. Todos merecem um voto de confiança. - Sorri.

Puta merda, Kate! Não confie. Eu não sou um garoto digno de confiança. Ela está me entregando a única coisa da qual não sou digno. Katherine não sabe, mas está cometendo o maior dos erros: confiar em mim.

Andamos em direção ao parque, a noite esta silenciosa e aprecio a companhia de Katherine enquanto caminhamos.

- Eu amei esse lugar, é incrível! - ela fala enquanto admira a paisagem.

- Eu também gosto daqui. Minha mãe me trazia com minha irmã, quando éramos pequenos - digo e sorrio com as lembranças.

Ela para e me encara, tentando entender o que falei. Como eu não disse mais nada, damos o assunto por encerrado.

SebastianWhere stories live. Discover now