Capítulo 30

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Depois de 5 dias após a luta, ainda tem paparazzi e jornalistas na minha portaria. Mesmo após a coletiva do dia seguinte, eles ainda querem uma exclusiva. Odeio exclusivas, normalmente falam de coisas pessoais e no momento minha vida pessoal está numa fase magica que não quero nada atrapalhando.
Saio com os vidros fechados e os seguranças conseguem abrir espaço para eu passar.
Estou indo na academia, quero manter minha rotina e daqui a uns 3 meses fazer outra luta. Além da satisfação pessoal e profissional, a fundação ficou em evidência, as academias lotadas, algumas sem vagas, e acima de tudo sou motivação para tantas mulheres, crianças e homens cadeirantes, e não ouso relaxar.
Na academia entro pelos fundos, a quantidade de novatos me assusta, além de ter paparazzis escondidos.
Na parte separada para lutadores, tivemos que restringir o acesso, pareceu exagerado no início, mas o Ricardo não negociou nesse sentido e acabei cedendo, ele faz tanto por mim.
Depois de um treino puxado, fisioterapia e massagens, estou com muita fome. Alberto me chama pra almoçar num restaurante reservado aqui próximo, ligamos e pedimos uma mesa bem escondida. Vamos cada um no seu carro e ele entra primeiro, depois consigo entrar, mas os olhares voltam pra mim como imã.
Ricardo me liga assim que me sento e digo onde estou, ele não gosta muito de ter saído sem seguranças, mas eu tento acalmar-lo informando que estou com Alberto. Desligo o celular e aparece um fã, pedindo autógrafo e foto. Os seguranças do restaurante, tentam tira-lo, mas eu atendo ele e até sorrio com a situação.
Alberto começa a me falar de um orfanato / abrigo especializado em crianças com deficiência, pedimos a comida. Logo depois aparece o mesmo fã, com uma pasta, pedindo para me entregar e dizendo coisas sem nexo.
Novamente pego na sua mão e fico com a pasta, prometendo lê mais tarde.
Ricardo me liga novamente, pedindo para enviar seguranças, diz que está com um pressentimento ruim. Tento acalmar ele, digo que estou com Alberto que em uma hora estarei em casa, até porque estou com sono, o treino foi puxado.
Terminamos o almoço, pagamos e tivemos uma saída tumultuada, vários repórteres, fãs, curiosos etc estavam na porta me esperando, quando vejo, novamente o rapaz da pasta aparece e começa a dizer algumas coisas me acusando, percebo que esqueci a pasta e faço uma anotação mental de ligar para o restaurante e pedir para alguém buscar depois.
Consigo enfim dá partida no carro e vou embora. Meu telefone toca e atendo no viva-voz é Alberto se desculpando e querendo saber se estou bem. Nos falamos por um tempo e digo que ele é o melhor treinador que tenho, na verdade é como um pai, e com certeza vou apoia- lo nesse projeto no abrigo.
Em seguida ligo para Vanessa e marco uma reunião para o dia seguinte, para saber dela como podemos incluí esse projeto a fundação, aproveito e conto como foi no restaurante.
- Tina, você não deveria ter ido sem seguranças, Rick está certo.
Desligo, mas ela diz que me ama ( ela sempre diz) e eu dessa vez digo que a amo também. Acho que essa luta me deixou mole, estou me declarando a todos.
Aproveitando meu momento sensível e ligo para o Ricardo, ele atende no primeiro toque. Deixo ele tranquilo, dizendo que já estou a caminho de casa. Ele pede para eu prometer não saí sem os seguranças.
-Você está muito em evidência! Quero a sua segurança. Amo muito você.
-Também te Amo. Pra mim é muito novo alguém cuidando de mim assim.  Digo melosa.
-Se depender de mim, será sempre assim, Te amo Tina.
-Também te amo meu Ricardo.
Desligo com um sorriso no rosto. Já estou entrando numa área de grandes indústrias, gosto de vir por aqui porque tem menos fluxo de carros, dou um volta maior para entrar no setor residencial, mas prefiro.
Nesse momento sinto um solavanco no meu carro, alguém bateu, e olho pelo retrovisor, um carro grande como um caminhão pequeno, e bate novamente, ele não está batendo sem querer, ligo a seta e vou para o acostamento, ele deve está numa emergência, deixo ele passar, ele não passa e coloco a mão esquerda, fazendo sinal pra ele passar, nisso ele bate novamente, meu carro derrapa na pista mas mantenho o controle, olho para os lados estou num local bem deserto e não passa nenhum outro veículo. Ele enfim resolve ultrapassar, mas antes de chegar ao meu lado ele joga o carro contra o meu, me fazendo rodar.
Rodo umas 2x na pista e bato a toda velocidade na mureta. Sou jogada para o encosto do banco do carro, estou com sangue escorrendo nos olhos, onde eu levei pontos do soco da luta, deve ter reaberto, o meu airbag abre me dificultando chegar no celular que caiu no chão com a batida ou no volante com os comandos de viva-voz.
Nisso o motorista do caminhão sai e vem em minha direção, não consigo me mover, tento puxar minhas pernas mortas, mas o banco deve ter travado o cinto, estou sem enxergar.
Quando ele aparece na minha janela, é ele, o fã do restaurante, o que me deu a pasta. Ele abre a porta e diz
- Você poderia ter olhado a pasta, era um bom projeto, mas você não me deu atenção...
-Eu esqueci, alguém vai buscar para mim. Digo com medo.
-Mentirosa! Você se acha muito importante, só porque consegue lutar sem as pernas se acha especial, nesse seu mundinho rosa, com tudo adaptado, pessoas fazendo suas vontades.
Ele fala coisas sem sentido, abre a porta e me puxa com toda força para fora, escuto minha saia rasgar na coxa, mas ele não liga, continua com um monólogo de que sou uma desumana.
Ele volta no caminhão, e vem em minha direção com uma arma, e aponta para minha cabeça dizendo.
-Você se acha especial, por fazer coisas que pessoas como eu com as 2 pernas não conseguimos fazer, mas você não é!
Tudo fica preto. Tudo some!

.....

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