Capítulo 12

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Acordo com muitas luzes no rosto, depois de ouvir e sentir algumas coisas, estou segura de abrir os olhos, sinto muita sede, e nessa hora que percebo algo me dificultando fechar a boca. Resolvo me levantar, mas também não é fácil. Escuto vozes e vejo minha amiga Vanessa, ela parece cansada e descabelada, será que acordei ela cedo.. Na verdade não sei que horas são, saí de casa as 9h e só me lembro do ir correr, atravessar a rua.. E me lembro! A caminhonete! Tento levantar e escuto Vanessa e uma moça bem simpática com ar professoral e vestida toda de azul claro.
-Tina, calma vamos te ajudar. -Vanessa diz sorrindo
-Srta. Cristina? Vamos fazer por parte, ok? Diz a moça com olhar calmo.
Ela me senta, pega o telefone e chama alguém, aparece logo um senhor de meia idade, que me ajuda a sentar.
- Cristina, sou o Dr. Maurício e já vamos retirar esse tubo de você, deite ela novamente, gostaria que tentasse relaxar.
Eles com cuidado puxam o "cano" da minha garganta, depois de tossir, bebo um copo d água e me sento.
- Como se sente? diz Dr. Maurício, colocando uma lanterna em meus olhos, olhando minha língua...
-Bem, eu acho. Tenho gosto de metal na boca e não consigo movimentar minhas pernas.
Vejo que os três se olham, e o médico me fala, isso é normal por um tempo ainda estamos fazendo testes. Preciso que você descanse, se alimente bem, e siga as instruções.
-Passarei a noite aqui?
- Acredito que o resto da semana, se tudo correr bem, lhe dou alta daqui a 5 dias.
-5 DIAS?!
Nessa hora minha amiga se aproxima e ajeitando meu cabelo, diz - Vai passar rápido, você vai vê, está com fome?
Percebo que estou uivando de fome, antes de responder a enfermeira anuncia:
- Vou solicitar sua janta.
E junto com o médico saem do quarto, informando que retornarão logo.
- Vanessa, passei o dia aqui?
Olho para ela e sei que tem algo errado
- Seu atropelamento foi na terça-feira, hoje é sábado.
Quase me levanto da cama de susto..
- Como assim? Dormi tudo isso?
Ela respira fundo e começa:
-Na verdade, você veio pela emergência, foi direto para o centro cirúrgico, e estava a 4 dias em coma, no início induzido, depois pelo seu corpo mesmo.
- O que eu operei?
- A coluna.
Eu vejo no olhar dela que tem algo errado.
-Me conta Van, o que está acontecendo?
A minha refeição chega nessa hora interrompendo nossa conversa, logo entra a enfermeira e me verifica, minha pressão, temperatura, olhos e sai.
Vanessa me passa a bandeja e pega o celular, falando com alguém..
Me alimento, como tinha fome, comeria 2x a mesma quantidade, mas minha preocupação é com Vanessa.
-Van, me conta!
-Vamos por parte, Ricardo esteve aqui, ele revesou todas as noites comigo..
Cuspindo água respondo -OI!
-Ele não saiu daqui, assim que a imprensa notificou o acidente.
-Imprensa? Perai foi um pequeno atropelamento...
-Não, amiga não foi não! Você foi jogada a uns 5 metros de onde estava num muro, onde imprensou suas pernas. Uma pessoa que passava, ouviu você dando o meu telefone para ligar e outra, percebendo que era você, filmou todo o resgate, está em todos os sites...
Fico estagnada e não consigo acreditar... Fui exposta no pior momento da minha vida.
-Vini tá tentando processar os autores, mas você sabe como é a internet.. Enfim, o Rick deve tá chegando, seja gentil com ele, ele está muito preocupado.
Ela fica em silêncio, sabe o quanto é difícil a exposição pra mim, me conhecendo como ninguém, Van me dá uns minutos para pensar, enquando desembaraça meus cabelos.
Escutamos uma confusão na porta e vejo Rick entrando.
Meu coração pula e sem rodeios ele corre e me abraça, ficamos alguns minutos assim.
- Ele beija minha testa e fala com Vanessa como se fossem amigos de longa data.
-Trouxe uns 10, quero 2 na porta dia e noite. Ele comenta com ela, ela concorda com a cabeça.
-2 o que? Pergunto
- São seguranças, os do hospital não estão dando conta, dos fãs da imprensa, até os proprios funcionários estão agitados.
-Eu continuo como se tivesse saído de um transe. Olho os dois falarem sobre mim, mas parece que é de uma outra pessoa.
O Dr. Maurício retorna e me examina, faz várias perguntas, eu respondo automaticamente, ainda não sabendo o que fazer.
-Srta. Cristina está muito bem, acho que podemos começar a pensar na alta para homecare.
-Homecare? O que é isso?
O nome me assusta, mas o rosto dos 3 me assusta mais ainda.
O médico apenas diz:
-Vamos amadurecendo a idéia. Se alimente, é só o que peço.
Nesse momento vem a enfa Flavia e recomeça com as medicações, ela avisa que o antibiótico dará sono. E dá mesmo. Adormeço sem reclamar.
Quando acordo, já está escuro lá fora, e Rick está com o notebook nas pernas e com olhar pensativo.
- Estou atrapalhando seu trabalho.
Ele se assusta e me olha
-Nenhum trabalho é mais importante do que a sua recuperação.
-Cade a Vanessa? Pergunto sorrindo
-Foi em casa tomar um banho.
Nesse momento me vem uma vontade louca de tomar uma ducha quente.
-Ricardo, será que poderia me ajudar a tomar uma ducha também?
Ricardo me olha branco, vejo todo sangue do seu rosto sumir, ele se levanta lentamente e vem até mim, com uma cara de sofrimento.
Ele passa a mão nos meus cabelos e olha em meus olhos dizendo:
-Meu amor você não pode levantar da cama, a lesão de esmagamento da coluna foi muito séria, seus banhos por enquanto serão na cama.
Nesse momento resolvo mexer meus pés, mas eles não obedecem, resolvo mexer o quadril, também sem resultado..
Antes dele dizer eu vejo a resposta em seus olhos
-Você não vai poder mexer as pernas, ficou paralítica da cintura pra baixo
.
Meu chão sumiu.

Luta de sensaçõesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora