Capítulo 29

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Ansiedade me define.
Entrego minha aliança de noivado para Rick e nós beijamos, vejo sua aflição nos olhos. Ele pega minha aliança e coloca no dedo mindinho e beija, me beija a testa e sai do salão. Estamos na academia, eu Alberto, minha fisioterapeuta e mais 2 assistentes, estamos entrando no clima da luta. Antes era um procedimento normal, eu me concentrava inteiramente. Hoje, sem o Ricardo, meu coração partiu. Sei que é por algumas horas, sei que se ele ficar será muito aflitivo para ele. Passamos a manhã com massagens, exercício de levíssimo esforço e conselhos. Alberto já me conhecendo, resume todos os meus movimentos e me ajuda a resumir o da minha oponente.
Almoço cedo e até tiro um cochilo com o fone no ouvido. Quando chega a hora, vamos todos para a arena. No portão de entrada temos muitos repórteres, jornalistas a imprensa pegou pesado. A luta "será do século" dizem as manchetes. Eu pela primeira vez quero muito vencer, não pelo título, não pela vitória e sim pela fundação, para dá esperanças a dezenas de crianças cafeirantes que hoje eu motivo com a minha força, quem diria, eu: a sra depressão do passado.
Como sempre vamos direto para o nossa "suíte", como combinado já deito na cama para reiniciar as massagens e quem sabe tirar um cochilo relaxante e que fará a hora passar mais rápido.
Acordo já na hora no aquecimento.
Estou pronta, e enfim entro na arena.
Um coro de milhares gritando : "Thorpedo" fiquei anos sem ouvir isso e me da uma força na hora, faço, minha pior cara de mal e sento de braço cruzado na cadeira, Alberto empurra como se tivesse empurrando um carrinho de obra. Faz parte do teatro.
Me seguro pra não procurar Rick na torcida. Mas sinto ele ali, me passando energia.
A luta começa e tudo some da minha cabeça, a oponente é boa, muito boa, mas escuto as orientação de Alberto na minha cabeça e no meu ouvido, não sei como, mas consigo ouvir a voz dele mesmo com toda gritaria do octógono, no intervalo dos rings ele me fala onde devo explorar e eu obedeço friamente.
No final do 5 round, não sei quem venceu, me concentrei na luta e não nos pontos, mas quando vejo meu treinador e assistentes entrando na arena e sorrindo, vejo que tenho grandes chances, passam a toalha em mim rapidamente e vou abraçar minha adversária, sei que a nossa luta é maior lá fora no dia a dia e só de está aqui já somos vitoriosas. Ela chora sorrindo e retribui, ao lado do árbitro nossas notas são anunciadas e nesse momento acho Rick, Vanessa, Vinícius, Rogério, Rodrigo... Na verdade é umas 2 fileiras de amigos, todos sorrindo e acenando para mim. E nessa hora o local explode com o anúncio do meu nome, sim eu venci minha estréia de MMA para caderainte, estou oficialmente de volta. Sou retirada da cadeira e estou nas costas de um dos rapazes, escuto perguntas dos reporteres, mas apenas agradeço. Como sonhei com esse dia! Como sonhei com esse retorno, me sinto realizada, estou de volta fazendo o que amo. Fazendo o que sei e amo fazer!
Procuro Ricardo com o olhar e ele está me aplaudindo, muito feliz por mim.
Voltamos para a suíte ao som da torcida "thorpedo" ainda escuto meu nome por um bom tempo depois que saí do octógono. Na sala sou abraçada por todos. Tomo um banho rápido e vamos direto para a van, fugindo dos fotógrafos e jornalistas. Tenho uma entrevista marcada para amanhã, hoje quero saborear minha vitória com quem amo.
Chegamos no restaurante do Rodrigo, fechado apenas para nós, família, amigos, funcionários e alunos próximos da academia e da fundação estão lá também, mas meu olhar procura meu porto seguro, meu amigo e meu amor. Ricardo está me esperando, e me abraça forte me levantando da cadeira e me beija, me fazendo gemer de dor, minha boca, meus olhos tudo dói, mas não quero que pare, e logo todos aplaudam e ficam gritando, nos encorajando a continuar em casa.
Após muitos abraços, um longo discurso de agradecimento, e um jantar maravilhoso, enfim vou ao banheiro vê meu rosto. Quase caio pra trás, estou um caco, Vanessa aparece com a Bolsa de maquiagem e disfarça alguns hematomas. Conversamos e ela me conta a visão de telespectador da luta.
Depois de várias taças de vinho, uns 200 brindes, as pessoas começaram a se despedir e só ficamos nos, Alberto, eu, Ricardo, Vinícius e a namorada. Falamos sobre a parte financeira da luta, conforme Vinícius, além do valor que recebi com os ingressos e prêmio. Ainda tivemos várias doações, e tenho alguns comerciais para fazer, mas hoje estou em estado de graça, nada me abala.
Chegamos em casa já amanheceu, tomo outro banho, retiro a maquiagem e na banheira examino meu corpo, tenho vários hematomas, o rosto é o pior, mas as costelas não ficam pra trás. Mesmo eu me insinuando, Ricardo não quer transar, diz que eu não estou em condições e hoje ele só vai cuidar de mim. Realmente, agora com o corpo relaxando a dor está chegando. Ele segue as instruções do meu médico e me dá 2 comprimidos com água.
Não lembro nem em como deitei na cama só me lembro de apagar. E sonhar com grandes nuvens fofas e brancas.

Luta de sensaçõesOnde as histórias ganham vida. Descobre agora