Consequências de um (des)amor passado

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É, esse é o Jungkook.

Na verdade, ele não queria esse nome, mas ficava imaginando como se chamaria se pudesse decidir. Então ele percebe que não tem a menor ideia do que escolher.

Jungkook é péssimo com decisões.

Olhando para os exames nas mãos dele agora, esse pequeno detalhe da sua vida parece mais óbvio.

Talvez Jungkook deva se auto denominar de bobo agora, porque é exatamente o que ele é. Um bobo doente.

- Jeon Jung Kook. Comparecer a sala 12 de Cardiologia.

Ele olhou para a tela de onde a voz robótica vinha e leu seu nome. Levantou da cadeira, nervoso. Seguiu por um corredor pequeno, até que ele estivesse entrando dentro da sala branca com uma mesa no fim dela, um homem alto e mais velho mexendo em alguns papéis. Fechou a porta, se aproximando do médico.

- Bom dia - ele disse, mesmo que seu dia esteja sendo péssimo. Preciso trazer boas vibrações, Jungkook pensa. O médico o olha, apontando para a cadeira no outro lado da mesa retangular.

- Bom dia. Veio para o retorno dos exames?

- Isso. - entregou a pasta de cor mostarda para o doutor, arrastando seus dedos nas coxas sob a calça jeans nervosamente. Ele tinha saudades de quando sua mãe estava do seu lado, então ela diria todos os sintomas e responderia tudo que o doutor perguntasse como se pudesse lê-lo. Mas ele estava sozinho, e isso era um pouco amedrontador. - E então, doutor? O que eu tenho?

O homem retirou os óculos e colocou na gola da camiseta branca. Ele suspirou pesadamente, e Jungkook podia prever o pior.

- É grave.

Ele ia morrer. Ele ia morrer e já estava pensando em fazer um comentário ácido sobre o quão jovem era para partir dessa para uma melhor.

- Mas há tratamento.

Oh. Então ele iria morrer, mas poderia adiar isso.

- Você poderá ficar bem e saudável por um longo tempo se seguir as receitas que te passarei agora.

- Mas... o que é exatamente isso?

- É conhecida como placas da dor. Elas são transmitidas por relações sexuais com pessoas já contaminadas. - ele ditou tudo pacientemente, como se tivesse feito aquilo várias e várias vezes. - Elas estão aqui, vê? - ele apontou com a ponta dos dedos para a ecocardiograma do coração que Jeon tinha levado para ele. Assentiu. - São pequenas manchas escuras que estão impregnadas no seu coração. Aos poucos, se não for descoberto logo, as manchas irão cobrir todo o coração, até que ele não consiga bater mais devido a enorme pressão e pare. Por isso, é extremamente necessário que seja feito os exames. Você é um rapaz precavido.

Jungkook sentiu um gosto horrível na boca da garganta. Estaria condenado se não tivesse se sentido tão mal ao ponto de seu amigo dizer para procurar se consultar.

- Mas... eu tenho muitas delas?

- Seu coração está quase totalmente coberto, filho. - ele disse com pesar, mas sua voz estava suave de novo. - Mas com o tratamento, elas podem ser desfeitas.

Concordou, engolindo seco. Ele sabia que não era verdade e que o doutor estava apenas tentando animá-lo.

Viu o doutor anotar com suas letras esquisitas algumas coisas na receita, marcando-a com sua assinatura antes de lhe entregar uma cópia.

- Aqui está. Você vai tomar um comprimido por dia, por dois meses. Não pode deixar de tomá-los. Precisa cumprir rigidamente a receita. Logo já estará se sentindo melhor. Nenhuma dor.

- Posso morrer até lá?

- Não diga isso. Você não vai. Basta se cuidar. - ele disse, sorrindo pequeno. Jungkook entendia a verdade por trás daquilo. Ele não estava realmente julgando o doutor por não ser direto e dizer a ele que sua morte estava próxima demais. - Mas é importante que evite se meter em relações negativas que possam agravar sua situação.

- Eu entendo. Obrigado, doutor.

Jungkook levantou da cadeira, as pernas pareciam moles. Pegou seus exames e a receita, guardando tudo na pasta mostarda.

Saiu da sala e fechou a porta.

Sua mão tocou a parede branca e ele suspirou pesadamente. Estava tão nervoso agora. Caminhou devagar, passando pelas várias cadeiras de espera onde antes estava, até sair do Hospital.

Caminhou até que estivesse em um ponto de ônibus, voltando para casa. Quando chegou nela, abriu a porta com cansaço, sem nem se importar ao deixar a pasta no chão e se jogar no sofá.

Bufou inconsolável.

- Isso é tudo culpa sua. - murmurou irritado. E não era mentira. Se envolver com aquele homem foi a pior coisa que já fizera.

Por isso ele era um bobo. Um bobo doente. E estava correndo contra o tempo para salvar a sua vida.

Sim, esse é Jungkook, e essa é a sua fatídica história contada por seus últimos sessenta dias.

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Uma introdução da nova história que irei escrever. Espero que tenham gostado desse prólogo!

Até mais xx

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