Em meio ao tempestuoso caos, sinto-me em casa, protegido. Luzes não chegam até aqui, mas eu as observo na distância. Ainda assim, elas fazem arder meus olhos. Fazem sofrer a perda do que nunca fora sentido. Nunca me pertencera. Mas na sombra, aqui, é meu domínio, onde vivo, onde me enterro a fim de cultivar as pragas que sufocam a vida. É meu caminho.
E ela chega.
Perturba a catástrofe. Estabiliza as ondas. Rompe no firmamento. Aproxima-se e me chama pelo meu nome. Eis a luz, a própria, que me convida a me abrigar sob as tuas asas de anjo.
Que anjo intrometido. Escandaloso em teu cantar melodioso e harpa sedosa. Que anjo destemido nas sombras do vale da morte, canta o paraíso. Meu anjo amigo.
Que ventos o trazem até esta miserável criatura para quem canta? Aconselho, pois, retorne ao teu lar. Volta-te a amansar as nuvens. Vem, enfim, teu sopro sobre mim.
Eis fada insistente que me puxa para a cálida tarde esquecida. Não me tema. Pertença-me, acolha-me. Quem fui, quem resta. Anjo da vida, da minha existência: a chave mestra.
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Onde nascem as estrelas
Poetry✔ | O corpo celeste confronta a combustão interna pelo seu lugar no espaço vazio. Depois de tantas orbitais em neurônios, ele escorre dos olhos e vai-se como tinta sobre o papel. Dessa pequena matéria explosiva, um novo universo se expande. Minicon...