Xeque-mate

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Química pura

As semanas na base dos ORCS se arrastavam a medida que o treinamento intensificava e o confronto final com Civitus aproximava-se, trazendo uma tensão gradativa que refletia-se no olhar de todos os rebeldes. Os grupos de almoço agora realizavam suas refeições em silêncio, nos corredores dentro do paredão os rostos impassíveis transitavam sob semblantes sombrios, como se a morte agora fosse hospede real.

- Isso é o seu melhor Krieg!? Ahahaha – Veloz Titã apoiou-se nas mãos em um salto para trás desviando do chute de Krieg.

- Você está se achando demais seu gorila!! Ahohorohoro – Krieg avançou aguardando o contra ataque de Titã. Os músculos dos homens seminus vibraram com o impacto enquanto os dois degladiavam-se. Krieg sentiu então o impacto de suas costas explodindo na lona, e em seguida os braços sendo retorcidos com a chave de Titã.

- Desiste? – Titã jogou seu peso contra o oponente apertando-o na chave de braço.

- Uuur-ur-urgh – Krieg tentou reagir a medida que a pressão de Titã aumentava – Eu desisto merda!

- Ahahaha parece que agora estamos páreos – Titã ajudou o amigo a erguer-se sentando-se a seu lado

- Seu desgraçado, eu peguei leve com você.

- Estou sabendo – Titã bebou um longo gole de água de cacto enquanto os dois recuperavam o fôlego.

- Titã... eu preciso da sua força – Krieg falou em tom sério - eu quero que você assuma o posto como capitão da 1° divisão na frente de batalha.

A sala de treino ponderou em pesado silêncio por severos segundos, enquanto Krieg aguardava resposta.
- Sinto muito Krieg mas tem alguém que eu preciso proteger...
- Não tem não! – Em pé na porta, Azus segurava uma porção de bolas coloridas com aspecto gelatinoso porém instáveis – Titã, eu acho que eu posso lutar ao seu lado.

- Azus não começa por favor – Titã ergueu-se quando percebeu a pequena bola verde viajando em sua direção – Você sabe que... Aaaaaargh, que diabos é isso?
A esfera gelatinosa explodiu no ar liberando uma onda de gosma que cobriu o corpo de Titã.

- Azus!!! O que é isso? Eu não consigo me mover!

- Isso segundo meu sensei é pasta de elefante, feito com peróxido de hidrogênio e iodeto de potássio junto com outros compostos para fixação, Isso é química!

- Quimica? Que merda é essa? me tira daqui Azus? – Titã debateu-se porém inultilmente.

- O que o Ark te ensinou garoto? Ahorororo – Krieg gargalhou observando Titã enfurecido em meio a pasta verde.

- Krieg você terá seu capitão, e eu também irei lutar a seu lado.

- Então, já que talvez não viveremos o amanhã, vamos festejar hoje a noite!!! Ahorohorohoro – Krieg avançou pela porta erguendo Azus no ombro.

- Seu desgraçado!! Larga meu Azus!

Xeque-mate

Centenas de pequenas luzes coloridas, desenvolvidas em um novo projeto de Petra junto com Rosa, enfeitavam o teto da caverna e banhavam todo o recinto como em uma dança de vagalumes coloridos.  Em meio as luzes dançavam os revolucionários que ao mesmo tempo cortejavam as moças, e vice e versa, já Titã e Azus não eram vistos desde cedo da tarde. No palco principal Krieg com um aparelho improvisado de Rosa o qual nomeara de grandefone, recitava uma canção lenta, com uma voz consideravelmente bela para um homem daquele porte.

- Onde você aprendeu a dançar assim? – De mãos dadas Petra acompanhava lentamente os movimentos de Teçá ao ritmo da música, o índio estava sem camisa mas o cabelo estava jogado para trás em um topete, em seu pescoço algumas contas pendiam.

Cães do DesertoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora