cinco almas

86 48 22
                                    


Precipício

As mãos de Azus tentaram agarrar o vento durante o mergulho da ponte em direção ao abismo. Em meio ao desespero, o estrangulamento de Titã afrouxou-se do pescoço de seu inimigo enquanto ele deslizou em direção a Azus na plataforma que desmaiava perpendicularmente. Azus sentiu corpo afundar em direção ao abismo e ser puxado novamente na ultima hora por Titã que agarrava-se a uma das grades enferrujadas da ponte. A passarela de concreto explodiu ao atingir o parapeito do abismo, Titã encobriu Azus e sentiu as costelas se partirem ao ser atirado em meio as rochas.

Agindo como escudo para Azus, agora envolta de seu corpo, Titã rolou em meio as rochas íngremes da parede do abismo, sentiu a protuberâncias rochosas arranharem e rasgarem sua carne, seu crânio chocalhou enquanto sua vista enrubesceu com o sangue banhando seu rosto. Os dois seguiram rolando em uma bola humana, até finalmente tocarem o solo pedregoso onde antes era o rio Acre.

Ao atingir o solo ainda em movimento Titã abrira os braços libertando Azus com apenas alguns arranhões que rolou até finalmente deter-se ofegante. Azus abriu os olhos, e observou os últimos resquícios de rocha da ponte escorrendo pelo penhasco, ao longe Titã de braços abertos, e deitado de costas há alguns metros de Titã o inimigo da ponte jazendo inconsciente.

Azus ajoelhou-se no cascalho tentando respirar

- Movam-se pernas... Merda! – Após alguns minutos recuperando-se da adrenalina, Azus avistou Petra aproximar-se correndo, começou a mover-se.

Cinco almas

Petra pousou a mão na testa do humano com pinturas estranhas, checou se estava febril, e voltou a limpar as feridas com a água que tinha encontrado durante sua busca. Azus próximo a Titã inconsciente observava o brutamontes respirar pesadamente enquanto tratava o ferimento na cabeça. Juanito com seus minúsculos pés de cacto essa altura já tinha vasculhado todo o ambiente da casa abandonada que estavam, no andar de cima pulou em uma superfície alcochoada com panos velhos, no corredor assustou-se com outro Cacto que imitava seus mesmos movimentos, correu entre os recintos e encontrou diversos objetos de ferro pontiagudos, até finalmente retornar para o saguão principal segurando com um dificuldade um pequeno objeto que Petra descobriu liberar fogo após alguns movimentos rápidos em uma pequena rodinha.

A fumaça da pequena fogueira escapava pelas janelas do recinto, iluminando as trevas da cidade abandonada. Azus sonolento despertou de um susto ao ver Titã abrir os olhos com dificuldade e murmurar algumas palavras, enquanto o humano de cabelos negros e lisos continuava apagado.

- Azus...- Titã murmurou, agora sentando-se

- Eu deixo vocês sozinhos por alguns minutos e isso acontece. – Petra mexeu em alguns pedaços de carne seca na fogueira, os quais tinham roubado da invasão a prisão.

- Titã eu sint – Azus tentou tocar em Titã que os afastou com um movimento de mão.

- O que ele faz aqui? – Titã apontou para o humano apagado.

- Eu... eu... – Azus tentou falar

- Porque você hesitou em matar o inimigo Azus? – Titã agora com semblante sombrio observava Azus.

- Nós não sabemos quem é ele Titã... Naquele minuto antes da morte... eu senti que os olhos dele expressavam algo diferente.

- Algo diferente uma merda Azus! – Titã Bradou vendo Azus estremecer – Hesitar frente ao inimigo significa morte! Mas você sempre foi um covarde.

- Ei, ei, agora não é hora para brigar - Petra interferiu

- E o que você pensa que eu sou Titã? – Azus reagiu com olhos marejados – o seu amuleto de bolso? que você é meu dono ou tem alguma obrigação de me proteger? Ou obedecer todas suas ordens??

Cães do DesertoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora