O mausoléu de cimento

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Para falar de sentimentos

O farfalhar das dunas deslizando sob as rodas do caminhão, embalava o grupo de amigos que seguia cruzando o deserto, a máquina pesada e com enormes rodas rugia, Petra com Juanito espetando seu colo precisara de apenas algumas horas para domar a besta que velozmente, balançava, se erguia sobre as dunas e deslizava majestosamente em seguida no mar de areia branca.

No banco de trás, Azus com o mapa em mãos acariciava os cabelos encaracolados de Titã, que encontrava-se agora adormecido com a cabeça em seu colo, Azus sabia que para Titã, a morte de seu pai daquela forma havia sido um choque muito forte, ambos não tiveram sequer tempo de despedir-se, os gritos de Titã enquanto era arrastado para o carro foram como lâminas, e pela primeira vez observando o brutamontes adormecido ainda com as pálpebras vermelhas do pranto, Azus o sentia fraco e vulnerável.

- Então Azus, para que lado a grande água? Petra tinha os olhos atentos no volante.

- Bem...Segundo o mapa... Como diabos eu vou saber Petra?? É tudo areia por aqui!

- Me dá isso aqui! - Petra parou o carro e tomou o mapa das mãos de Azus enquanto Titã moveu incomodado a cabeça. Petra deslizou os dedos finos pelo papel e afastou juanito de seu colo que correu para brincar debaixo do banco, em seguida passou uma mão pelos cabelos vermelhos que caíam sobre o rosto os jogando para trás.

- Aqui Azus olha... - Azus observou curioso os detalhes que Petra apontava - Essas marcas marrons são montanhas, e essas linhas aqui são relevos e depressões... a aproximadamente metade da manhã passamos por essa formação rochosa, pico da neblina, aqui, está vendo?

As unhas sem cor de petra arranharam o papel, passaram por uma marca chamada rio negro e outra solimões, até finalmente pararem nas manchas de terra com o nome Havaí.

- É aqui... onde está Civitus... e o povo que nos explora... - Os olhos azuis de Petra desfocaram por um momento, perdida em pensamentos, de como os quatro ainda estavam vivos, e como era loucura o que eles estavam fazendo - Mas não sei como vamos chegar lá...

- O veiculo de águas... - Falou Azus pegando o mapa novamente - eu já li livros sobre, eu sei a teoria e você pode pilotar petra, você é boa nisso.

Azus agora analisando as palavras no papel, lembrou-se dos livros que encontrava pelo deserto, das suas leitura que Titã sempre dizia ser perca de tempo

- tinha um local... o nome era, porti...portus... Aqui! Porto maritimo Callao, peru.

- Peru? Peru no velho mundo não era um pássaro? - questionou Petra

- Era uma galinha, eram conhecidas pelo leite, mas não importa, temos que ir naquela direção - Azus apontou para o horizonte, e em seguida abaixou o olhar para Titã adormecido com a cabeça em seu colo. Petra analisou os dois.

- Azus... Você gosta do Titã, não gosta?

Azus observou Petra intrigado

- Bem... nós somos uma dupla, eu invado e roubo e ele luta e - Azus falava quando Petra o interrompeu

- Não... eu digo, você gosta dele de uma forma romântica... não é?

Azus imediatamente corou, olhando para Petra sem reação

- N-n-não, v-você... é que ele... b-bem

- Não precisa esconder, eu percebi na forma que você olha para ele... e além do mais ele é muito burro para perceber Ehehe - Petra olhava para as areias enquanto falava - e sabe... eu também, gosto dele... apesar de bruto, ele me faz sentir segura.

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