Passeio

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- Não contra-argumente, Marcel. - Clementine, sentada na cama do irmão, esperava a aceitação da proposta.

- Isso não está correto, Clementine! - Falou um pouco alterado enquanto andava de um lado para o outro. - Se você conquistar o marquês, já será suficiente. Teremos muito dinheiro.

- Sim, mas se você se casar com a "Marie-Virgine", teremos tanto poder que poderemos massacrar a maioria dos nobres como os insetos que são. - Clementine levantou-se da cama e o irmão a analisou os pés à cabeça. - Não precisaremos da compra de títulos, porque o meu será legítimo. Uma marquise*, poderosa. Sentarei à mesa com o Imperador deste fin du monde.

- É ambição demais, Clementine. - Marcel pronunciou as palavras, já cheio de culpa.

- "Nón" é muita ambição. - A mulher apoiou a palma da mão no rosto do irmão. - É o que merecemos. Confesse Marcel... Você gosta da tola sem graça.

Clementine deu tapas leves na lateral do rosto do irmão.

- Ela é gentil e divertida, Clementine. Uma companhia agradabilíssima. Como eu poderia não gostar de senhorita Olivares? - Questionou enquanto tirava a mão da irmã de cima da própria face.

- "Entón nón" será sacrifício casar-se com ela. - Clementine sorriu ferina. - E sua corte começa hoje. Quero ir embora desse lugar o mais rápido que puder.

- Isso não vai funcionar, Tine. - Reclamou.

- Funcionará. - Clementine segurou o próprio queixo e olhou para o teto. - Uma das botas de Pierre está sem o par.

- Clementine, não pode ser natural esse problema que você tem com organização. - Marcel ergueu uma sobrancelha.

- Que mal há em gostar de tudo organizado? - A mulher abaixou o olhar até o irmão. - Além disso, é um bom sapato. Não é importada, pois senhor Weirtz usava uma do mesmo modelo. Lembra-se dele?

- Sim e também de suas botas. - Respondeu.

- Você sempre teve boa memória. - Clementine elogiou. - Agora trate de se arrumar para um passeio.

Azarado chegava à própria casa quando Marcel saiu em um cavalo. Seria guiado por Baltasar. Ambos se cumprimentaram à distância com um breve aceno de mãos.

O marquês entrou na residência e procurou pela mãe. Encontrou-a em seu ateliê de bordados. Uma saleta aonde sempre ia quando queria fazer artesanato. Com alegria, a mulher recebeu as últimas notícias.

- Maravilhosas notícias, filho! - A mulher disse e depois entornou um gole de seu licor de jabuticaba. - Pensei que a deixaria solta até que outro tentasse ganhar aquele coração bom.

- Eu não seria capaz de tamanha santidade, mamãe. - Confidenciou entusiasmado. - Se quer saber, meu peito queimou de ciúmes diante do simples flerte que Marcel lançou sobre ela. Então, que seja! Habemus* noivado.

- Qual será a data? - A mãe questionou enquanto o assistia ingerir licor.

- Dentro de três semanas. Neste fim de semana é o casamento de Maria Valeriana. Então deixaremos uma semana livre para as fofocas - Azarado piscou um olho para a mãe -, e só então movimentaremos a vida social das cercanias.

- Como se não fossem mexericar desde já. - A mãe riu. - Tão logo façam as encomendas e comecem a comprar o que for preciso, já começarão as notícias à boca miúda. Confesso que gostaria de estar na vila para ouvir a penca de variações que correrão.

- Se é isso que deseja, bem que pode cuidar das compras, mãe. - Sugeriu. - Preciso ver um pasto que está com a cerca arrebentada. Joaquim e Elias já estão concertando, mas seria bom ajudá-los. Até mesmo porque é necessário colocar tudo em ordem antes de viajar para as outras propriedades.

Sorte e o Marquês (Donas do Império - Livro 1) [CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora