Capítulo Trinta e Sete: E Viva aos Noivos!

323 40 6
                                    

18 de novembro de 1979

Faltam apenas dois dias para o casamento de James e Lily e nunca vi duas mulheres correrem tanto atrás de preparativos como eu vejo Alice e a ruiva fazerem. Vivem falando sobre arrumação das mesas, quem vai se sentar com quem, as músicas que irão tocar, entre outros. Nunca fiquei tão entediado com um assunto quanto esses que elas têm.

Além de que não param de insistir para ver meu discurso de casamento antes da cerimônia. E é claro que eu falei que seria uma surpresa, mas na verdade não escrevi nada ainda.

Alice e Marlene me fizeram prometer que não haveria nenhuma piada de mal gosto, conteúdo sexual ou história constrangedora durante o discurso. E, infelizmente me fizeram prometer e eu, forçadamente, aceitei. Quando mulheres se juntam para ir contra você, o mais sensato é sempre concordar com elas.

Eu não as culpo. Se fosse há alguns anos atrás eu faria de tudo para sacanear durante o brinde e assistir o circo pegar fogo. Mas percebo como isso é importante para meus amigos, então nada como fazer algo certo uma vez nada vida.

Além de que, não estou muito animado para esse casamento. Frank disse que me ajudaria a começar o discurso e isso já me animou um pouco mais. Depois daquela maldita carta do meu aniversário minha cabeça anda uma bagunça total. Obrigada, Frida, por estragar minha vida mesmo a distancia!

Receber aquilo no meu aniversário fez com que vários sentimentos reprimidos viessem a tona novamente. E isso foi uma bela merda, já que tirou meu sono, meu ânimo, resumindo, acabou fodendo meu psicológico.

Os rapazes até resolveram me levar para provar smoking e ternos ontem para o casamento. Sim, sou um péssimo padrinho que deixou tudo para os últimos minutos, mas agora já é tarde. Pelo menos consegui o terno sem muitos esforços. Sim, eu fui comprar smoking com James meses antes, mas apenas ele comprou. Achei aquele surto dele a coisa mais bizarra que eu o vi fazer.

Nem sei porque ainda insisto em escrever aqui. Acho que talvez seja uma jeito idiota de distrair minha mente de outros problemas. Afinal, o pretexto de Alice para me dar essa coisa que ela chama de diário foi que eu estava angustiado demais e precisava desabafar. Como eu não fazia isso com ela, precisava ser em algum lugar.

Em que merda eu fui me meter...


19 de novembro de 1979

Véspera do casamento de Pontas. Aqui na mansão está uma correria absurda para arrumar os últimos preparativos para a festa. Alice quase me assassinou com um salto alto por eu dizer que ela precisava relaxar.

"Madrinhas de casamento não relaxam até que o casamento acabe" foi o que ela me disse. E pensar que a primeira a ficar noiva foi ela. Do jeito que ela enrola o coitado do Frank, esse casamento não vai acontecer. Ou, se acontecer, vai ser o último entre os amigos. E olha que eu sou sempre solteiro.

Finalmente consegui escrever um discurso decente de casamento (ou pelo menos a primeira parte). Mostrei para a Alice e ela gostou. Perguntou-me onde estava o restante do discurso e eu, como o bom canastrão que eu sou, menti dizendo que era uma surpresa de casamento. Mas no fundo ela sabe que só escrevi aqueles dois pequenos parágrafos.

Sei que é errado. Tanto que eu estou escrevendo aqui para comentar o quão entediante foi o meu dia de arrumação das mesas e não estou escrevendo o discurso, que será lido na noite de amanhã. Acho que deveria escrever meu testamento também, só para o caso de eu vir a óbito amanhã, quando Alice souber que talvez eu improvise o meu discurso. Acho que será o maior vexame.

Dear Mr. PotterWhere stories live. Discover now