Capítulo 2 | Domingo

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Domingo....

- Deus abençoe pessoal! - o pastor encerrou a reunião e o obreiro reuniu todos os jovens para dar os recados.
- O Jorge não veio de novo Camila - Jéssica sussurrou do meu lado, olhei para o fundo da igreja e nada dele. Já são 3 domingos seguidos, com certeza perdeu a hora novamente por conta do trabalho.
- Às 15h00 é nosso encontro pessoal, até mais tarde - o obreiro liberou o pessoal e eu já estava saindo quando ouço a voz da obreira Tamires me chamando.
- Camila! Como está? - Tamires era casada com obreiro Diego e alguns messes os dois passaram a tomar conta do FJU - você sabe se aconteceu alguma coisa com o Jorge? Faz 3 domingos que não o vejo pela manhã.
- Eu não sei obreira, acho que é por conta do trabalho - fui sincera - O horário é meio complicado - soltei o ar que nem tinha notado que estava segurando - Mas porque o senhora perguntou para mim?
- Você gosta dele? - arqueou as sobrancelhas
- Eu...Bom, talvez - respondi rapidamente. 
- Você sabe que pode me enganar mas não a Deus e sua consciência.
- Eu sei - suspirei - é meio constrangedor falar sobre isso, não sei se a senhora iria entender isso.
- É mais constrangedor falar para alguém que não sejam suas amigas não é? - sorriu - eu entendo
- Mas eu considero a senhora minha amiga - ela riu e eu já estava em pânico. 
- E qual é o seu foco agora? - continuou séria.
- Meu foco agora é o Espírito Santo - eu não estava entendendo o porquê daquelas perguntas mas apenas respondi com sinceridade.
- Não perca o seu foco - assenti - o Espírito Santo é uma questão de sobrevivência Camila. Até mais tarde - saiu me deixando entre os primeiros bancos.
Foi a conversa mais rápida  que já tive com a obreira. Peguei o celular e mandei uma mensagem para o Jorge, vendo que a última mensagem que recebi era ele confirmando que não iria se atrasar hoje. Bom, eu não sou namorada dele nem nada (pelo menos ainda) acho que ele não me deve explicações nem nada do tipo, certo?
- Camis é pra tá aqui 14h00 viu? Nada de 14h01! - Pedro apontou o dedo pra mim.
- Sim senhor - assenti com sua exigência.

Mais tarde uma hora antes do Encontro Jovem...

- Desculpa o atraso galera - Jorge correu pelo salão até onde estávamos - Tudo bem?
- Seja bem vindo jovem, prazer Jéssica - estendeu a mão pra ele enquanto Pedro ria e Jorge rolava os olhos.
- Oi - Jorge veio na minha direção.
- Oi - respondi sem encará-lo enquanto arrumava o microfone no pedestal.
- Que foi Cami? Tá brava? - ....
- Não - ele riu - Você tem que ficar mais esperto - falei séria dessa vez - Já não veio de manhã de novo! A obreira me perguntou de você - eu não ia dizer que a obreira me perguntou se eu gostava do Jorge, acho que não era necessário ele saber disso.
- Eu sei, eu sei - sorriu e mordeu os lábios como sempre fazia - É por conta do trabalho, mas aqui estou eu - abriu os abraços.
- Eu tô de olho em você rapaz - entrei na salinha de som para plugar o cabo da guitarra.
- Pessoal vem aqui - o obreiro Diego chamou todos para perto - Bom, nosso trabalho é bem importante, o Cultura em si é - Pedro deixou o violão de lado e se juntou a nós - eu quero mais espiritualidade da parte de todos, não estamos tocando em um show mas sim sendo instrumentos nas mãos de Deus. É importante desenvolver, treinar, praticar, estudar porém o mais importante tem que ser o porquê de tudo isso, que não é para méritos nosso, entenderam?
- Sim senhor - todos falaram juntos. Em seguida demos as mãos e oramos apresentando a banda e o encontro de hoje e repassamos algumas músicas.

Estava tudo certo, tocamos logo no início do Encontro agitando o pessoal e todos estavam bem animados. Durante a pregação todos se sentaram e Jorge se sentou ao fundo junto com os outros jovens, estranhei mas deixei pra lá.

(...)

Ao fim do Encontro Jovem fui até o Jorge para conversamos.
- Ei, tá tudo bem com você? - coloquei a mão no seu ombro para que ele pudesse me olhar.
- Sim, por que? - respondeu sorridente.
- Hum, esquisito - continuei séria - Vai ficar para a reunião das 18h00 né? - perguntei já esperando uma resposta.
- Eu...Bom, não sei - olhou seu relógio - Acho que não.
- Ué porque não? Tem algum compromisso é? - estranhei.
- Na verdade não, é que... Tá bom, eu vou participar às 18h00 tá? - riu.
- Você é estranho demais, credo! - fiz uma careta e ri do quão atrapalhado ele conseguiu ser com as palavras, pior que eu.
- Você é sem graça demais hein - se despediu de mim e foi se sentar enquanto eu o acompanhava com os olhos.
Era estranho a forma com que Jorge estava agindo ultimamente, primeiro eu comecei a percebe-lo distante do que a gente fazia e agora ele parece distante de mim. Eu queria ter um futuro de verdade com alguém como ele, aliás, com ele! Mas eu não vejo nenhum sinal da parte dele, tudo que eu recebo são algumas palavras.
- Camis! Vai embora agora? - Jéssica chegou cortando meus pensamentos
- Na verdade sim porque?
- O pessoal tá lá em cima na central quer vir?
- Sim.

(...)

Ficamos jogando conversa fora e teve até uma partida de uno até o fim da reunião das 18h00, descemos de volta pois a igreja iria fechar e encontrei Jorge na porta.
- Você ainda tá aqui? - ele me perguntou.
- A galera tava lá em cima - assentiu
- Você vai embora  agora? Eu posso te levar em casa
- Não,  não,  não precisa sério - eu fiquei meio constrangida
- Não custa nada, vamos!
- Tudo bem... - eu me despedi do pessoal até que Jéssica me parou
- Camis, você vai ir embora com o Jorge? - eu não entendi a preocupação
- Sim
- Ok, eu tô a um tempo tentando te falar uma coisa e-
- Jéssica, a gente se fala por mensagem depois, eu já vou - eu realmente queria ir pra casa e o que fosse necessário eu saber poderia esperar.
- Camila toma cuidado! - segui caminhando ao lado de Jorge e fiz um sinal positivo pra Jéssica.
Durante metade do caminho foi total silêncio, eu me sentia estranha e constrangida e Jorge parecia tranquilo.
- Então, porque decidiu me levar agora pra casa? - quebrei o silêncio
- Bom, é um ato de cavalheirismo né? - eu ri enquanto ele tinha um sorriso no canto dos lábios
- Vindo de você eu não espero muito - comentei sem olhar pra ele
- Se fosse outro momento eu estaria ofendido, Cami - rimos juntos.
- Jorge - eu não sei porque mas eu tinha tantas dúvidas e ao mesmo tempo gostava tanto do Jorge que eu tinha medo de questionar algumas coisas - olha, eu queria saber quando você percebeu que tava gostando de mim? a gente não fala sobre isso pessoalmente e eu não sei porque - soltei um risada nervosa.
- No dia que eu te mandei mensagem falando o que eu sentia eu já estava a algumas semana pensando mais que normal em você - ele riu - foi rápido as coisas né? Eu não sei se é certo a gente expor tudo isso no meio da galera - assenti - Afinal a gente não tem nada também - e ele riu e eu senti uma dor no peito, então era isso e eu não estava percebendo.
- Mas a gente só não tem nada agora né? - além de constrangida eu me sentia completamente deslocada.
- É, olha chegamos - paramos na frente da minha casa.
- Sim - ficamos de frente um pro outro - olha eu não quero que você fique chateado comigo, mas eu não posso evitar que isso não me incomode, eu vejo que você tá distante de mim - eu não sabia decifrar sua expressão naquele momento - você tá distante do pessoal.
- Mas eu tô aqui agora Camila -  ele respondeu e se aproximou e eu me afastei um pouco. Eu tinha tanta coisa pra falar, era tanta insegurança, tanto medo.
- Jorge você sabe o que eu quis dizer - ele voltou se a aproximar e eu estranhei - olha é melhor eu entrar, essa conversa não vai chegar a lugar nenhum - peguei minha chave.
- Ok, então - ele abriu os abraços - tchau então? - eu não entendi de primeira mas cedi e o abracei.
- Até mais  - tentei me virar mas seus braços ainda estavam em volta de mim e eu percebi seu rosto se aproximando do meu - Jorge, o que você tá fazendo? - desviei meu rosto - JORGE PARA! - ele me soltou
- O que foi agora? - ele falou impaciente e naquele momento  eu vi que aquele na minha frente não era o Jorge na qual eu me apaixonei.
- Só vai embora - eu queria chorar mas não na frente dele e por isso entrei em casa as pressas. Meu coração tava acelerado e minhas lágrimas já desciam e agora eu tinha certeza que tinha alguma coisa errada e era eu que tinha que resolver.

Continua....

notas: OI LEITORES DO MEU CORAÇÃO pra compensar minha sumida devido um bloqueio eterno, trouxe um capítulo grandão e posso dizer que a partir daqui a história começa de verdade 👀volto em breve 💌

U n â n i m e sWhere stories live. Discover now