Ligados

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- você tem certeza que consegue? – perguntou o moreno pela quinta vez enquanto o loiro bufava. 
- já disse que consigo, eu vou com a sua amiga de toda forma. – Draco respondeu pela quinta vez enquanto o moreno se preparava para perguntar de novo. 
- pode ir Harry, o Draco pode ficar lá em casa se ele quiser. – disse Bella lançando um olhar questionador para o loiro. 
- viu Potter, eu vou ficar na casa da Bella. – disse ele. 
- ok, ok. Eu vejo vocês mais tarde. – falou rápido. – cuidado com a moto, era do Sirius. 
- tá, tá. – Draco acenou com a mão de forma impaciente. – agora vai lá. Tchau. 
- tchau. 
- vamos? – perguntou Bella depois de verem Edward partir em seu carro com Harry. 
- temos um problema. – disse o loiro se virando de frente para a garota. 
- temos? – perguntou franzindo a testa. 
- sim. Eu não sei andar de moto. 
- mas você disse pro Harry que sabia. 
- eu sei que disse, só não queria que ele achasse que sabe mais que eu. – respondeu em um resmungo. – sempre achavam ele melhor do que eu, não queria que aqui fosse assim também. 
Bella encarou o menino loiro que estava com os braços cruzados, um bico nos lábios e bochechas coradas e não teve como não compara-lo a uma criança. Sua atitude também não foi muito diferente de uma birra e Bella teve de se segurar para não dizer isso, ela podia ter acabado de conhecer o garoto, mas só pelo que ele acabou de dizer ela sabia que chamá-lo de infantil não seria a melhor coisa no momento. Será que posso dizer o quanto ele está fofo pelo menos? Acho que não. Pensou mordendo o lábio inferior. 
- ok, eu levo você na caminhonete. – disse por fim com um suspiro. 
- mas e a moto? Temos que levá-la ou o Harry vai brigar comigo. – disse apontando a moto. 
Bella olhou em volta, os alunos andavam pelo estacionamento entretidos em suas vidas, ela mordeu o lábio novamente enquanto pensava no que fazer, então tirou o celular do bolso discando o número que estava em sua lista. Draco inclinou a cabeça para o lado vendo a menina falar no aparelho. 
- oi, Bill, é a Bella, tudo bem? O Jacob está? – silêncio e ela voltou a falar. – oi Jack, está tudo bem, eu só preciso de um favor. Sabe a moto do Harry? Está no estacionamento da escola, tem como você pegar e levar lá pra casa? É depois eu explico, pode fazer isso? Ok, valeu, tchau. 
- então? – perguntou Draco quando a menina guardou o aparelho. 
- vamos, meu amigo vai levar a moto antes do Harry chegar. – disse ela vendo o loiro sorrir. 
- esplêndido. – disse ele animado e Bella riu da forma como ele falou. 
Bruxos. Pensou balançando a cabeça. 

Harry estava nervoso, ele estava no carro com Edward e o silêncio era cortado pelo som da radio em uma altura agradável. 
- então? – Edward chamou a atenção de Harry. – não quer ir a algum lugar específico? 
- eu não conheço muitos lugares por aqui. – disse pensativo. – mas o que você achar melhor, tudo bem. 
- ok. Quero então lhe mostrar um lugar. – disse o vampiro sorrindo enquanto acelerava. 
Harry estava curioso para saber que lugar era esse. O caminho não foi longo, Edward estacionou ao lado de uma lojinha de conveniência na beira da estrada e o moreno se perguntou se aquele lugarzinho modesto era o lugar que Edward queria mostrar. 
Eles desceram do carro e Harry olhou para os lados, depois para dentro da loja pela vitrine, havia lá artigos para fazer trilha e coisas para acampamento, as plaquinhas mostravam que estavam em promoção. 
Harry se lembro de quando sua tia comprou uma barraca para o filho só porque estava na promoção, e ele foi quem teve que aguentar o primo e os amiguinhos dele que montaram um acampamento no quintal. 
- por aqui. – a voz de Edward lhe tirou dos pensamentos. O Cullen estava parado com as mãos no bolso, Harry caminhou até ele e Edward lhe apontou uma trilha. – vamos pegar uma trilha inicialmente, tudo bem? 
- você não pretende bancar o lobo mal comigo né? – perguntou em brincadeira e viu o outro rir, era uma risada alta, descontraída e musical, Harry adorou a risada do maior. 
- não, pode ficar tranquilo, chapeuzinho. – devolver a brincadeira. 
Harry seguiu Edward por uma trilha bem visível, provavelmente as pessoas usavam aquela trilha para se aventurar na natureza.

Os dois caminharam sem problemas até certo ponto, então Edward lhe falou que precisariam sair da trilha. Harry pensou se deveria fazer um feitiço de localização, mas achou desnecessário, o vampiro com certeza sabia o caminho. 
- nos já estamos chegando. – disse o Cullen depois de pular um tronco caído, o vampiro estendeu a mão para ajudar Harry. 
- obrigado. – disse o garoto aceitando a ajuda, o tronco estava escorregadio por conta do musgo e a última coisa que o moreno queria era levar um tombo. 
- o que acha? – Edward perguntou afastando o mato alto e dando passagem para Harry. 
Eles estavam em uma parte descampada, ao longo da clareira era possível ver flores silvestres crescendo, a relva era baixa e do outro lado Harry viu um cervo pastando.

O animal nem um pouco incomodado com a presença os dois, continuou dando pequenos passos e então Harry notou a corça que estava logo atrás. A corça levantou a cabeça em sua direção, o encarando por meio minuto, Harry sorriu e a viu voltar a pastar calmamente, seguindo o cervo que se distanciava por entre as árvores. 
- é lindo. – disse em um sussurro. 
- que bom que gostou. – Edward estava feliz, ele tinha seu companheiro só para ele no momento. – você gosta de cervos? – perguntou ao notar como o menino olhava para o animal. 
- meu pai. – Harry disse e se virou para olhar nos olhos do vampiro. – ele era um animago, um bruxo que podia se transformar em um animal. – explicou quando o outro lhe olhou confuso. – ele se transformava em um cervo. 
- oh, e você também pode fazer isso? – Edward se perguntou se ele conseguiria notar a diferença de um animal pra alguém transformado em animal.

A ideia de pessoas se transformando em animais tão comuns em sua lista de alimentos o preocupava. 
- bem, não. – disse Harry coçando a nuca. – mas eu venho a um tempo pensando em fazer os testes para assumir minha forma animaga. 
- e ela seria um cervo? – perguntou já aceitando que tiraria esse animal do cardápio. 
- talvez, um bruxo só sabe qual animal será depois de transformado. – deu de ombros e depois sorriu maroto. – eu poderia ser um lobo. – disse em provocação e riu quando o vampiro fez um som de nojo. 
- por favor, qualquer coisa menos isso. – disse rindo. – aceito até mesmo um besouro. 
- oh, que Merlim me livre de algo assim. – foi a vez de Harry fazer sons de nojo. Besouro lhe fazia lembrar da Rita Sketter e sua aversão pela mulher se estendia a sua forma animaga. 
- ok, não gosta de besouros então. – Edward sorriu, os dois nem mesmo notaram o quão perto estavam até Edward tocar o rosto de Harry. 
- não são os besouros, mas a lembrança que eles me trazem. – murmurou sentindo o coração martelar em suas costelas por conta daquele toque leve.
Edward não disse mais nada e Harry tão pouco tinha palavras no momento, estavam ambos perdidos no olhar um do outro, seus corpos a centímetros, e foram eliminados pela aproximação de Edward, o vampiro descansou uma das mãos na cintura do menor enquanto a outra ainda lhe acariciava a bochecha rosada, não sabendo se pelo frio ou pela timidez. 
O ar quente saindo dos lábios vermelhos do moreno formando uma nuvem de vapor. Edward se sentia atraído pelos lábios do outro, e a forma como Harry se esticava na ponta dos pés e se apoiava no peito do maior lhe indicava que o moreno também queria aquilo. 
E o mundo por um momento parou, a floresta entrou em completo silêncio, as cores ficaram mais vibrantes ao mesmo tempo que não tinha mais tanta importância, porque a única coisa que importava era os lábios macios e quentes de Harry contra os gentis e frios de Edward, e o único som que podiam ouvir era do bater forte e descompassado do coração do bruxo enquanto ele tinha a língua do vampiro invadindo sua boca e criando uma dança sincronizada com sua própria língua. 
Harry estava emfim beijando Edward e ele podia sentir sua magia formigando em suas veias e tocando o vampiro, e pela forma como o corpo de Edward vibrou e se colou ainda mais ao dele, Harry pode confirmar que o garoto havia sentindo a eletricidade. 
Sua magia estava o reconhecendo como sua alma gêmea, e não havia mais volta, ali bruxo e vampiro sabiam que pertenciam um ao outro. Ligados por uma força maior que desejo ou paixão. 

Querido mundo novo.Where stories live. Discover now