Segundas Intenções. (Série Família Portinari)

Capítulo 70

- Não acredito. Sério Isso? Você está me saindo um romântico incorrigível. - falo.

- Para você ver. Topa? Fica no altar comigo. Fico meio inseguro. - fala com cara de cachorro na chuva.

- Claro que sim irmão. Pode contar comigo. Alguém tem que ser feliz aqui nao é?

- Não quero tristeza aqui não. Amanhã será um grande dia e quero você feliz perto de mim. - fala animado.

- O que eu não faço para ver meu irmão feliz?

O resto da noite foi tranquila. Relembramos toda a campanha do Léo até aqui. A Luna estava pelos cantos com a Louise e minha mãe. Devem estar maquinando como levar a Bella ao altar. Espero que ela aceite esse ato de amor do meu irmão. Espero que dê tudo certo. Pelo menos um de nós tem que ser feliz.

- Théo, estou indo para casa. Vou deixar a porta encostada. A Maria vai dormir la. - Diz Luna se aproximando.

- Ok! Vou demorar aqui. - falo.

Ela me olha e sai assim que beijo meus  filhos. O nosso clima só piora e isso me assusta. Luna foi a única mulher capaz de me mudar. Hoje sou outro homem e tudo por causa dela. Amo essa mulher como nunca amei outra em minha vida. Mas nossa relação parece não ter mais jeito.

Chego em casa quase de manhã. Encontro meus três amores na cama. Fico um bom tempo olhando para eles e pensando onde foi que me perdi nessa caminhada. Onde começou meus problemas com a Luna que nao me dei conta? Me bate uma tristeza tão grande que minha alma doi. De repente sinto uma pontada no peito. Um medo de que tudo isso acabe e eu fique sozinho.

Ando pelo quarto com medo de acordar a Luna e os pequenos. Meus pés parecem pesar. Me sinto um fraco. Sem condições para nada. Bebi para ver se essa dor no meu peito passa. E parece que só aumenta.

Ligo o chuveiro e me deixo ficar embaixo parado. Pensando em tudo. Preciso da Luna. Amo aquela mulher e sem ela minha vida vai ser vazia. Sinto que estou no fundo do poço.

Não sei quanto tempo fiquei inerte, pensando. Só me dei conta que estava nessa situação quando senti duas mãos me abraçando. Foi aí que desabei.  Coloquei para fora tudo que estava me sufocando.

- O que está acontecendo com a gente? - pergunto engasgado.

- Não sei. Mas, de toda forma, está machucando nós dois. - diz ela com a voz embargada.

Me viro e vejo que ela também está chorando. Sofre da mesma forma que eu. Achei que ela estava bem.  Que só eu estava sobrando nessa relação. Mas vejo que sente a mesma coisa. 

- Me ajuda. Não quero te perder. Mas sinto que é isso que está acontecendo. - desabafo.

- Tenho a mesma sensação.  Você  está distante. Mudou o comportamento. - fala.

- Desde o maldito dia em que disse que queria casar logo. Uma frase e tudo mudou. Entendo que você não queira.  E vou respeitar isso. Esqueça essa história de casamento. Não vou falar mais. Pode ficar despreocupada. Não quero mais casar. - falo e sinto ela ficar tensa. 

- Você me interpretou mal Théo. Não foi bem isso. - diz.

- Foi bem isso sim e eu entendi. - digo rápido. 

- Vem, termina esse banho e vamos para cama. Já esta tarde. - fala mudando de assunto.

Não respondo nada. Respiro fundo e termino meu banho. Desço para a coZinha só para ter o que fazer, não quero dormir agora.

Entro no quarto e ela já está dormindo.  Fico olhando por um tempo até que o cansaço me vence e deito.

Acordo com a sensação de que estou dentro de uma avião caindo.