Capítulo 10

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Acordo suando frio e trêmula

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Acordo suando frio e trêmula. Essa foi mais uma noite assustadora, carregada de sonhos ruins, lembranças ruins. Esfrego as mãos no meus rosto, tentando desesperadamente me livrar dessa sensação angustiante. Algumas lágrimas escorrem pelo meu rosto. Seco-as com o lençol. O relógio na mesinha marca 04:47am, logo o sol vai surgir. Afasto os lençóis, pois sei que será inútil permanecer deitada. Minha garganta arde e parece que o quarto diminuiu dez vezes de tamanho. Abro a porta e saio em disparada para fora. Preciso de ar puro, preciso respirar.

Confesso que mal vejo por onde estou indo. Tudo o que sei é que uma parede sólida resolveu se materializar bem no meu caminho. Não uma parede qualquer, mas sim Davi de carne e osso. Ele apara meu corpo em seus braços me segurando pela cintura. O impacto foi tanto que por um triz não fomos de encontro ao chão. Depois do susto momentâneo, ele me afasta e me olha nos olhos.

- O que aconteceu. - Sua voz soa baixa e distante. - Julianne? - Ele insisti. Preocupação está estampada em seu rosto. - Você está tremendo.

- Preciso de ar - digo em um sopro de voz por fim.

Ele não me questiona. Segura minha mão e me leva para fora. Descemos as escadas em silêncio e atravessamos a sala indo direto para a porta de entrada. Uma vez do lado de fora me recosta no pilar e aspiro o ar frio que vem do mar. O horizonte está tingido de vermelho, laranja e tons de amarelo. O sol está surgindo em todo o seu esplendor. Aos poucos vou ficando mais calma. Davi mantém um pequena distância confortável. Reparo na sua figura. Ele está vestindo um short de corrida e uma camiseta preta. Seus braços cruzados sobre o peito fazem com que seus músculos realcem. Davi parece desconfortável.

- Pode dizer o que foi que aconteceu? - Ele descruza os braços e se aproxima.

- Tive um pesadelo. - Fito o chão envergonhada. - Acho que entrei em pânico e me vi sem ar.

- Deve ter sido um pesadelo e tanto, já que você estava tremendo e suando frio.

Davi ergue sua mão e afasta as mechas de cabelo que estão sobre meu rosto. Sua expressão ainda aparenta preocupação. O que me deixa surpresa.

- Sim. - deixo as palavras saírem. - São lembranças ruins mescladas com sonhos confusos. Sempre é ruim.

- Então não é primeira vez.

- Não.

Não é uma pergunta, mas mesmo assim eu respondo. Ele apenas me olha sem expressar nada. Sua face é uma máscara sem emoções, porém seus olhos negros refletem inquisição.

- Acho que atrapalhei sua corrida matinal. - digo mudando de assunto.

- Não atrapalhou. O que aconteceu com você? Seus pesadelos são relacionados com as cicatrizes na sua pele?

Desvio meus olhos dele e me viro para o horizonte. Sinto um arrepio percorrer minha pele e ultrapassar minha camisola. Falar sobre as agressões que sofri ainda é ruim. Prefiro fugir do assunto. O máximo possível. Não gosto de entrar em detalhes e também não quero a pena
Minha respiração volta a ficar pesada. Fecho meus olhos e enterro minhas unhas nas palmas das minhas mãos. Meu corpo inteiro começa a ficar tenso. Sua mão repousa sobre minhas costas em um gesto tranquilizante. Lágrimas quentes molham minhas bochechas.

Doce Anjo (Degustação)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora