Doce Anjo (Degustação)

Capítulo 03

Os raios quentes do sol toca minha pele e eu respiro fundo o ar fresco que vem do mar, estou tentando aproveitar o máximo essas férias antes de começar a trabalhar na empresa do meu pai, meus dias de liberdade estão quase chegando ao fim, e minhas esperanças de pegar a Fernanda também. Ontem vi ela entrar no quarto de Michael de madrugada, nessa última semana que passamos aqui eles estão bem mais próximos, ela só tem olhos para ele. Então, não tem porque eu ficar atrás de alguém que jamais vai me querer por respeitar a amizade que tem pela sonsa. Uma furia intensa me domina e eu aperto meus punhos com força extrema. Garota estúpida!
Olho a bela visão do mar e sinto aos poucos meus músculos relaxando. Eu queria saber por que não suporto ela, mas não tem um motivo real. Inúmeras garotas já ficaram a fim de mim, e isso nunca me incomodou, então o motivo se estende a minha frente como um tapete, nunca nenhuma delas atravessou meu caminho e atrapalhou minhas conquistas. Conquistar Fernanda se tornou uma obsessão, pois é algo que desejo, entretanto não posso ter. E meu melhor amigo está cada dia mais apaixonado, está mais que na hora de eu sair da jogada.

Desço à trilha de pedras úmidas com cuidado para não escorregar, faço o percurso para a casa perdido em pensamentos e conflitos, outra coisa mais importante me preocupa, algo que devo resolver antes de voltar para casa e talvez a solução seja intragável, mas talvez menos insuportável do que me reserva.
Uma pequena figura caminha depressa na direção das rochas. Seu vestido branco balança com o vento, se fosse a noite eu teria me assustado. Desisto do meu caminho e decido seguir ela. Apesar de pequena, seus passos são ligeiros. Tomo cuidado para não ser visto, confesso que fiquei curioso para saber aonde ela está indo com tanta pressa.

Julianne se encaminhou para um lugar afastado onde raramente aparece alguém, o local é muito belo e para quem gosta de um espaço ao ar livre relaxante, com certeza aqui é uma ótima pedida. Rodeado por rochas, a água do mar se acumula fazendo uma espécie de piscina. Julianne para e retira os chinelos os organizando em um canto.

Vejo sem ar ela abrir o vestido botão por botão. Eu sei que eu devia sair dali, que deveria deixar ela ter sua privacidade, mas não consigo. Meus olhos se fixam nela. Julianne desliza o vestido pelo seu corpo. Sua pele alva parece ser macia ao toque, me perco em desvaneios, porém, algo me faz gelar. Cicatrizes, aquela pele clara e sedosa é marcada por cicatrizes. Meu coração se aperta no peito e sinto um nó se formar no meu estômago. Sem perceber meus pés me levam até ela, quando dou por mim, estou a poucos centímetros dela. Julianne fica petrificada, ela já notou minha presença. Levanto minha mão e com as pontas dos dedos toco uma cicatriz longa e fina, ela se encolhe diante do meu toque e estremece visivelmente

- Sou eu - falo em um sussurro.

Ela permanece calada, e treme. Por impulso, a viro para mim, e vejo seus olhos cheios de lágrimas. A tomo nos meus braços, e sinto aos poucos relaxar em meu abraço. Depois de algum tempo assim a afasto um pouco e a olho nos olhos.

- O que aconteceu para você ter essas marcas nas suas costas?- Limpo as lágrimas que insistem em cair.

Julianne não consegue falar. Ela se afasta, pega seu vestido no chão e começa a se vestir apressada. Não olha para mim. Apenas sai em disparada. Fico por ali mais um tempo sentido o vento bagunçando meus cabelos e tentando entender tudo aquilo.

Corri o mais rápido que pude. Meu rosto ardia como brasa assim como meus olhos, só fiquei tranquila quando finalmente entrei no quarto e me tranquei. Vou até a janela com minhas pernas ainda tremendo. Ele viu, viu minhas costas. Não é exatamente um segredo, mas saber que ele viu, que ele tocou àquelas linhas irregulares e longas, me doeu na alma e ainda dói. Não quero a pena dele e sei que foi exatamente isso o que ele sentiu. Olho para fora e então o vejo vindo na direção da casa. Ele caminha devagar. Será que está pensando em mim? No que ele viu? Congelo. Eu fiquei seminua na frente dele! Enterro meu rosto nas mãos e tento controlar meus batimentos e a vergonha que me domina.

Durante todo o dia eu não o vi. Passei boa parte trancada no meu quarto e outra parte na biblioteca da casa. Tentei por diversas vezes escrever, mas minha concentração estava péssima. Olho para o relógio de parede, nele marca quase onze e meia, acho que é hora de eu sair daqui e ir para meu quarto, tomar um banho e descansar.

Saio da biblioteca fazendo o menor ruído possível, algo desnecessário já que todos foram para uma boate aqui perto. Fê tentou por horas me convencer de ir, porém eu não estava no clima mais cedo e na verdade para esses tipos de diversão eu nunca estou. Antes de subir para o meu quarto vou até a cozinha pegar um copo de água.

- Boa noite. - A voz arrastada de Davi me faz dar um salto para trás com o copo de água na mão.

Água se espalha pelo chão e por pouco não derrubo o copo com o susto.

- Boa noite - respondo sem o encarar diretamente. - Eu pensei que estava só.

Davi se afasta da parede e vem até a mim. Seus olhos me queimam e dessa vez eu sustento seu olhar sem desviar um só momento. Parando a poucos centímetros de mim ele pega o copo que estou segurando e coloca sobre o balcão.

- Não vi você comer nada o dia todo. - Sua voz sai em tom de reprimenda. - Daisy deixou seu prato feito no microondas, aqueça e coma. Saco vazio não para em pé.

Davi diz em tom seco. Girando nos calcanhares, ele sai da cozinha me deixando só. Meu estômago resolve reclamar depois da reprimenda. Então, decido que realmente preciso comer algo.

Recadinho da autora...

Olá, amores!
Por hoje é só, mas segunda-feira tem mais,viu?!

Então não esqueça de deixar sua estrelinha. Beijos da autora.

PS, vocês são demais!💕