Prólogo

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À vida é feita de altos e baixos e a minha não é exceção

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À vida é feita de altos e baixos e a minha não é exceção. Repuxo na memória recordações felizes, mas se borram com as lembranças de momentos de horror. Eu lembro vagamente do meu pai, um homem bondoso que amou sua única filha até o último suspiro. Até os seis anos fui adorada e tratada como uma verdadeira princesa, me sentia protegida e segura. Porque eu o tinha ao meu lado.

Dá minha mãe nada lembro sobre ela, nem ao menos um fotografia velha e desbotada tenho para recordar sua fisionomia. Martha, minha antiga babá me falou vagamente sobre ela. Disse que ela não amava meu pai e partiu dois anos depois que nasci. Era tudo o que eu sabia, porém na minha inocência de menina não entendia. Lembro das vezes em que flagrei meu pai segurando algo nas mãos, acho que uma foto. Sempre que eu me aproximava, ele enfiava em uma gaveta com tranca na mesa de mogno do seu escritório. Em todas às vezes seus olhos estavam marejados.

- O senhor estava chorando, papai? - pergunto com minha voz pequena e receosa.

- Não, meu anjinho. - ele me puxa pra perto e me coloca no seu colo e em seguida me abraça. - O Papai não estava chorando.

Mesmo negando eu sabia que estava. Sempre em uma certa época do ano ele ficava assim, melancólico. E mesmo com toda a sua dor, ele me amou. Uma noite ele sussurrou na cabeceira da minha cama embargado, acreditando que eu já havia dormido, sua voz não era mais que um murmúrio:

- Você foi a única coisa boa que aconteceu na minha união com Teresa, jamais me arrependi um só momento, porque ela me deu o maior presente do mundo. Você, minha filha, minha bonequinha!

Minhas pálpebras se cerraram e caí em um sono profundo. Queria ter aberto meus olhos e dito a ele que nos meus curtos seis anos de vida, ele também era para mim, o melhor presente que a vida me deu.

Dali em diante tudo se tornou um borrão. Empregados sussurravam baixinho, lamentos e lágrimas. Me sentei na escada sem compreender nada, meu papai não estava em casa, então esperei por ele, uma espera que se acabou no dia seguinte, quando Martha me vestiu um vestidinho preto do qual eu desconhecia a existência, e me pegando pela mão me levou para o salão. Várias pessoas estavam lá. Todos usavam preto como eu e uma coisa grande, uma caixa de madeira em um formato comprido fora posicionada no centro do salão. Senti como se um ímã me puxasse em sua direção. Escutei os passos de Martha nas minhas costas, mas não me deti e ela não mencionou fazer algo do tipo. Ela apenas me acompanhou.

Segui em passos lentos, cada passo, fazia meu coração se apertar no peito e um nó se formar em minha garganta. Olhei fixamente para a peça geométrica e a toquei. Apesar de alto, consegui ver as pontas de sapatos polidos se sobressair. Eu ainda não podia ver, então Martha me pegou no colo para que eu pudesse olhar para a figura fantasmagórica do meu pai. Aquilo era um caixão e meu pai estava morto.

Me debati no colo dela até que ela me soltasse. Meus olhos caiam lágrimas sem cessar, eu tentei limpar com o dorso da mina mão, mas elas continuaram a cair livremente. Arrastando uma banqueta subi para ficar da altura dele. Me joguei sobre o peito rígido do meu pai e chorei, chorei até não ter mais forças. Eu não queria solta-lo, mas mãos fortes me tiraram de perto dele.

- Acorde, papai. Não me deixe... por favor! Não vá agora... - soluço enquanto Martha tenta me controlar - Ele está dormindo, não está Martha? - seguro o rosto da mulher com minhas pequeninas mãos. Ela nega com a cabeça, seus olhos estão lacrimejando e ela faz um grande esforço para não chorar.

- Não, meu amorzinho. Papai agora foi morar com Deus.

Um grito angustiado sai do fundo da minha garganta, enterro minha cabeça no ombro dela. Lembro que ela saiu comigo da sala e me levou para o meu quarto. Adormeci em meio às lágrimas e soluços.

Meu pai foi vítima de um acidente de carro. Morreu naquela mesma noite em que murmurou na minha cama o quanto eu era importante para ele. Um caminhão em alta velocidade atingiu o carro dele em cheio. O automóvel dele foi atirado para longe. Infelizmente ele estava sem cinto de segurança e o airbag não acionou a tempo. Ele quebrou o pescoço e teve os órgãos internos perfurados pelas ferragens.

 Ele quebrou o pescoço e teve os órgãos internos perfurados pelas ferragens

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Dois dias depois, fui levava para morar com a irmã da minha mãe. A única parente viva e minha tutora legal. Amanda recebeu os advogados e eu com um enorme sorriso. Sorriso esse que não vacilou um só momento, mesmo depois de ouvir cada clausura imposta no testamento.

Eu herdei tudo o que pertencia a meu pai. A empresa, as indústrias, terras, a mansão, uma fazenda próspera e uma grande soma de dinheiro. O único detalhe é que, eu por ser menor de idade, teria que esperar completar 21 anos, ou me casar depois que completasse 18 anos para enfim tomar posse da minha herança. Os sócios de confiança cuidariam de tudo. Meu tutor, no caso, tia Amanda, receberia uma pensão mensal que cobriria todos os meus gastos. Os empregados seriam mantidos. Martha não pôde ir comigo, então recebeu uma pequena quantidade generosa e foi dispensada. Segundo minha tia, eu não iria necessitar de uma babá. Amanda não ficou feliz com a notícia. Ela esperava por as mãos nos meus bilhões. Entretanto sua máscara permaneceu firme.

Logo que ela fechou a porta e os advogados saíram em seus respectivos carros, ela deixou sua máscara de boazinha cair.

- Não pense que aqui vai viver como uma princesinha como foi na sua mansão. Aqui você vai ralar, sua ratinha. - ela me fuzilou com olhos tempestivos e eu me encolhi. - Vou destruir você, verme. Seu pai fez a pior burrada da vida dele ao confiar você nas minhas mãos. Vai entender de hoje em diante que nada e fácil. Se não foi pra mim, também não será pra você!

Doce Anjo (Degustação)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant