O abraço do espantalho:

25 2 0
                                    

O sorriso forçado se torna explicado, ao som do gargalho do velho espantalho.

Preso sempre no mesmo lugar, rindo para os corvos espantar.

Suprime a ânsia de correr e os pegar.

- Não posso! Não posso me acometer de tal ato vil. 

Imagine tirar a liberdade do bicho beber água no rio!

Então o pobre espantalho só passava a observar.

O quanto os corvos grasnavam ao voar.

Quieto, aterrorizante, sem mexer-se nem um instante.

Ele até via as crianças a brincar pelos campos de milho

Mas tinha medo de falar com do dono da fazenda o filho.

Ele dizia em sua mente, quando estava contente:

"Venha perto criança inteligente! Não vê que lhe trago um presente?"

Com os braços de foice o espantalho queria abraçar;

Mas como se suficiente não fosse, ninguém, perto dele, queria chegar.

Foi quando em um certo dia a oportunidade surgiu.

Um outro menino, não do dono o filho, vinha subindo o rio.

Então o espantalho barulho de corvo começou a imitar

Ele sabia do estilingue do menino, por isso queria provocar

O menino parou, respirou e os olhos apertou

Sem nem exitar começou a procurar tinha um corvo pra caçar.

O garoto se esgueirou e procurou, mas o corvo simplesmente havia desaparecido;

Agora como um velho conhecido 

O espantalho se erguia assustadoramente

Como um monstro, que estava contente

Todos sabiam sobre espantalhos;

Eram bons pra espantar os corvos dos galhos

Mas essencialmente eram só assustadores

Já que os faziam com roupas sem cores

Ele tocou no espantalho e de costas virou

Mas no meio do caminho o menino parou

- Fique. 

Assombrosa era a voz

O menino e os corvos não estavam a sós

- Quem falou isto?

Retrucou o menino arisco;

Girando para encontrar, ele não sabia o que procurar.

Primeiro achou que era o velho chato que cuidava do lugar;

E depois mudou sua forma de pensar.

A voz não era humana e isso era uma certeza;

Agora ele havia de pensar com toda a clareza;

O garoto se afastou e no espantalho encostou.

A voz era tenebrosa, rasgada  e rouca, 

Era cruel e de amizade pouca;

Tinha um retalhar sonoro.

Quase como lâminas batendo em chamas.

Quente, derretida e afiada

De fato a voz mais macabra

A voz ficou mais forte e então o garoto percebeu sua má sorte.

- Que bom que veio perto do abraço, assim fica muito mais fácil.

Desatou o menino a correr

Já que o medo o fez esbranquecer

Ele rapidamente percorreu o milharal

Mas parou ao olhar o ombro furado como que por um punhal

O sangue vermelho prontificou a escorrer

Do ombro do garoto um rio carmesim fluía para garrafões encher.

O garoto lutou mesmo com a dor lancinante

Mas o espantalho tinha uma força alucinante

A foice do braço do espantalho puxou ele de pressa

O garoto começou a gritar, mas aos poucos o grito estancou;

quem sabe do abraço ele gostou.

Foi o que o velho espantalho pensou.

Afinal, qual seria o sentido de ele não gostar?

O garoto gostou tanto que ficou uns dias parado ao lado do espantalho.

Na verdade até uns homens com chapéus engraçados tiveram que vir retira-lo.

O espantalho estava feliz, pensou ter conseguido um bom amigo e que ele não tardaria a voltar.

Naquela noite sua alegria era de espantar.

O abraço tinha o deixado vivo

Já que o sangue havia o nutrido.

Mas o menino nunca mais voltou;

E o espantalho se decepcionou. 

Mas não era hora para desistir! De fato!

Não ia ficar melancólico feito um chato! 

Talvez ele não reconhecera como era bom o seu presente.

Não era então um garoto tão inteligente!

Agora o espantalho deveria esperar?

Quem sabe o próximo não iria do abraço gostar?

QuimeraWhere stories live. Discover now