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Bastou que Sehun e Mi So entrassem para o quarto dela para que os três Kim se calassem. Mi So chegou a se perguntar se eles teriam a audácia de tentar escutar por trás da porta. E eles tiveram. Mas nem ela nem Sehun pareciam se importar. Ele estava mais preocupado em escolher as palavras corretamente, o que parecia impossível com Mi So olhando tão atentamente para ele.

- Achei que quisesse falar algo. – ela disse, tentando provocá-lo para desfazer aquele silêncio constrangedor.

Ele deu um risinho.

- E quero. – falou baixo.

Mesmo assim, ele não disse nada. Apenas fitou os olhos de Mi So com a maior intensidade que conseguia. Estava preso nela. No formato de seu rosto, na cor de seus olhos, no gosto de seus lábios que ainda estava bem vivo nele. E num momento, eles apenas se olhavam, e no outro, se beijavam.

Não um beijo calmo e conquistador, mas um beijo desesperado e cheio de saudades. Sehun não se sentiu mal ao morder os lábios dela, ou por dar um puxão fraco nos cabelos de sua nuca. Não quando ela gemeu baixinho em resposta.

- Sehun... não. – ela tentou dizer, mas ele teve a impressão de que estava repreendendo a si mesma. – Nós não podemos.

- Por quê? – ele perguntou contra os lábios dela. – Me diga, porque não podemos?

Mi So engoliu em seco ao ouvir o tom seco de Sehun.

- Me diz Mi So? – ele passou as mãos pelos cabelos, visivelmente irritado. – O problema antes era Dong-sun, eu já dei um jeito. – Mi So ficou surpresa ao ouvir a noticia. Ela não sabia. – Eu te dei um tempo para se recuperar do susto que foi ficar nas mãos de Snow, mas já se passaram quase duas semanas.

Foi a vez de Mi So rir sem humor, e olhar com uma cara completamente incrédula para Sehun, que sentiu seu estômago se revirar.

- Duas semanas. – ela sussurrou as palavras, derramando dor em cada letra. – Você acha que isso é tempo suficiente para eu me recuperar? Huh? Acha, Oh Sehun, que duas miseras semanas são o bastante para que eu esqueça tudo o que eu ouvi, vi e vivi nas mãos daquela louca?

Sehun xingou cada pedaço de si ao ver as lagrimas escorrendo duramente pelo rosto pálido de Mi So.

- Mi...

- Cala a boca. – Mi So o interrompeu de olhos fechados, rudemente. – Eu ainda lembro do horror que eu senti quando ela disse que você tinha chegado, e do quase alivio que senti quando não vi você.

Minseok se remexeu desconfortável atrás da porta.

- Mas então Minseok estava lá. – Mi So deixou sair seu primeiro soluço. – Mais uma pessoa disposta a se sacrificar por mim.

Surpresa atingiu os meninos, todos eles. Jamais passara pela cabeça deles que ela se sentia daquela forma.

- Tem noção do quão grata e apavorada eu fico toda vez que olho pra vocês? – Mi So continuou, rangendo os dentes na tentativa de segurar o choro. – Duas semanas se passaram Sehun, mas não teve um só segundo desde que tudo aconteceu que eu não tenha pensado em vocês, em como estão expostos à morte fazendo isso. Não consigo parar de pensar que vai haver um dia em que vocês vão sair, e nunca mais vão voltar. Não consigo parar de pensar que esse dia quase foi há duas semanas, e por minha causa...

Sehun a abraçou no momento em a voz e os joelhos de Mi So falharam. Ela chorava e tremia, e ele se sentia culpado por não ter ido cuidar dela antes. Eles e os outros decidiram que seria melhor se lhe desse espaço, mas se esqueceram de perguntar se era isso o que ela queria, ou que precisava.

E vendo-a ali, frágil em seus braços, ele percebeu que estava atrasado. A porta do quarto se abriu devagar, e Sehun olhou por cima do ombro de Mi So, vendo os três Kim entrarem. Estavam todos absortos em um grande abraço, ouvindo os soluços sofridos de Mi So. Até que ela caísse no sono.

- Deixa que eu cuido dela. – Minseok falou para Sehun, pondo sua mão em seu ombro, mas soou mais como um pedido do que um comentário.

Sehun apenas acenou minimamente com o queixo antes de sair com os outros. Minsoek deitou Mi So na cama e a cobriu com uma manta antes de se sentar na beirada da cama e acariciar aos cabelos que caiam sobre o rosto dela.

- Ah, Mi So. – suspirou. – Você não tem culpa de nada disso. Nós daríamos nossas vidas por você quantas vezes fossem precisas, e sabemos que você faria o mesmo.

E de fato, faria.

- Nós... – ele engasgou nas palavras. – Eu amo você, mas e é por isso que vou estar sempre do seu lado mesmo quando você não quiser.

Minseok permaneceu por mais alguns minutos ali, para se certificar de que ela ficaria bem, antes de se despedir com um beijo na testa dela e sair do quarto. Mal tinha fechado a porta quando deu de cara com Sehun.

- Você disse que a ama. – Sehun falou em um tom tão sério que até mesmo ele se assustou.

Mas Minseok não estremeceu nem se permitiu abalar com isso.

- Sim. – respondeu ele, quase no mesmo tom, endireitando a coluna. – Mas não precisa se preocupar, não é do meu interesse ficar com ela sabendo que ela não me quer.

Sehun quase desabou de alivio ali mesmo, mas preferiu manter a pose até que Minseok se afastasse. Queria entrar e ficar com Mi So, mas estava tarde e ela precisava descansar, então escreveu um bilhete dizendo que voltaria pela manhã e pregou na geladeira.

- Podemos revezar nos cuidados com ela. – Jongdae sugeriu, enquanto Sehun fechava a porta da casa de Mi So.

O menino ponderou a respeito, mas concluiu que talvez Mi So não se sentisse a vontade sabendo de toda aquela preocupação com ela.

- Baekhyun disse que ela vai voltar para o trabalho amanhã. – informou aos outros. – Acho que não vamos ter muito tempo para cuidarmos dela.

Jongin soltou um suspiro cansado.

- Não concordo com isso. – ele disse, recebendo olhares interrogativos dos outros. – Ainda é muito recente, toda essa confusão. Tudo está acontecendo rápido demais pra ela.

Sehun assentiu, concordava com cada palavra. Mas também sabia que seria bom para ela uma distração como essa.

- Acho que var ser bom pra ela. – Minseok interrompeu.

Sehun revirou os olhos, discretamente.

- Acho que só quem pode decidir o que é melhor pra ela, é ela mesma. – ele falou. – Mas concordo.

Minseok lançou um sorriso falso para Sehun. Jongdae decidiu que era hora de intervir.

- Meus queridos amigos, - flou passando os braços pelo pescoço dos dois, - já faz um tempo que não nos divertimos um pouco.

Jongin o olhou confuso, mas entendeu o que ele queria dizer ao ver o brilho maldoso nos olhos de Jongdae. Jongin sorriu.

- Vai ser a primeira vez do novo recruta. – ele disse.

- O que? – Minsoek indagou.

Sehun soltou um ruído estranho, entendendo o plano de Jongdae.

- Não é uma boa idéia. – falou, incerto. – Além disso, eu preciso ficar livre caso Mi So

- Ah, por favor. – Jongdae deu um peteleco na cabeça do Oh. – Ela não vai precisar de você, e você precisa se distrair tanto quanto ela.

Sehun estava pronto para argumentar contra, mas cedeu a insistência do amigo. Um sorriso sombrio dançou nos lábios de Jongdae.

- Vamos lá rapazes. – ele falou, com uma animação assustadora. – Vamos aquecer alguns motores. 

Angel. 》Oh Sehun 《Where stories live. Discover now