Ameaça ou presente?

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Depois de semanas internada em um pequeno quarto de hospital recebendo soro, finalmente eu me recuperei, eu me sentia boa outra vez e apesar de meus pulsos ainda doerem ainda assim eu estava bem, e sem falar que eu não aguentava mais ficar ali parada sem fazer nada o dia todo e sendo paparicada pelos médicos e pela minha avó enquanto as pessoas que fizeram isso comigo seguiam impune e quem sabe já estivessem planejando outro ataque contra mim, tudo era possível então quanto mais rápido eu sair daqui melhor será pois eu preciso descobrir algo sobre essas pessoas!
- Senhorita Blossom trago boas notícias! – falou o médico que estava cuidando do meu caso dês do início.
- Finalmente, achei que nunca mais teria notícias boas nesse quarto! – respondi debochadamente.
- Você já está de alta, pode voltar para casa! Mas com uma condição...- falou ele me olhando com uma cara não muito agradável.
- E que condição é essa?
- Você precisará de consultas com algum psicólogo, eu não posso deixar você voltar para casa nessa situação depois de tudo que você passou...
- O que? Você só pode estar de brincadeira né?! Quantas vezes eu vou ter que falar que isso não foi uma tentativa de suicídio?! Eu não preciso ir em lugar algum...- respondi com o tom de voz alterado e me levantando em direção a porta, eu estava farta de todo aquele papinho, ninguém acreditava em mim eu sei que tudo isso pareceu ser um suicídio, ainda mais quando todos sabem da minha história e de toda tragédia que aconteceu, mas eu nunca tiraria a minha vida!
- Tudo bem doutor, deixa isso comigo eu me entendo com ela, você sabe ela deve estar cansada é só isso...- falou minha avó para o doutor tentando amenizar a situação. Nós finalmente fomos embora, tudo o que mais queria era voltar para casa e me sentir em paz  novamente, mas não foi bem assim, quando nos aproximamos para abrir a porta meu coração começou a bater mas forte e cada vez que eu olhava para a sacada do meu quarto me dava uma sensação horrível, só de lembrar que no momento eu poderia estar morta sem que ninguém soubesse o motivo, todos estariam achando que eu havia me matado, que eu não aguentei o fato de que a minha família estava morta e ninguém se quer imaginaria que na verdade quem fez isso comigo foram as mesmas pessoas que fizeram com a minha família! Mas os planos deram errado e eu não estou morta, a minha família pode ter sido um alvo fácil mas eu não!
Eu entrei em casa e depois de semanas longe, parecia que aquele lugar estava mais aconchegante que nunca, parecia o melhor lugar do mundo que eu poderia estar mesmo que antes eu achasse essa casa tão sem graça agora ela passou a ser o meu refúgio, então eu subi as escadas lentamente passando a mão pelo corrimão e quanto mais perto eu chegava do meu quarto mais eu lembrava que os assassinos já estiveram ali dentro, diante de mim prestes a cometer outro assassinato para a sua lista, e sabe lá quantas famílias essas pessoas já mataram, quantas histórias já se acabaram nas mãos cruéis deles, quantos sangue de inocentes eles já derramaram e provavelmente nenhum foi desvendado, todos saíram impune e é por isso que eu tenho que acabar com eles, isso não pode continuar assim, seja lá qual for o motivo dessas mortes isso tem que acabar! Eu respirei fundo e coloquei a mão na maçaneta do meu quarto para finalmente abrir a porta, isso parecia bobagem mas eu sentia um aperto enorme no meu coração, era como se eu tivesse falhado comigo mesma em deixar que isso acontecesse dentro do meu quarto, eu poderia ter impedido e pega-los, mas não foi isso que aconteceu e agora cá estou eu com os meus pulsos costurados diante da porta do meu quarto onde tudo aconteceu.
- Está tudo bem se você não quiser entrar hoje, se quiser pode dormir no meu quarto querida...- falou a minha avó ao me ver parada com a mão na maçaneta.
- Eu estou bem, não se preocupe eu só estava respirando um pouco! – respondi a agradecendo, eu não poderia demonstrar a ela que eu estava aflita em abrir a porta do meu próprio quarto, ela me acharia fraca e isso era tudo o que eu menos queria, pois eu não sou a mesma Cheryl Blossom de antes, depois que a minha família se foi eu mudei, não quero mais parecer uma patricinha que necessita de atenção!
- Tudo bem, qualquer coisa pode me chamar! – falou ela me dando um beijo na testa. E então depois de alguns segundos a mais ali parada eu finalmente abri a porta e entrei, tudo estava arrumado como eu imaginava e na escrivaninha havia uma caixinha com um bilhete, eu não criei muitas expectativas até por que poderia ser mais uma ameaça, mas dessa vez não era, na verdade era realmente um presente. Eu o abri e havia um celular novo dentro com um bilhete.
"Um presente para a minha amada, espero que goste! Assim que receber me liga! Com amor, Toni!"
Era impossível não se emocionar com aquele gesto, ela era um dos motivos mais importantes para que eu continuasse a lutar, para fazer que a justiça seja feita, ela conseguia arrancar um sorriso de mim mesmo nos piores momentos! Eu não conseguia esconder o quanto eu a amava, o quão bem ela me fazia mesmo sem estar no mesmo local, então eu troquei de roupa e mandei uma mensagem para que ela me esperasse em frente a casa dela e mesmo que ela ainda não havia respondido eu fui, saí nas pontas dos pés do meu quarto para que a minha avó não acordasse e desci as escadas lentamente.
- Cheryl? – falou minha avó colocando a mão em meu ombro antes que eu saísse.
- Vovó?! Eu só ia resolver algumas coisas...- respondi gaguejando tentando desconversar.
- Não precisa explicar, só ia dizer pra você tomar cuidado! – falou ela virando meus pulsos, na verdade ela tinha toda razão eu tinha acabado de sair do hospital, mas ela não sabia que eu ia ver a Toni e isso não era nada do que já não tínhamos feito até mesmo no hospital!

Amor sem limitesWhere stories live. Discover now