23 - Avec un amour si profond

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Alessa cai de joelhos assim que a porta se fecha. O pânico cego se instala e ela pode sentir seu coração batendo tão rápido que seu peito dói. A única coisa que consegue pensar é na agorafobia, que está sozinha em uma cidade desconhecida e sua assistente pessoal está em Ibiza.

Era estúpido permitir-se ser atraída para fora da segurança de sua casa por um homem que ela mal conhecia. Um homem que pensou estar apaixonada. Mas Alessa nunca teria imaginado que ele iria se voltar contra ela do jeito que fez. E ainda assim, ela o queria, queria consertar as coisas porque Tommy é importante para ela. Ele importava em um mundo onde poucos importavam. De alguma forma, aquele homem tinha encontrado um lugar em seu coração e alma em questão de dias e ela estaria mentindo se dissesse que não o amava. Só demorou para admitir a si mesma.

Sua respiração é superficial e ela sabe que está prestes a desmaiar. Acontece com a severa ansiedade e verdade seja dita, é a melhor coisa para ela nesse momento. Somente nessa escuridão o corpo dela pode descansar completamente. Ela apenas prefere recebê-lo como uma pausa de sua aflição. Talvez uma vez que esteja acordada novamente, Alessa possa tentar voltar para casa.

Lágrimas escorrem por seu rosto sem qualquer som. Ela está muito cansada para chorar em voz alta, mas seu coração parece ter passado por um triturador. Talvez eu consiga consertar as coisas com ele, Alessa pensa enquanto entra no escuro abismo da inconsciência.

Quando Tommy entra na cobertura e está prestes a chamar o nome dela, a vê caída no chão. Ele a pega em pânico e vê seu rosto manchado de lágrimas. Ele pressiona a boca em seu ouvido e fica aliviado ao ouvir a respiração normal. Ela chorou até dormir, Tommy pensa, e é inteiramente culpa dele. Levando-a para o quarto, ele a despe até que ela fique apenas com sua roupa de baixo. Tommy respira fundo quando vê a lingerie que ele escolheu. Alessa é ainda mais bonita do que ele imaginou. O tecido preto contra a sua pele cremosa e pálida parece uma pintura em vez de realidade. Ele a deita na cama e a cobre antes de se despir, ficando apenas de cueca, rastejando para deitar ao lado dela.

De manhã, ele vai fazer as coisas direito. De manhã, Tommy vai dizer a essa mulher como ele realmente se sente, seja o que Deus quiser. Talvez eles não tenham muito tempo juntos, mas ele está determinado a não perder um minuto mais.

Quando Alessa abre os olhos à luz do dia, a primeira coisa que vê são os olhos de Tommy. Eles são da mesma cor familiar, mas a expressão é nova. Acabou a dureza cínica que esteve presente. Em vez disso, agora ela vê uma suavidade desprotegida e quando ele olha para ela, reconhecendo que está acordada, o sorriso em seus lábios atinge aqueles olhos. Ela estuda as rugas que se formam nos cantos enquanto ele sorri suavemente e ela não consegue deixar de sorrir, mesmo quando as lembranças da noite anterior voltam. Ela quer ficar com raiva, mas não consegue.

- Você voltou. - Ela sussurra e fecha os olhos novamente quando a mão dele toca suavemente o lado de seu rosto.

- Sinto muito, por tudo. - Diz ele, sua voz rouca de emoção.

- Eu também sinto muito. Eu nunca deveria ter feito esse comentário sobre dinheiro. - Alessa sussurra e coloca a mão sobre a dele, pressionando a palma da mão em sua bochecha enquanto as lágrimas traçam um caminho torto pelo rosto e através da ponta do nariz.

- Eu só estou com medo. - Os dois dizem no exato momento e, em seguida, os minutos que se seguem estão cheios de silêncio.

- Quando eu estava no Iraque... - Tommy diz suavemente. - Perdi meu melhor amigo, Manny. Ele morreu em meus braços. Fomos atingidos por uma bomba. - Ele respira fundo e engole em seco, sem acreditar que está falando sobre isso. - Não era apenas o Manny, todo o meu pelotão foi exterminado. Eu era o único que não foi morto instantaneamente ou não morreu logo depois. Um milímetro para a esquerda ou para a direita e eu seria um homem morto, mas por alguma razão, fui poupado. Eu abandonei o Corpo. Fui AWOL* e encontrei o caminho de volta ao país. Talvez eu não tenha morrido ao lado dos meus homens naquele dia fisicamente, mas por um longo tempo eu estava morto por dentro. Por que eu? Manny tinha uma esposa e filhos esperando por ele em casa. Eu não tinha ninguém e, ainda assim, por alguma razão fodida, não consegui descobrir, Deus ou qualquer poder que decida essas coisas, poupou minha vida.

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