Eu apenas neguei com a cabeça rapidamente.

- Vou colocar tudo em um envelope, caso queira saber depois. – Eu concordei com a cabeça e ela continuou a me examinar e ao bebê. Algumas vezes quando ela não olhava, eu me beliscava para saber se não estava sonhando e pedia para Deus para que fosse um sonho muito real.

Quando finalizou, ela tirou as luvas e ajeitou a minha roupa novamente e pediu para que me sentasse com ela em sua mesa.

- Bom, Alexia, eu creio que você esteja de aproximadamente 17 semanas, apesar de aparentar não ter acontecido nada com o seu bebê, não temos certeza se ele não irá ter sequelas por conta do seu acidente, dos remédios que você tomou todo esse tempo e pela a sua perda de sangue do dia anterior, mas posso dizer que o seu anjo da guarda tem trabalhado muito para manter essa criança.

Dei um sorriso sem graça e a observei escrever sem parar várias receitas.

- Os batimentos dele estão muito baixas, temo que o seu coração possa estar com algum problema, mas não podemos saber com clareza até o seu nascimento. – Eu acabei me engasgando, eu estava bem até essa manhã e agora uma criança ia nascer de mim, eu estava me segurando para não surtar. – Temo que a sua gravidez até o final será de tremo risco, pode acontecer até de nascer prematuro, mas com as orientações certas, tudo vai dar certo.

Ela continuava falando e a minha mente foi se distanciando mais e mais, eu a ouvia falando, mas estava longe, eu a vi, mas estava borrada. Tive que balançar a minha cabeça para voltar ao foco.

- Vou deixar tudo especificado. – Ela saiu por um tempo me deixando sozinha, eu olhei a porta e me perguntei se devia sair correndo, eu deveria, aquilo era loucura demais.

Levantei-me e abri a porta, vi Taekwoon encostado na parede com os braços cruzados e com um olhar distante, perguntei-me o que ele estava pensando naquele momento. Coisa boa com certeza não era. Ao olhar para o lado vi a doutora voltando, meu plano de cair fora dali foi cancelando e voltei para dentro.

- Aqui está. Está tudo aqui. Qualquer duvida você falar comigo no meu numero comercial, espero te ver em breve para ver como está. – disse me entregando um envelope.

- Obrigada. – Foi o que consegui dizer, só queria sair logo dali.

Tive sorte que não quiseram me manter ali, fomos direto para casa. Não trocamos nenhuma palavra mais uma vez.

Já no apartamento, eu deixei o envelope em cima da mesa e me sentei no sofá pensativa.

- Está tudo bem? Precisa de alguma coisa? – Taekwoon perguntou encarando o envelope.

- Não, estou bem. – Menti.

- Então se não importa vou sair, vou tentar ser rápido.

Apenas concordei e o vi saindo batendo a porta atrás de si com força.

Com passos lentos, fui para o meu quarto e absorvi cada detalhe do lugar, olhando a minha foto com Taekwoon percebi que não estava sendo fácil para mim, deveria ser mais ainda para ele. A garota que ele amava estava gravida de outro. Aquilo era mais trágico do que eu imaginava.

Um homem em sã consciência jamais aceitaria, ainda mais em tal cultura. No Brasil até é possível, em poucos casos, mas não ali. Lembrei-me do amigo de Taekwoon que teve que se casar porque engravidou a sua ex, creio que naquela altura eu não poderia me casar com o meu, principalmente agora que eu amava outro.

Pensei muito e aquilo estava me enlouquecendo, o frio na barriga se misturava com o aperto no coração me deixando pior, querendo desaparecer. Eu devia fazer alguma coisa, alguma coisa antes que me ferisse mais ainda.

Sabia que não seria fácil, mas com o notebook no colo, pesquisei muito, em todos os sites disponíveis, quando encontrei custava o triplo do que realmente custava, mas era o melhor que eu poderia fazer, para mim, para Taekwoon e para essa criança.

Com a passagem comprada, peguei uma mala e coloquei apenas o que eu realmente precisaria, o restante pediria para a minha irmã buscar depois. Não contaria nada para ela, só quando eu chegasse lá. Percebi que Taekwoon demorava, então aproveitei a deixa. Escrevi uma carta breve e a aliança da noite anterior deixei em cima da mesa junto com as palavras mais doloridas que já saiu de mim.

Estava fazendo uma loucura? Estava, mas era o melhor naquele momento. Não queria prejudicar ninguém, nem manchar a imagem de ninguém, além do mais que ele jamais me aceitaria daquele jeito.

Com tudo em mãos, olhei o apartamento uma última vez e lágrimas geladas desceram pelo o meu rosto quente. Sentiria muita falta daquele lugar e do homem que ali habitava.

Um táxi já me esperava na portaria, coloquei a minha mala para dentro e seguimos em uma viagem até o aeroporto. Acabei chorando algumas vezes no percurso, o arrependimento batia forte, mas senti firme que aquela era a minha responsável. Minha cagada.

Repousei a minha mão na minha barriga e me perguntei se ele estava sentindo o mesmo que eu.

- É o melhor. – Tentei convencer a minha própria pessoa. 

Whisper ✩ VIXXWhere stories live. Discover now