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🌊PERCY🌊

A luz prateada da lua acariciava minha pele e se refletia nas águas a minha volta. Grover sempre me dissera que eu era louco por ir para o mar a uma hora dessas, mas sentir a brisa marítima noturna afagar meus cabelos e a água morna envolver minha pele, me acalmava. Era maravilhoso contemplar as estrelas envolto ao que mais me trazia paz. Era meu refúgio nas noites em que eu não conseguia dormir, como aquela. Em meio a tudo aquilo, notei uma silhueta andando na praia, voltei para a margem e encontrei Thalia sobre a areia.

— Também não conseguiu dormir? — Indaguei me sentando ao lado da morena, que assentiu levemente com a cabeça — Quer conversar? — Eu sabia que algo estava errado com Thalia, dava para ver que desde que ela voltou, lutava uma batalha interna que a corroía.

— Nova Iorque é grande, certo? — Ela me perguntou.

— Consideravelmente.

— E você acha que ele ainda está morando aqui?

Ela me encarou, parecendo querer realmente uma resposta para acalmá-la. Eu pensei um pouco antes de responder, mesmo que a resposta fosse fácil, eu sabia que eu não podia simplesmente jogá-la no colo de Grace .

— Eu não faço ideia, Lia, não sei nada sobre ele para poder responder algo.

— Não acho que estou pronta para vê-lo de novo. Sei que já tem tempo, mas não consigo lidar com todos esses sentimentos ainda, com tudo o que aconteceu... Eu achei que havia superado, Percy, mas só a ideia de encontrá-lo na rua me deixa receosa...

— Shh — a abracei, acalmando-a. — Está tudo bem, não acho que vocês não vão se encontrar assim em Nova Iorque, e se vocês se encontrarem, pode fingir que não o viu, ignora-lo, ou você pode socar a cara dele, você só não pode tentar guardar tudo isso dentro de uma caixinha e tentar esquecer isso tudo, você tem que enfrenta-los, doa o que doer, porque depois da dor, você vai se sentir tão mais tranquila, tão mais leve... — ela assentiu, suspirando fundo.

— Obrigada, Percy, devo ter passado bastante tempo longe para eu estar recebendo conselhos de você e não da Annie, e conselhos bons, ainda por cima — ela ressaltou e então rimos.

— Quer entrar? — Pergunteu, me levantando e ela confirmou com a cabeça e então fomos para a casa.

Thalia não dormiu de imediato, nós fizemos algo para comermos e então fomos assistir um filme policial, quase no final da trama ela havia caído no sono. Desliguei a TV, levei as coisas para a cozinha e a cobri antes de eu ir para o meu quarto, onde finalmente conseguir descansar um pouco, já que não demorou muito para meu despertador tocar, anunciando que já era hora de eu ir para a faculdade. Suspirei cansado devido a noite mal dormida e então me levantei. Após jogar uma água no rosto e me trocar, fui para a cozinha, encontrando Thalia fazendo o café da manhã.

— Adivinha quem vai finalmente ter uma entrevista com o reitor da faculdade — ela anunciou animada e eu sorri. — Quando eu disse para o meu pai que iria fazer faculdade ele ficou tão feliz que disse que pagaria qualquer faculdade para mim, então não estou lutando por bolsa, apenas por vaga.

Ela então me contou como conseguira a entrevista e como decidira qual universidade tentar primeiro. Grace também comentou que não estava muito preocupada sobre não ser aceita de primeira, que acreditava que suas chances não eram muito altas já que estava começando um curso na idade em que as pessoa geralmente estariam se formando, mas procurava não deixar essa ideia ficar na cabeça porque não importava com quando ela começava e sim com o fato de que ela queria aquilo é acreditava que a faria feliz.

Quando deu a hora, cada um foi para o seu compromisso, deixando Grover dormindo em seu quarto.

Depois da faculdade, como de costume eu fora para a Milk Shakespeare e como em todos os dias, Annabeth apareceu por lá. Ela me cumprimentou quando passou pela porta e me viu atrás do balcão e então seguiu para a sua mesa. Ao vê-la, me lembrei da conversa que tivera com Thalia durante a madrugada e do que a loira havia me perguntado sobre os sentimentos de Grace para com Luke. Suspirei, pensando se deveria comentar algo. Não a atendi, mas quando um dos atendentes ia levando seu pedido, eu me ofereci para fazê-lo, a fim de conversar com ela sobre a relação dos dois.

— Lembra que você havia me perguntado sobre o que Thalia sentia pelo Luke atualmente? — Perguntei e ela assentiu — Bem, eu queria saber se ele ainda mora na cidade...

— Ainda mora sim, na verdade dividimos o apartamento com mais uma amiga, por quê? — Eu assenti com aquela nova informação.

— Bom... Thalia talvez esteja um pouco preocupada sobre esbarrar com ele por aí, ainda não sabe como iria lidar com os sentimentos que ela achou já ter superado — Annabeth maneou a cabeça, entendendo toda a situação.

— Então, Luke não faz muito além de dar aulas de esgrima no Bronx, algumas vezes sai com uns amigos, mas são raras, não acho que as chances sejam muito grandes.

— Ótimo... — disse me virando e então me lembrei de mais uma coisa. — Sei que provavelmente não é da minha conta...

— Eu vou falar com ela, eu só quero dar um tempo antes de dizer que ele está morando comigo — ela disse e eu assenti, voltando ao trabalho.

Não falei nada para Thalia sobre as chances de ver Luke ou eu ter perguntado a Annabeth sobre ele, não via porque incomoda-la com isso. Fora que eu entraria em um campo que não era eu quem tinha que contar, então o melhor era que eu guardasse aquilo para mim.

Milk ShakespeareDonde viven las historias. Descúbrelo ahora