Dando ao amor uma nova chance

Capítulo 7 - Ryan

COISAS QUE ESQUECEMOS

Walk on by, walk on through.
Walk till you run and don't look back
For here I am.
The Unforgettable Fire – U2

Ande em frente, continue andando
Ande até correr, e não olhe para trás
Pois é aqui que eu estou

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Uma mulher sorridente olha para mim, ela tem cabelos soltos em cachos leves, com tons em castanho com cores diferentes entre. Não consigo diferenciar as cores exatas pois ela está correndo em minha direção e o sol atrapalha um pouco a minha visão. Forço um pouco meus olhos para tentar enxergar seu rosto, mas não consigo.

- Ryan! – Ela grita em êxtase.

O jeito que ela falava o meu nome, me aquecia o coração. Era como se eu estivesse completo. Como se tudo na minha vida fizesse sentido novamente. Na verdade, acho que minha vida nunca havia feito tanto sentido assim. Coloco a mão no meu rosto, confuso e tentando entender o que estava acontecendo ali. Quem era aquela garota? E como ela pode despertar tantos sentimentos em mim?

Sinto algo gelado em minha mão esquerda e olho, um anel está ali. Um anel dourado e todo trabalhado com símbolos que reconheço. O mesmo que está na coleira da Happie.

E, assim que a garota se aproxima ao ponto de eu conseguir sentir seu cheiro floral adocicado, mas não o seu rosto, pois agora ela para em minha frente e olha para baixo. Apressadamente, ergo minha mão para levantar seu rosto. Mas, neste mesmo momento, sinto algo mordendo minha orelha. Por um segundo, uma luz me cega me obrigando a fechar os olhos. E logo em seguida, assim que reabro os olhos já estou deitado na minha cama, com Happie puxando, fortemente, a minha orelha. Solto um palavrão, assustando a pequena felina, que para de me morder e fica me encarando, com um leve olhar de julgamento. Desde que essa peste chegou, era esse o jeitinho meigo de me pedir comida, as seis horas da manhã. Pontualmente.

Acho que nunca tinha ficado bravo com ela, mas hoje eu só queria voltar a dormir para poder continuar sonhando com essa mulher. Seu sorriso era a coisa mais linda e sei que ela era a pessoa que fazia meu coração bater forte só de escutar a sua voz ou sentir o seu cheiro.

Me concentro para voltar a dormir, mas o celular toca.

– Será que não vou ter paz nessa casa??? – grito antes de pegar o celular que continua tocando.

– Alô. – Atendo falando grosseiramente e sem saber quem é.

– Ryan, cara... – reconheço a voz assustada de Brian, marido da minha prima – desculpa ligar tão cedo. Mas a Sophie entrou em trabalho de part...

– QUE? – Falo assustado, tanto quanto Brian.

– Não sei se é mesmo, é a terceira vez essa semana. – Ele força uma risada e ao fundo escuto Sophie gritando. – Eu vou ter que ir para o hospital com ela. Mas surgiu um trabalho lá no Aeroporto. Pode me ajudar?

Brian não tinha um trabalho fixo, mas tinha vários bicos pela cidade. Um deles era no aeroporto. Ele tinha uma picape grande, assim como eu tinha, e pegava algumas malas extraviadas e entregava para seus respectivos donos. O aeroporto se livrava de um problema de forma eficiente, os passageiros ficavam felizes e ele ganhava uma grana boa com isso.

– Tudo bem, estou indo lá. – Levanto da cama e começo a me arrumar rapidamente.

– Valeu, cara! Me salvou de uma. – Ele fala algo para Sophie e escuto barulho de portas de carro ao fundo. – Depois quando tudo isso passar... Ai.. Desculpa meu amor.